A nona geração de videogames, estabelecida pelo PlayStation 5 e Xbox Series, demorou para receber um shooter em primeira pessoa que se destacasse pela qualidade, não apenas pelo nome. Battlefield 6 chega, não aos 45 do segundo tempo, mas na reta final da geração, para preencher esse vazio e devolver aos fãs da franquia o que parecia perdido: o prazer genuíno de estar em um campo de guerra.
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Mais do que um simples retorno, Battlefield 6 marca uma nova fase para a EA. É uma tentativa consciente de reviver o que funcionou nos tempos de ouro da franquia, especialmente Battlefield 3 e 4, que conquistaram uma legião de fãs e definiram o padrão do gênero.
O peso da história
Battlefield 6 marca o retorno da DICE às origens, equilibrando nostalgia e inovação
Desde Battlefield 1942, lançado em 2002, a série sempre apostou em batalhas em larga escala com um diferencial que a tornou icônica: a presença de veículos. Tanques, helicópteros, jatos e blindados sempre estiveram disponíveis para transformar o ritmo de cada partida.
O auge veio com Battlefield 3 e 4, entre 2011 e 2013, nos últimos respiros das lan houses. Foi nessa época que o jogo virou febre mundial, e especialmente no Brasil, impulsionado por criadores de conteúdo que estavam surgindo na época. Se nomes como Zigueira, Retalha e Meligeni são conhecidos hoje, é em boa parte porque nasceram gravando Battlefield nos primórdios do YouTube gamer.
Depois de uma sequência de tropeços, Battlefield 6 tenta reconectar o passado com o presente. E, pela primeira vez em anos, consegue.
Jogabilidade
Cenários realistas, destruição imersiva e um clima de guerra moderna sem excessos se destacam em Battlefield 6.
A DICE parece finalmente ter entendido o que fez tanta gente se apaixonar pela franquia. Battlefield 6 me devolveu a sensação de estar em um verdadeiro campo de guerra, onde cada tiro, veículo e explosão têm peso e consequência.
Os tanques voltam a ser pesados e impactantes. Os helicópteros, mais estáveis. A infantaria, mais tática. O recuo das armas exige precisão e leitura do terreno, e o retorno das classes reforça a importância do trabalho em equipe, algo que sempre foi a alma do jogo.
Os mapas são enormes, detalhados e cheios de possibilidades, com destruição dinâmica que transforma a partida em tempo real. Ver um prédio desabar ou abrir uma nova rota no meio do fogo cruzado é aquele tipo de momento que faz o jogador pensar: “é por isso que eu jogo Battlefield.”
Nem tudo é perfeito. O modo Rush perdeu intensidade, e o balanceamento entre classes ainda precisa de ajustes. Mas, no geral, Battlefield 6 entrega a experiência que os fãs esperavam há anos: uma guerra grandiosa, barulhenta e divertida de jogar.
Visual e atmosfera
Combates estratégicos, destruição realista e tanques poderosos revivem o espírito Battlefield.
O jogo acerta em cheio na estética, com cenários realistas, destruição por todos os lados e um clima de guerra moderna sem exageros. Um dos momentos em que mais me senti realmente em um campo de batalha foi quando estava escondido, esperando o momento certo para atacar, e tudo ao meu redor foi destruído, restando apenas a superfície onde eu estava.
A trilha sonora é eficiente, mas não chega a ser tão memorável quanto nos títulos clássicos. No Battlefield 4, por exemplo, a música tema é cantarolada por fãs até os dias de hoje. Essa alegação pode ser um saudosismo, mas foi algo que me impactou em relação à trilha sonora.
Nos testes no PlayStation 5, o desempenho foi sólido, ainda que com alguns bugs menores. O ponto fraco é a presença de bots em quase todas as partidas, o que tira parte da imersão, especialmente quando o servidor não está cheio.
O que achamos
Cada tiro e explosão em Battlefield 6 tem peso e o caos organizado voltou com força.
Comentamos no Glitch Clube que o destaque foi o cuidado com o multiplayer. O modo Conquista continua sendo o coração da experiência, agora ainda mais dinâmico e destrutível. Tudo flui com naturalidade, e o caos organizado da série está de volta.
Outra surpresa positiva foi o modo Battle Royale, chamado REDSEC. São 100 jogadores em um mapa dividido por bandeiras e zonas de controle. O ritmo é intenso, e a DICE conseguiu manter a essência do Battlefield dentro do formato. Ainda assim, a semelhança com Call of Duty: Warzone é inevitável e tira parte da originalidade. O diferencial do modo é a ‘cortina de fogo’, que vai fechando e impedindo que o player fique de fora da área.
A campanha é o elo mais fraco da experiência. Curta, com cerca de 10 horas, e uma narrativa pouco explorada, ela cumpre o papel, mas não emociona. Apesar de que agora tenha, ao contrário dos últimos títulos que não tinham, ainda fiquei com aquele gostinho de ‘quero mais’.
Pontos Positivos
- - Retorno à essência dos clássicos BF 3 e 4
- - Combates intensos e estratégicos com foco em equipe
- - Mapas destrutíveis e visual impressionante
- - Jogabilidade equilibrada entre infantaria e veículos
- - Modo REDSEC divertido e caótico
- - Engine de nova geração bem aproveitada
Pontos Negativos
- - Campanha curta e narrativa rasa
- - Falta de inovação em alguns modos
- - REDSEC lembra demais Warzone
- - Servidores com bots reduzem a imersão
Conclusão
Após tropeços, Battlefield 6 reconecta passado e presente com a intensidade que os fãs pediam.
Battlefield 6 é, acima de tudo, um recomeço aos fãs da franquia. Depois de anos tentando se reencontrar, a DICE parece ter finalmente entendido o que faz Battlefield ser Battlefield. A sensação de guerra total, o trabalho em equipe e o caos calculado estão de volta, e em grande estilo.
É um jogo que aposta na nostalgia sem perder o pé no presente, equilibrando o que os veteranos amavam e o que os novos jogadores podem esperar de um FPS moderno. Ainda tropeça em pontos como a campanha rasa e a falta de ousadia, mas entrega o essencial: diversão, intensidade e autenticidade.
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Recomendado para quem viveu a era de ouro de Battlefield 3 e 4 e para quem quer entender por que esses jogos marcaram uma geração.
NOTA FINAL
"Battlefield 6 não reinventa o gênero, mas reacende a chama que manteve a franquia viva por mais de duas décadas."
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