Andores de até 5 toneladas carregados por centenas de costaleros, impressionam pela beleza e magnitude
- (crédito: Visit Costa do Sol/Divulgação)
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A semana santa em Málaga, na Espanha, é uma das celebrações religiosas mais impressionantes e fervorosas do país, marcada por uma profunda devoção católica e uma rica tradição cultural que remonta a séculos. Realizada na semana que antecede a Páscoa, entre o Domingo de Ramos e o Domingo de Ressurreição ( 13 a 20 de abril).
A celebração santa transforma a cidade em um cenário de procissões solenes, cheias de simbolismo, música e emoção. A Andaluzia, região onde Málaga está localizada, é conhecida por suas celebrações intensas, e Málaga se destaca pela grandiosidade de seus andores, conhecidos como tronos, que são verdadeiras obras de arte carregadas por centenas de fiéis.
A semana santa de Málaga é uma experiência única, onde fé, arte e tradição se encontram em procissões de tirar o fôlego. Os tronos gigantes, carregados com esforço e devoção, são o coração dessa manifestação, surpreendendo pela escala e pela emoção que despertam. Seja pelo impacto visual dos andores, pelo som dos tambores ou pela atmosfera de união, a Semana Santa malaguenha é um testemunho da riqueza cultural da Andaluzia, capaz de cativar crentes e não crentes
Significado
A semana santa comemora a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, sendo um momento central para o catolicismo. Em Málaga, as procissões são organizadas por cofradías (confrarias) ou hermandades (irmandades), grupos religiosos que reúnem membros de diferentes comunidades e profissões.
Cada confraria é responsável por levar às ruas tronos ricamente decorados, que retratam cenas da Paixão de Cristo ou imagens da Virgem Maria em sua dor. Essas procissões, acompanhadas por bandas de tambores e trompetes que executam músicas fúnebres, criam uma atmosfera de respeito, meditação e fervor.
A tradição, que tem raízes no século 16, é mais do que um evento religioso: é uma manifestação cultural que atrai milhares de turistas e envolve a cidade inteira. As ruas de Málaga ficam impregnadas com o aroma de incenso e flores, enquanto os nazarenos — membros das confrarias vestidos com túnicas e capirotes (capuzes cônicos que cobrem o rosto) — desfilam em silêncio, carregando velas ou estandartes.
O elemento mais marcante da Semana Santa de Málaga são os tronos, andores gigantes que impressionam pelo tamanho, peso e detalhamento artístico. Esses tronos são plataformas de madeira ou metal, adornadas com ouro, prata, flores, velas e tapeçarias, que sustentam esculturas realistas de Jesus, da Virgem Maria ou cenas bíblicas.
Alguns chegam a pesar mais de 5 toneladas e têm dimensões colossais, como o trono da Virgen de la Esperanza, considerado o maior da Espanha, com quase 6 metros de altura, varas de sustentação de 14 metros e um manto da Virgem que se estende por 7 metros. Carregar esses tronos é uma tarefa hercúlea realizada pelos costaleros (ou hombres de trono), homens que, em grupos de até 250, sustentam o peso sobre os ombros, apoiados em longas vigas de madeira.
A coordenação é impecável, guiada por um capataz que dá comandos com voz ou batidas de um martelo. O movimento dos tronos pelas ruas estreitas de Málaga, muitas vezes balançando ao ritmo da música ou “dançando” em momentos de homenagem, é um espetáculo emocionante. Em alguns casos, como na sede de certas confrarias, os costaleros saem de joelhos devido à altura dos tronos, o que aumenta o impacto visual e emocional.
Um exemplo icônico é o trono da Confraria del Rescate, que carrega uma representação da Santa Ceia com imagens em tamanho natural dos 12 apóstolos, Jesus, uma grande mesa e decorações douradas. Este trono, conduzido por cerca de 200 homens, é frequentemente citado como o maior do mundo, com peso estimado em 3,5 a 5 toneladas. Outra procissão memorável é a do Cristo de Mena, organizada pela Legião Espanhola, que combina a solenidade militar com a devoção religiosa, atraindo multidões.
Além da grandiosidade dos tronos, Málaga tem tradições únicas. Um momento marcante é o ato de libertação de um preso pela Confraria de Jesús El Rico, uma honraria concedida desde o século XVIII, realizada toda Quarta-feira Santa. A procissão da Virgen del Rocío também é um ponto alto, com sua energia vibrante e devoção popular.
A semana santa de Málaga não é apenas um evento religioso, mas um fenômeno cultural que reflete a identidade andaluza. As procissões, que podem durar até 15 horas e percorrer mais de 10 quilômetros, são acompanhadas por moradores e turistas que lotam as ruas, muitas vezes reservando lugares com antecedência. Em 2025, a celebração ganha destaque internacional com a procissão da Virgen de la Esperanza em Roma, para o Jubileu das Irmandades, mostrando a relevância global da tradição malaguenha.
E fechando as praças de Pontevedra, a Plaza de la Verdura era o local do antigo mercado de hortaliças, frutas e castanhas. Daí seu nome. O mercado funcionava todas as manhãs, exceto aos domingos e feriados.
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E, ainda em Pontevedra, na Galicia, a Plaza da Leña tem um ar pitoresco. Na Idade Média, ali eram vendidas lenha e pinhas para abastecer os fornos de cozinha, lareiras e antigos sistemas de aquecimento das casas da cidade. Os tropeiros locais reuniam-se ali com carroças cheias de lenha.
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Também em Pontevedra, na Galicia, a Praça da Ferraria recebeu esse nome por causa das forjas que ali existiam na Idade Média. Na época, Reis Católicos baixaram decretos para armar os cavaleiros espanhóis com armas de Pontevedra e Oviedo. A praç ocupa 2 mil m² no interior de grandes muralhas da cidade.
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Na cidade de Pontevedra, na Galicia, a Praça Curros Enríquez chama atenção por sua origem medieval. Os primeiros relatos datam do século 14 e seus edifícios são em estilo de arquitetura vernacular. O caminho português de Santiago passa pela praça, da rua Soportales à rua Real.
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Em Granada, comunidade autônoma da Andaluzia, fica a cidade de Guadix, um dos locais mais antigos de ocupação na Península Ibérica. E ali destaca-se a Praça da Constituição, com edifícios históricos, local de encontro dos moradores e de visitação turística.
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Na cidade de Badajoz, a maior da região da Estremadura, fica a Praça Alta, cuja arquitetura e estilo de decoração preservam caracterÃsticas de sua origem . A cidadela foi construÃda durante o domÃnio muçulmano há mais de mil anos.
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Em Valencia, a Plaza_del_Ayuntamiento (Praça da Câmara Municipal) tem edifícios em estilo eclético erguidos na primeira metade do século 20, inclusive a Câmara Legislativa da cidade. E ali destacam-se ainda uma fonte circular e esculturas.
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Também na comunidade de Castela e Leão fica Segóvia. A cidade tem o título de Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco em 1985. É conhecida internacionalmente pelo aqueduto romano. E a sua Plaza Mayor concentra importantes construções, como o Teatro Juan Bravo, a Igreja de São Miguel e a catedral metropolitana.
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Salamanca também tem a sua Plaza Mayor. O município faz parte da província homônima, na comunidade autónoma de Castela e Leão, uma área habitada desde o primeiro milênio antes de Cristo. Em estilo barroco, a praça fica no coração da cidade e é o ponto de encontro de todos.
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Outro nome comum para praças na Espanha é "Mayor" (maior, em português). Rodeada para sobrados de três andares, a Plaza Mayor, em Madri, é retangular, com 129m de comprimento por 94m de largura, e tem 237 varandas. Sua origem remonta ao século 15. E o Arco de Cuchilleros é o pórtico mais conhecido da praça.
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Barcelona também tem a sua Plaza d'Espanya, com grafia diferente porque fica na Catalunha, onde o povo se identifica com o idioma catalão (Espanya em vez de España). A praça ocupa uma área de 32 mil m² e fica no cruzamento de importantes vias da cidade, com um chafariz no centro e as imponentes Torres Venezianas. Ao fundo, o Museu Nacional de Arte da Catalunha.
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Inclusive a capital, Madrid, tem a sua Plaza de España, no Centro da cidade. É da praça que sai a principal rua da cidade, a Gran Via. E nessa área ficam duas importantes construções: o Edifício España e a Torre de Madrid.
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Na Espanha, aliás, as praças são lugares de grande relevância. Geralmente amplas e centralizadas, atraem os moradores para atividades do dia a dia e os turistas para lazer e integração com a cultura regional. O próprio nome - Plaza de España - existe em algumas cidades
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Um dos maiores atrativos da cidade é a Catedral de Sevilha. Quem entra se impressiona com suas dimensões: 126 m de comprimento, 76 m de largura, 42 m de altura e 11 520 metros quadrados de área total. Foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO em 1987.
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É em Sevilha que estão sepultados os restos mortais de Cristóvão Colombo (1451-1506). A conquista do Novo Mundo em 1492 pelo desbravador italiano foi muito significativa para a cidade, dona do primeiro porto de saída europeu para a América. No fim do século 16, Sevilha era um dos principais portos castelhanos no comércio com a Inglaterra, Flandres e Gênova.
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Tem 700 mil habitantes e recebe, anualmente mais de 3 milhões de turistas. Há quem tema que a cobrança seja um desestímulo que afete esse importante ativo da cidade.
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A praça é um dos locais mais importantes na cultura local, palco de espetáculos e desfiles de moda a céu aberto. Sevilha é a terceira cidade mais visitada da Espanha.
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Os turistas que visitam a cidade de Sevilha, na Espanha, nunca deixam de passar pela Plaza de España. A praça integra um complexo que foi construído em 1929 para a Exposição Ibero-Americana com o objetivo de ressaltar a arquitetura espanhola e sua decoração com azulejos.
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Curiosidades
Antonio Banderas: O ator, natural de Málaga, participa regularmente das procissões, especialmente na da María Santísima de Lágrimas y Favores.
Impacto Econômico: A semana santa movimenta milhões de euros, mas em 2020, sua suspensão devido à pandemia gerou prejuízos de cerca de €100 milhões em Málaga.
Turismo: Declarada Festa de interesse turístico internacional em 1965, a semana santa atrai visitantes do mundo todo, exigindo planejamento para garantir bons lugares nas procissões.