SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Turistas, fiéis e moradores de Ouro Preto realizaram nessa quinta-feira (17/4) a Procissão do Fogaréu, uma celebração religiosa que remonta a perseguição sofrida por Jesus Cristo antes de sua crucificação.

A cerimônia da semana santa começou com concentração na Igreja de São Francisco de Assis, de onde os fiéis saíram em cortejo penitencial até o Santuário de Nossa Senhora da Conceição. Após tomar a imagem do Senhor de Bom Jesus, seguiram até o Santuário Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde a imagem foi encerrada no interior da Matriz.

Ao longo da travessia, músicos, alegorias e tochas incandescentes ajudaram a colorir as ruas de pedra entalhada no centro histórico da cidade de Ouro Preto.

 
 
 
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O evento aconteceu também na cidade de Mariana, no fim da noite, onde o cortejo saiu da Catedral da cidade e caminhou em direção à Praça Minas Gerais para uma meditação proferida pelo Mons. Celso Murilo de Souza Reis, Cônego do Cabido Metropolitano. Depois, a procissão retornou à Catedral.

Essa procissão, que era chamada do fogaréu em razão das tochas que os irmãos levavam acesas, revive a cena da prisão do Senhor Jesus, no Horto das Oliveiras, depois de haver ceado com seus Apóstolos e sua condução ao julgamento.

O rito do fogaréu deixou de ser realizado na cidade por mais de 100 anos. A tradição foi retomada em 2019 e apresentada apenas virtualmente nos anos da pandemia. Foi retomada em 2022 e realizada regularmente nos anos seguintes.

LAVA-PÉS EM OURO PRETO

Outro ponto é que o ouro muitas vezes está misturado com vernizes, tintas e outros materiais, tornando inviável sua extração sem causar danos irreparáveis. Assim, o verdadeiro valor desse ouro está no seu papel na história, na arte e na cultura do Brasil. Francisco Osorio wikimedia commons
Remover esse ouro significaria destruir as obras e descaracterizar a arquitetura barroca. Além disso, essas igrejas são protegidas por leis de preservação do patrimônio, como as do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Qualquer tentativa de comercializar esse ouro seria considerada crime contra o patrimônio histórico. Sailko - wikimedia commons
Vale ressaltar que, apesar de atrair a atenção de ladrões, o ouro presente nas igrejas históricas do Brasil, na prática, não vale dinheiro porque faz parte do patrimônio cultural e religioso. Ele não pode ser retirado ou vendido, pois está incorporado a altares, talhas e esculturas que possuem valor artístico e histórico inestimável. Paul R. Burley - wikimedia commons
Turisticamente, são grandes atrativos para visitantes do Brasil e do mundo. Suas obras de arte, pinturas, esculturas e talhas douradas encantam estudiosos e curiosos. Muitas dessas igrejas fazem parte de roteiros culturais e religiosos renomados. Patricia Figueira - wikimedia commons
Historicamente, essas igrejas simbolizam o período do ouro no Brasil e a força da Igreja Católica na colonização. Elas foram centros de poder e ajudaram a moldar a sociedade da época. Muitas estão ligadas a importantes figuras da história brasileira. Eugenio Hansen, OFS - wikimedia commons
Essas igrejas possuem grande importância cultural, pois representam o auge da arte barroca no Brasil. Elas são patrimônio nacional e preservam tradições religiosas e artísticas. Sua riqueza decorativa reflete a influência europeia na arquitetura colonial. Paul R. Burley - wikimedia commons
Mosteiro de São Bento (São Paulo, 1650) – Seu altar-mor tem talha dourada belíssima e abriga um importante órgão de tubos histórico. Patrimônio Belga no Brasil / wikimedia commons
Mosteiro de São Bento (Rio de Janeiro, 1671) – Um dos interiores mais luxuosos do Brasil, com madeira entalhada e recoberta em ouro. Arine Gaspar Filho - O wikimedia commons
Igreja de Santo Alexandre (Belém, 1719) – Antiga catedral, tem um altar ricamente decorado em ouro e detalhes artísticos coloniais impressionantes. Prburley wikimedia commons
Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Recife, 1767) – Destaque para os painéis dourados e o altar-mor com talha barroca exuberante Wilfredor - wikimedia commons
Catedral Basílica de Salvador (1672) – Possui altares barrocos dourados e uma capela-mor luxuosa, sendo um dos templos mais importantes da Bahia. Elói Corrêa/SECOM wikimedia commons
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas, 1773) – Conhecido pelas esculturas dos profetas de Aleijadinho e por sua capela ricamente adornada com ouro. autor desconhecido wikimedia commons
Igreja de São Francisco de Assis (São João del-Rei, 1774) – Com talha rococó dourada, tem um interior elegante e um imponente altar-mor em ouro. Alexandre Machado wikimedia commons
Basílica de Nossa Senhora do Pilar (Ouro Preto, 1733) – Considerada uma das igrejas mais ricas do Brasil, possui cerca de 400 quilos de ouro e prata em sua decoração. Ricardo André Frantz - wikimedia commons
Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto, 1766) â?? Projetada por Aleijadinho, tem altar e teto pintados com detalhes dourados e imagens sacras valiosas. tetraktys ( wikimedia commons
Outras cidades com esse tipo de riqueza no interior de igrejas são Recife, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro. Veja algumas igrejas emblemáticas, além do templo soteropolitano de São Francisco. Ana Claudia Shcad wikimedia commons
Cidades como Ouro Preto, Mariana, Congonhas e São João del-Rei, em Minas Gerais, possuem igrejas com ouro. Salvador, no estado da Bahia, também abriga templos históricos com ricas ornamentações douradas. Paul R. Burley - wikimedia commons
O ouro pode ser encontrado em diversos elementos dessas igrejas. Ele reveste talhas em madeira, como os altares ornamentados e púlpitos esculpidos. Também está presente em esculturas sacras, molduras, cúpulas e até mesmo em detalhes de pinturas e azulejos. Sailko wikimedia commons
O Brasil possui igrejas históricas ricas em ouro, especialmente nas cidades coloniais. Esse ouro veio do ciclo do ouro nos séculos XVII e XVIII, sendo usado para adornar altares, capelas e imagens sacras. Essas igrejas são símbolos do barroco e rococó brasileiro, misturando fé e arte. Reprodução TV Bahia
Fundada em 1723, a Igreja de São Francisco, em Salvador, é famosa por seu interior todo revestido de ouro, com talha barroca impressionante e afrescos coloridos. Não apenas uma preciosidade cultural e histórica, mas também turística. Na hora do acidente, várias pessoas visitavam a igreja. Uma morreu. BrunoEspindola84 wikimedia commons
O recente desmoronamento de parte do teto da Igreja da Ordem Primeira de São Francisco, conhecida como "igreja de ouro", chamou atenção para esse termo que se refere à riqueza do interior do templo Divulgação Defesa Civil

Também nesta quinta, antes do fogaréu, fiéis em Ouro Preto realizaram o lava-pés, um dos ritos mais tradicionais da Semana Santa. A cerimônia ocorreu em frente à Igreja São Francisco de Assis.

A passagem lembra a véspera da Paixão de Cristo, quando ele se reuniu com os apóstolos para a última ceia e lavou os seus pés, em uma lição de humildade.

Na cidade, o lava pés foi celebrado pelo Reverendíssimo Senhor Monsenhor Nedson Pereira de Assis, reitor do Santuário Basílica Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, que proferiu o Sermão do "Mandatum".

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