Uma vez por ano, a beleza dos casarões coloniais e igrejas históricas de Prados, em Minas Gerais, ganha ainda mais encanto: é chegado o tradicional festival de música clássica da cidade. Realizado há 46 anos, o evento é um dos mais longevos dedicado à música de concerto do país.

Durante 14 dias (20 de julho a 2 de agosto) o pequeno município na região do Campo das Vertentes se transforma por inteiro: suas ruas, praças, igrejas e espaços públicos abrigam mais de 15 concertos, apresentações e aulas de música de 14 instrumentos, todas voltadas à comunidade. Recentemente, cidades vizinhas como Tiradentes, Dores de Campos e Coronel Xavier Chaves também sediam
parte da programação, que é inteiramente gratuita.


A partir do tema “A música entre o céu e a terra”, o repertório desta edição homenageia um dos maiores emblemas de Prados: seus laços entre música, arte e cultura religiosa. De acordo com o diretor artístico do festival, o compositor José Calixto Cohon, Prados tem uma vida musical intensa dedicada às liturgias da igreja católica, com orquestra, coro e banda participando ao longo de todo ano das celebrações. Mas a sua
musicalidade vai além: está nos rituais e festejos populares, como congados e reisados.


Nas duas escolas de samba e diversos blocos de carnaval, nas retretas da banda, em festejos de boi, serestas românticas nos casarões históricos, na música sertaneja e popular que embalam as festas na praça. Dos grandes concertos aos recitais, toda a programação do 46º Festival de Música de Prados é feita para incluir os amantes e interessados por música clássica. Os convidados do evento – quase 30 músicos de renome internacional - conduzem as apresentações, mas também dão aulas de música gratuitas aos moradores. Este ano, o festival recebe nomes como os maestros André Bachur, Adhemar Campos Filho e Paula Castiglioni; e os músicos Luiz Amato, Adriana Holtz, Laiana Oliveira, Luca Raele, Octávio Deluchi,
Lucas Viera, entre outros.

Amor pela música e pela educação

Vizinha à Tiradentes, a cidade de Prados é uma das maravilhas barrocas localizada no Campo das Vertentes

Leo Carvalho/Divulgação


Tão importante quanto o repertório do Festival de Prados, são suas aulas voltadas à comunidade. Este ano, o festival terá um grupo amplo focado em pedagogia musical, e oferecerá aulas de instrumento, coral, teoria musical e musicalização, com professores especializados em piano, sanfona, violino e violino popular, violão, metais, percussão erudita e popular, canto coral e solfejo musical. A musicista Laiana Oliveira, que se apresentará no festival também oferecerá aulas de solfejo, reconhecidas a partir de seu curso “Solfejo sem medo”.


A tradicional oficina de musicalização pelo teatro musical, mais conhecida como o Teatro do Festival, será realizada diariamente ao longo do festival. A atividade vai atender mais de 30 participantes, entre crianças a partir de 5 anos e jovens de 18 anos. Será realizada na atividade a criação de um espetáculo musical com apresentação da orquestra do festival, ao final do evento. Este ano o Teatro do Festival será dirigido pela educadora Adriele Gehring, com parceria musical de Pedro Brusk.


A vocação educativa do Festival de Prados é um dos legados dos seus idealizadores, os maestros e compositores Olivier Toni (1926 - 2017) e Adhemar Campos Filho (1926 -1997). Ao longo da sua vida, Toni nutriu um grande amor pela educação: fundou o Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da USP e a Escola Municipal de Música de São Paulo. Além de quatro orquestras: a Sinfônica Jovem de São Paulo, a Orquestra de Câmara de São Paulo e as Orquestras Sinfônica e de Câmara
da USP.


Adhemar Campos Filho foi um destacado maestro, compositor, arranjador, musicólogo, professor brasileiro e multi-instrumentista, tocando contrabaixo, saxofone e flauta. Seu avô, Antônio Américo da Costa, fundou a Lira Ceciliana - sociedade dos músicos de Prados em atuação desde 1859 e que, nesta edição, realiza a produção do festival.


História do Festival de Prados atravessa o tempo


A trajetória do Festival de Prados remonta a meados de 1970, quando Olivier Toni visitava cidades mineiras em busca de partituras coloniais. Ao chegar em Prados, se surpreendeu com a atividade musical da cidade: com pouco mais de 5 mil habitantes, a cidade possuía banda, coro e orquestra, organizados por uma entidade musical, a Lira Ceciliana – criada em 1858 - então dirigida pelo maestro Adhemar de Campos Filho, natural de Prados.


Segundo o diretor executivo do festival, Eduardo Raele, neto de Toni, eles rapidamente fizeram amizade e combinaram que no ano seguinte, na segunda quinzena de julho, Toni levaria a Prados alguns estudantes do curso de Música da USP, do qual era diretor, para tocarem juntos com os pradenses. “Essa tradição perdura até os dias hoje, graças à relação dos moradores de Prados com o festival”, conta.

Liceu (Barcelona, Espanha) - O Gran Teatre del Liceu é uma das mais importantes casas de ópera da Espanha e da Europa, com uma história rica e uma programação de alto nível. Chabe01 - wikimedia commons
Sydney Opera House (Sydney, Austrália) - Embora seja relativamente nova (inaugurada em 1973), a Sydney Opera House é um ícone global tanto pela arquitetura única quanto pela importância cultural na Austrália e no mundo. Patty Jansen por Pixabay
Bolshoi Theatre (Moscou, Rússia) - Uma das mais antigas casas de ópera do mundo, o Teatro Bolshoi é famoso por suas produções de ópera e balé. Sua influência na cultura russa é imensa. DmitriyGuryanov wikimedia commons
Semperoper (Dresden, Alemanha) - A Semperoper é famosa por sua história e tradição, além de ser um importante centro cultural da Alemanha. Ela se destaca tanto por suas produções de ópera quanto pela arquitetura neorrenascentista Jacopo - wikimedia commons
Opera Garnier (Paris, França) - Também conhecido como Palais Garnier, é uma das casas de ópera mais icônicas por sua arquitetura exuberante e história. O edifício em si é uma obra-prima do design. Youtube/ Travel HDefinition
Teatro Colón (Buenos Aires, Argentina) - Reconhecido por sua acústica excepcional, o Teatro Colón é considerado um dos melhores teatros de ópera do mundo e é um marco cultural da América Latina. Gobierno de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires/Wikimédia Commons
O maior compositor que se apresentou na Vienna State Opera foi Richard Wagner (1813-1883). A Vienna State Opera foi palco da estreia de várias de suas óperas, e Wagner frequentemente dirigia suas próprias obras. domínio público
Mas, diferentemente do que muitos pensam, Mozart (foto) e Beethoven nunca se apresentaram na Vienna State Opera , pois ambos morreram antes da inauguração do teatro em 1869. Barbara Krafft/Wikimedia Commons
Viena, particularmente, é uma cidade famosa mundialmente pela tradição musical, pois foi o lar de compositores icônicos, incluindo Mozart, Beethoven, Schubert e Johann Strauss II, que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da música clássica. wikimedia commons Rafa Esteve
Vienna State Opera (Viena, Áustria) - Este teatro em Viena é um dos mais importantes da Europa. A Ópera Estatal de Viena é famosa tanto pela grandiosidade de suas produções quanto por sua programação extensa, com apresentações quase diárias. Imagem de Michael Kleinsasser por Pixabay
Metropolitan Opera House (Nova York, EUA) - Parte do Lincoln Center, o "Met" é uma das maiores e mais prestigiadas casas de ópera do mundo, famosa por suas grandes produções e pela qualidade de suas apresentações. Domínio público
Teatro alla Scala (Milão, Itália) - Inaugurado em 1778, é uma das casas de ópera mais famosas do mundo. La Scala é sinônimo de tradição operística e recebe grandes produções e renomados artistas. John Picken wikimedia commons
As casas de ópera são conhecidas por receber algumas das produções mais importantes da história e continuam a ser centros globais para a ópera e a música clássica na atualidade. Além da casa londrina, veja outras muito relevantes. Josep Renalias wikimedia commons
Ali foram encenados grandes espetáculos com obras de compositores renomados como Giuseppe Verdi, Richard Wagner, e Giacomo Meyerbeer, além de apresentações de balé, muitas vezes com estrelas internacionais. Domínio público
A Royal Opera House de Londres é uma das instituições culturais mais importantes do mundo. Fundada em 1732, a Royal Opera House tem uma longa história de apresentações de ópera e balé, tornando-se um símbolo da cultura clássica britânica Thomas Rowlandson domínio público
Como consequência, o teatro teve que ser reconstruído, e o novo edifício foi inaugurado em 1812. Esse evento marcou um momento importante na história da Royal Opera House, que passou por várias reformas e reconstruções ao longo dos anos. Russ London wikimedia commons
Em 18 de setembro de 1809, a Royal Opera House, em Londres, foi devastada por um grande incêndio. Foi o segundo a atingir o teatro, que era conhecido na época como "Theatre Royal" em Covent Garden. O incêndio começou à noite e destruiu a bela construção. Domínio público


Destaques da programação


Um dos destaques do evento, a orquestra do Festival de Música de Prados, irá executar, no dia 26 de julho, a Sinfonia nº 4 do compositor checo-austríaco Gustav Mahler (1860- 1911), considerada a principal obra da 46ª edição do festival. A orquestra terá a regência de André Bachur, que é bandolinista, arranjador, compositor e regente adjunto da Orquestra de Câmara da USP, e contará com Luiz Amato (spalla), Adriana Holtz (primeira violoncelista) e Laiana Oliveira (soprano solista).


A partir do dia 28 de julho, a programação faz homenagem ao recém falecido compositor brasileiro Ernst Mahle (1929 - 2025) com o concerto “Diálogo para Violão e Orquestra”, com solo ao violão de Lucas Vieira. O concerto “MadrigAfro”, de João Luiz Rezende (1979), outra peça para violão e orquestra de cordas em três movimentos, será realizada no concerto de encerramento, em 02 de agosto.


A música instrumental brasileira ganha destaque nos concertos de música de câmara, que terão a participação dos músicos Luiz Amato e Adriana Holtz, integrantes do grupo Quintal Brasileiro, e do clarinetista Luca Raele. Os concertos terão formações variadas de quintetos de cordas, quintetos de sopros, quarteto de cordas, trios, duos e solos e obras de, Ravel, Brahms, Bach, Jacob do Bandolim, Marcelo Petraglia, Luiz Amato, Villa Lobos, Leo Brouwer, Carlos Gustavino, Mozart, entre outros.


A formação de um coral, reunindo cantores pradenses e convidados, é uma das mais antigas tradições do festival que também retorna este ano. Regido pela maestrina Paula Castiglione, as apresentações estão marcadas para os dias 26 de julho e 02 de agosto. É possível conferir a programação pelo instagram @festivaldemusicadeprados.


No encerramento do 46º Festival de Prados, no dia 2 de agosto, músicos paulistas e pradenses se unem na grande Orquestra e Coro para executar obras do pradense Joaquim Paula Souza (1760 - 1842) e do compositor norueguês contemporâneo Ola Gjeilo (1978) apontando o compromisso do festival com a música de todas as épocas.


Programação completa do 46º Festival de Música de Prados


Domingo (20/07)
20h30 - Igreja Matriz Nossa Sra. da Conceição
Concerto de Abertura do Festival com a Orquestra e Coral da Lira Ceciliana e o Duo
Giardini com participação de Luca Raele
Repertório preliminar da Orquestra da Lira Ceciliana
4º Moteto das Dores - Manoel Dias de Oliveira
7º Moteto de Passos - Manoel Dias de Oliveira
Concerto de Aranjuez (Redução para Flugelhorn) - Joaquim Rodrigo


Quinta-feira (24/07)
20h30 - Recital de Música de Câmara na Lira Ceciliana
Johannes Brahms - 2 Gesänge, Op. 91
Villa Lobos - Duo para Oboé e Fagote W535


Sexta-feira (25/07)
18h15 - Apresentação do Grupo de Música Instrumental na Praça Central da cidade de
Prados

20h30 - Recital de Música de Câmara na Lira Ceciliana
Quinteto de Cordas do 46º Festival
J. S. Bach - Giga - Arr Luiz Amato
Luiz Amato - Amola Faca
Marcelo Petraglia - Ser Eterno
J. S. Bach - Ária da corda G
Jacob do Bandolim - Noite Cariocas
Quarteto de Cordas do 46º Festival e Luca Raele
Mozart – Quinteto para clarinete e cordas, K.581 (1789)


Sábado (26/07)
17h - Apresentação do Coral na Lira
20h30 - Concerto da Orquestra do Festival na Igreja Matriz Nossa Sra. da Conceição
Gustav Mahler – 4ª Sinfonia

Domingo (27/07)
11h - Retreta da Lira Ceciliana na praça

Segunda Feira (28/07)
20h30 - Concerto de Música de Câmara - Coronel Xavier Chaves


Terça-feira 29/07
20h30 - Apresentação da Orquestra do Festival na Igreja Matriz de Dores de Campos


Quarta-feira (30/07)
20h30 - Apresentação da Orquestra do Festival na Igreja Matriz de Tiradentes


Quinta-feira (31/07)
20h30 - Apresentação Música de Câmara na Lira Ceciliana de Prados

Quinteto de sopros do 46º Festival
Ravel - Chanson Madecasses para Soprano flauta, violoncelo e piano
Ernst Mahle - Diálogo para cordas e violão


Sexta Feira (01/07)
Apresentação de música popular na praça
Apresentação dos alunos do festival

Sábado 02/08
16h – Apresentação do Teatro Musical
20h30 - Concerto de Encerramento - Orquestra do Festival e Orquestra da Lira
Ceciliana - Coro do Festival – Igreja Matriz de Prados
MadrigAfro - João Luiz Rezende - Concerto para Violão, Orquestra e coro
Coral do Festival
Joaquim Paula Souza - Kirie da Pequena Missa em Dó


SERVIÇO


46º Festival de Música de Prados
20 de julho a 02 de agosto de 2025
Prados | Dores de Campos | Coronel Xavier Chaves | Tiradentes

Toda programação é oferecida gratuitamente ao público. Para mais informações e atualizações acesse as Instagram:  @festivaldemusicadeprados

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