Como agem os ladrões de carro por encomenda em Belo Horizonte; entenda
A prisão no Anchieta revela um esquema especializado em furtos; saiba quais são os bairros mais visados e os métodos usados pelos criminosos na capital

A recente prisão de um homem no bairro Anchieta, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, acendeu um alerta sobre a atuação de quadrilhas especializadas em furtos de veículos por encomenda. O suspeito não era um ladrão comum; com ele, foram encontrados perucas, bonés e outros disfarces, revelando um esquema organizado que escolhe alvos específicos e age com planejamento para não deixar rastros.
Este tipo de crime, que foca em modelos, cores e anos pré-definidos, abastece um mercado ilegal de peças e clonagem de automóveis. A ação dos criminosos é rápida e silenciosa, muitas vezes ocorrendo em plena luz do dia e em locais movimentados. A investigação mostra que os bandidos monitoram a rotina dos bairros e usam tecnologia para neutralizar sistemas de segurança, tornando a prevenção um desafio constante para os motoristas da capital.
Como funciona o furto por encomenda?
O esquema de furto por encomenda opera como uma empresa do crime. Lojistas de autopeças ilegais ou especialistas em clonagem de veículos fazem um “pedido” detalhado a um grupo de ladrões. A solicitação inclui o modelo, o ano e, em muitos casos, até a cor do carro desejado.
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Com a encomenda em mãos, os ladrões saem em busca do alvo. Eles circulam por áreas onde há maior probabilidade de encontrar o veículo solicitado. Uma vez localizado, o carro passa a ser monitorado. Os criminosos estudam a rotina do proprietário, os horários de maior vulnerabilidade e a presença de câmeras de segurança na rua.
A execução é ágil. Usando ferramentas que vão de chaves mestras a dispositivos eletrônicos que bloqueiam o sinal do alarme, eles conseguem abrir e ligar o carro em poucos minutos. O veículo é levado imediatamente para um esconderijo, onde é preparado para seu destino final: ser desmontado ou ter seus sinais de identificação adulterados.
Quais são os bairros mais visados na capital?
Embora nenhum bairro esteja imune, as quadrilhas concentram suas ações em áreas com grande fluxo de veículos e oportunidades. A região Centro-Sul de Belo Horizonte é a mais visada devido à alta concentração de carros estacionados nas ruas, especialmente em bairros com forte presença de comércios, bares e prédios residenciais sem garagem suficiente.
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Os bairros que historicamente registram mais ocorrências desse tipo são:
- Savassi: A intensa vida noturna e o comércio movimentado durante o dia fazem da região um alvo constante.
- Lourdes: Conhecido por seus restaurantes e prédios de alto padrão, o bairro atrai a atenção dos criminosos pelos modelos de veículos que circulam na área.
- Sion: Assim como Lourdes, a combinação de áreas residenciais e comerciais torna o bairro um ponto estratégico para os ladrões.
- Anchieta e Cruzeiro: A proximidade com grandes avenidas facilita a fuga, e a rotina dos moradores é frequentemente monitorada pelos bandidos.
Outras regiões, como o Buritis e bairros da Pampulha, também aparecem nas estatísticas devido ao grande número de veículos e à configuração das ruas, que por vezes oferecem rotas de fuga eficientes.
Métodos e tecnologias usados pelos criminosos
A sofisticação dos métodos utilizados pelos ladrões acompanha a evolução da tecnologia automotiva. Para veículos mais modernos, equipados com chaves de presença e alarmes avançados, as quadrilhas utilizam um aparelho popularmente conhecido como “chapolin” ou “jammer”.
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Este dispositivo emite um sinal que interfere na frequência do controle remoto do carro. Quando o motorista aperta o botão para travar as portas, o “chapolin” bloqueia a comunicação, e o veículo permanece aberto. O proprietário se afasta acreditando que o carro está seguro, deixando o caminho livre para o ladrão, que só precisa entrar e usar outro aparelho para dar a partida.
Para carros mais antigos, os métodos são mais tradicionais, mas igualmente eficazes. O uso da “chave micha” continua sendo comum, permitindo que a porta seja aberta sem danos aparentes. Uma vez dentro do veículo, eles fazem a ligação direta dos fios para ligar o motor.
O uso de disfarces, como o caso do suspeito preso no Anchieta, é uma tática para burlar o reconhecimento por câmeras de segurança. Ao mudar a aparência com perucas, óculos e bonés, eles dificultam o trabalho de identificação da polícia, o que lhes permite agir repetidamente na mesma região sem serem facilmente reconhecidos.
Como proteger seu veículo
A prevenção continua sendo a ferramenta mais eficaz contra esse tipo de crime. Adotar hábitos de segurança e investir em equipamentos adicionais pode fazer a diferença e inibir a ação dos ladrões.
Confira algumas dicas importantes:
- Confirme o travamento: Sempre que acionar o alarme, verifique manualmente se as portas foram de fato travadas. Esse gesto simples frustra a ação do “chapolin”.
- Use travas adicionais: Travas de volante ou de pedal de freio são obstáculos físicos que demandam tempo e esforço para serem removidos, o que pode fazer o criminoso desistir.
- Escolha bem onde estacionar: Prefira locais iluminados e movimentados. Se possível, utilize estacionamentos pagos e de confiança.
- Instale um rastreador: Dispositivos de rastreamento via satélite aumentam significativamente a chance de recuperação do veículo após o furto.
- Não deixe objetos à vista: Bolsas, mochilas e aparelhos eletrônicos visíveis podem atrair a atenção não apenas para o furto dos itens, mas também do próprio carro.
O que são os furtos de carro por encomenda?
São crimes em que ladrões são contratados para roubar um modelo específico de veículo.
A “encomenda” é feita por receptadores para abastecer o mercado ilegal de peças ou para clonagem.
Como os criminosos agem em Belo Horizonte?
Eles monitoram bairros com grande fluxo de veículos, como os da região Centro-Sul.
Usam disfarces para não serem identificados por câmeras e agem de forma rápida e silenciosa.
Quais bairros são os mais afetados?
A região Centro-Sul é a mais visada, com destaque para Savassi, Lourdes, Sion e Anchieta.
A escolha se deve à concentração de carros de valor e à presença de rotas de fuga.
Que tecnologias os ladrões utilizam?
Eles usam um dispositivo conhecido como “chapolin” para bloquear o sinal do alarme.
Isso impede que o carro seja trancado, facilitando o acesso do criminoso ao interior do veículo.
Para onde vão os veículos furtados?
Os carros são levados para desmanches ilegais, onde são desmontados para a venda de peças.
Outro destino comum é a clonagem, onde o veículo recebe placas e documentos de outro carro legalizado.
Como posso aumentar a segurança do meu carro?
Sempre verifique se as portas foram travadas após acionar o alarme.
Considere instalar dispositivos extras, como travas de volante e rastreadores.