Às vésperas da realização da 26ª Parada do Orgulho LGBTQ+ em Belo Horizonte, marcada para este domingo (20/7), uma decisão judicial impõe limites ao financiamento público de R$ 450 mil para R$ 100 mil ao evento, que já faz parte do calendário da capital mineira por duas décadas. Apesar de ter suspendido os repasses, a liminar pontua que a LGBTQIAPN+ "é uma manifestação de grande porte e relevância sociocultural e econômica, já inserida no calendário oficial do município, com impacto significativo na promoção de direitos humanos e na economia local".

Só para ter uma ideia da geração de emprego e renda, a 25ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de BH, realizada em 21 de julho de 2024, gerou um impacto econômico estimado em R$ 20 milhões para a cidade, conforme informado pelo Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), organizador do evento. Esse valor reflete a movimentação em setores como rede hoteleira, bares, restaurantes, comércio e turismo, impulsionada pela presença de cerca de 300 mil pessoas, incluindo 15 a 18% de visitantes de outros estados ou do interior de Minas Gerais. A Prefeitura de Belo Horizonte investiu R$ 670 mil na estrutura do evento, o que, segundo o Cellos-MG, resultou em um retorno econômico cerca de 30 vezes maior que o investimento.

Os leques começaram a ser usados no carnaval no século 19, quando os leques "Mandarim" foram trazidos para a Europa. Atualmente, seguem vivos na festa, ainda mais por ser em época de verão, onde o calor é intenso nas capitais. Flickr Rogerio Santana
Os leques começaram a ser usados no carnaval no século 19, quando os leques "Mandarim" foram trazidos para a Europa. Atualmente, seguem vivos na festa, ainda mais por ser em época de verão, onde o calor é intenso nas capitais. Flickr Rogerio Santana
No Carnaval Carioca, os leques chamaram a atenção na comissão de frente da Imperatriz Leopoldinense, no título de 1994. Com uma coreografia criada pelo saudoso Fábio de Mello, a apresentação sempre é lembrada e ficou marcada na história da folia.  Flickr Sandra de Souza
O leque é um acessório usado no carnaval e também era utilizado pelos mestre-salas que cortejam as porta-bandeiras e defendem e apresentam o pavilhão de cada escola de samba. Flickr arquivo Nacional do Brasil
A humorista, cantora, atriz e repórter brasileira Nany People sempre carrega consigo um leque. Ela já revelou que usou o leque pela primeira vez aos 18 anos. Instagram @nanypeople
Mais do que sua característica de abanar e afastar o calor, os leques fazem parte da história de luta da comunidade LGBTQIAPN+, na luta contra discriminação de gênero, e levam o arco-íris da bandeira e essa representatividade. Divulgação
No entanto, no Brasil, houve um ressurgimento do interesse por leques como peças de coleção e itens de moda vintage, especialmente entre os entusiastas da moda e colecionadores. Divulgação
Além disso, o leque ainda é valorizado como uma forma de arte, com colecionadores apreciando leques antigos e contemporâneos por sua beleza e habilidade artesanal. Ele também é usado ??na prática do Kung Fu, como prática de defesa. lzy9290 /Wikimédia Commons
Ele é usado tanto como item prático para se refrescar do calor quanto como elemento cultural em danças tradicionais , como a Flamenca, e cerimônias formais. Reprodução do facebook Karla Jacobina
Embora tenha perdido parte de sua popularidade como acessório de moda no mundo ocidental, o leque continua a ser amplamente utilizado em muitas partes da Ásia. Flickr Aninha González
No entanto, no Brasil, houve um ressurgimento do interesse por leques como peças de coleção e itens de moda vintage, especialmente entre os entusiastas da moda e colecionadores. Divulgação
Além disso, o leque ainda é valorizado como uma forma de arte, com colecionadores apreciando leques antigos e contemporâneos por sua beleza e habilidade artesanal. Ele também é usado ??na prática do Kung Fu, como prática de defesa. lzy9290 /Wikimédia Commons
Em um mesmo evento, poderia ter três ou mais versões diferentes de leques, com variações, como a cor do fundo, inscrições e outros elementos inseridos pelo artista. ??????/Wikimédia Commons
Ele é usado tanto como item prático para se refrescar do calor quanto como elemento cultural em danças tradicionais , como a Flamenca, e cerimônias formais. Reprodução do facebook Karla Jacobina
Embora tenha perdido parte de sua popularidade como acessório de moda no mundo ocidental, o leque continua a ser amplamente utilizado em muitas partes da Ásia. Flickr Aninha González
Desse modo, os leques históricos chegaram ao Brasil com a Corte Portuguesa. Eles, então, passaram a ser encomendados nas chamadas “Casas da Índia”, localizadas na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, vindos diretamente da China. Divulgação
O auge do leque como acessório de moda no Brasil foi na década de 1920, mas com a invenção do ventilador elétrico, caiu em desuso. Reprodução de revista Antiga
Em um mesmo evento, poderia ter três ou mais versões diferentes de leques, com variações, como a cor do fundo, inscrições e outros elementos inseridos pelo artista. ??????/Wikimédia Commons
Na ocasião, junto com o pedido, os chineses recebiam o desenho com os motivos e as imagens que os leques deveriam ter. Assim, o objeto se tornava cada vez mais popular na corte portuguesa, que estava inserida em solo brasileiro. Pratyeka/Wikimédia Commons
Desse modo, os leques históricos chegaram ao Brasil com a Corte Portuguesa. Eles, então, passaram a ser encomendados nas chamadas â??Casas da Índiaâ?, localizadas na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, vindos diretamente da China. Divulgação
O decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas, assinado em Salvador, em 28 de janeiro de 1808, trouxe o comércio do restante do mundo para o solo brasileiro. Na época, o ato acabou com o Pacto Colonial entre a metrópole, Portugal, e o Brasil Colônia. Divulgação
A coleção de leques da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano encaixa-se na categoria de “leques comemorativos”. A ideia de se perpetuar acontecimentos notáveis nos leques surgiu na França, no século 17. Divulgação
Além de dissipar o calor, eles eram usados também, assim como as flores, para transmitirem determinados códigos. Assim, os modos de manejá-los, por homens e mulheres, podiam passar mensagens inteiras sem que trocassem uma única palavra. Divulgação
Aqui na América, após as Cruzadas, o objeto de abano já era conhecido entre os astecas e os incas. Quando os primeiros europeus chegaram, em 1519, Montezuma ofereceu seis leques para Fernando Cortez. Divulgação
Além de dissipar o calor, eles eram usados também, assim como as flores, para transmitirem determinados códigos. Assim, os modos de manejá-los, por homens e mulheres, podiam passar mensagens inteiras sem que trocassem uma única palavra. Divulgação
A introdução do leque no Ocidente ocorreu por volta do século XVI, durante o período das grandes explorações marítimas. Navegadores europeus que viajavam para o leste trouxeram consigo o leque, juntamente com outras mercadorias exóticas. Divulgação
Aqui na América, após as Cruzadas, o objeto de abano já era conhecido entre os astecas e os incas. Quando os primeiros europeus chegaram, em 1519, Montezuma ofereceu seis leques para Fernando Cortez. Divulgação
Os primeiros leques eram feitos de folhas, penas, pedras preciosas, plumas, folhas ou pergaminhos. Afinal, no século 5, as hastes passaram a ser de marfim, seda, renda e tecido. Além disso, o cabo passou a ser de ouro e prata, tornando-se retráteis no século 15 Imagem de PDPics por Pixabay
A introdução do leque no Ocidente ocorreu por volta do século XVI, durante o período das grandes explorações marítimas. Navegadores europeus que viajavam para o leste trouxeram consigo o leque, juntamente com outras mercadorias exóticas. Divulgação
Em solo grego, um homem, para se desculpar, tinha que abanar sua esposa durante o sono. Já em Roma, o leque era conhecido como flabelum, visto que as senhoras romanas tinham escravos encarregados de abaná-las, conhecidos como flabeliferos. Domínio Público/Wikimédia Commons
Ele chegou a ser usado até para afastar o povo do soberano quando este saía a passeio. Esse objeto era um sinal de poder e dignidade, sendo usado em bailes de máscaras no Japão e em cerimônias tradicionais. Poderospontes/Wikimédia Commons
Em solo grego, um homem, para se desculpar, tinha que abanar sua esposa durante o sono. Já em Roma, o leque era conhecido como flabelum, visto que as senhoras romanas tinham escravos encarregados de abaná-las, conhecidos como flabeliferos. Domínio Público/Wikimédia Commons
Os primeiros leques eram de plumas; os de marfim só surgiram no século 10 a.C. A criação deste objeto foi focado em auxiliar a dissipar a sensação provocada pelo calor, mas logo tornou-se um elemento de distinção de classe. Poderospontes/Wikimédia Commons
Ele chegou a ser usado até para afastar o povo do soberano quando este saía a passeio. Esse objeto era um sinal de poder e dignidade, sendo usado em bailes de máscaras no Japão e em cerimônias tradicionais. Poderospontes/Wikimédia Commons
De acordo com registros antigos, o leque surgiu em 3000 a.C. na China, de onde chegou ao Japão. Ele também foi utilizado por faraós no Egito, assim como por assírios e etruscos. Domínio Público/Wikimédia Commons
Os primeiros leques eram de plumas; os de marfim só surgiram no século 10 a.C. A criação deste objeto foi focado em auxiliar a dissipar a sensação provocada pelo calor, mas logo tornou-se um elemento de distinção de classe. Poderospontes/Wikimédia Commons
De acordo com registros antigos, o leque surgiu em 3000 a.C. na China, de onde chegou ao Japão. Ele também foi utilizado por faraós no Egito, assim como por assírios e etruscos. Domínio Público/Wikimédia Commons
Ao longo dos séculos, o leque foi reinventado em vários estilos. Hoje, os modernos ganham nova vida em desfiles, festas e manifestações culturais. E abrem espaço para reutilização de leques de modelos clássicos. -Mnemo/Wikimédia Commons
A origem dos leques remonta à Ásia. Depois se espalharam pela Europa, ganhando destaque em cortes aristocráticas. O leque LGBT reaproveita esse acessório com um símbolo de orgulho e identidade. Divulgação shopee
A origem dos leques remonta à Ásia. Depois se espalharam pela Europa, ganhando destaque em cortes aristocráticas. O leque LGBT reaproveita esse acessório com um símbolo de orgulho e identidade. Divulgação shopee
O leque LGBTQIAPN+ tem feito sucesso principalmente em festas e eventos por ser colorido, divertido e expressivo. O calor também contribui, já que ele refresca. Além disso, o barulho ao abri-lo virou marca registrada, chamando atenção e marcando presença com estilo. Divulgação
O leque LGBTQIAPN+ tem feito sucesso principalmente em festas e eventos por ser colorido, divertido e expressivo. O calor também contribui, já que ele refresca. Além disso, o barulho ao abri-lo virou marca registrada, chamando atenção e marcando presença com estilo. Divulgação

O turismo LGBTQ+  movimenta cerca de US$ 218 bilhões anualmente, com um gasto médio por turista LGBT superior ao de turistas em geral, segundo a Organização Mundial do Turismo. Considerando a taxa de crescimento de 11% ao ano e o aumento de 16% observado na Parada de São Paulo de 2024 para 2025, o impacto econômico do turismo LGBTQIA+ no Brasil em 2025 pode ultrapassar R$ 11 bilhões. 

Pesquisa 

Parada do Orgulho LGBT de São Paulo em 2025, realizada no dia 22 de junho, movimentou R$ 548,5 milhões na economia da cidade

Miguel Schincariol/AFP



O Brasil se destacou no mais recente levantamento global da Booking.com ao emplacar três cidades — São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro — entre os dez destinos com o maior número de acomodações que possuem o selo Travel Proud. A iniciativa da plataforma reconhece propriedades que passaram por um treinamento gratuito em hospitalidade inclusiva, com foco em oferecer uma experiência acolhedora e respeitosa para viajantes LGBTQ+. Belo Horizonte ficou bem distante do pódio, na 32ª colocação. 

Atualmente, São Paulo aparece em 3º lugar no ranking global, com 892 estadias Travel Proud; Florianópolis ocupa a 7ª posição, com 691 acomodações; e o Rio de Janeiro figura em 9º lugar, com 627 propriedades reconhecidas. O destaque reforça o papel do Brasil como referência em hospitalidade inclusiva e reafirma seu lugar no mapa global do turismo LGBTQ+.

De acordo com Luiz Cegato, Gerente de Comunicação da Booking.com para a América Latina, “é motivo de orgulho ver São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro entre os destinos com maior número de acomodações com o selo Travel Proud. Essas cidades se destacam por oferecer não apenas uma excelente estrutura turística, mas também ambientes urbanos diversos, nos quais a autenticidade e a liberdade de expressão fazem parte do cotidiano. São Paulo, por exemplo, é conhecida por sua vida cultural e pela cena LGBTQ+ pulsante; Florianópolis se destaca tanto por suas belezas naturais quanto pela atmosfera descontraída; já o Rio de Janeiro combina ícones do turismo mundial com um espírito de celebração que faz com que todos se sintam bem-vindos”.

Além dos três destinos brasileiros, a lista é liderada por Milão (1º) e Roma (2º), na Itália, seguidas por Londres (4º), no Reino Unido; Cidade do México (5º), no México; Madri (6º), na Espanha; Porto (8º), em Portugal; e Cidade do Cabo (10º), na África do Sul. Confira o ranking completo:

1) Milão, Itália

2) Roma, Itália

3) São Paulo, Brasil

4) Londres, Reino Unido

5) Cidade do México, México

6) Madri, Espanha

7) Florianópolis, Brasil

8) Porto, Portugal

9) Rio de Janeiro, Brasil

10) Cidade do Cabo, África do Sul

“Ter um volume expressivo de acomodações que passaram pelo treinamento de hospitalidade inclusiva nessas cidades reforça nosso compromisso em promover uma experiência de viagem mais acolhedora para todas as pessoas”, finaliza o executivo.



Parada LGBTQ+ em SP

Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo em 2025, realizada no dia 22 de junho, movimentou R$ 548,5 milhões na economia da cidade, segundo estimativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) com base em dados do setor e do Observatório de Turismo e Eventos (OTE) da Prefeitura de São Paulo. Esse valor representa um aumento de 16% em relação ao ano anterior e reflete os gastos em setores como hotelaria, restaurantes, shoppings, bares, lojas e comércio informal, especialmente na região da Avenida Paulista. Com o tema "Reconstrução Nacional: Basta de Ódio, Queremos Direitos!", a 29ª edição reuniu cerca de 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista, segundo estimativas da organização, reforçando sua relevância cultural e social.

Não é à toa que a capital paulista se encontra em 3º lugar na pesquisa Travel Proud. Políticas públicas de inclusão e promoção estão alinhadas com setores privados. A Parada de 2025 recebeu investimentos de mais de R$ 6 milhões da Prefeitura de São Paulo que reforçou a importância de espaços públicos como arenas de expressão cultural e luta por direitos, impactando gerações ao normalizar a diversidade e promover a educação sobre questões LGBTQIA+. Apesar de desafios, como críticas pontuais sobre comercialização excessiva, o evento continua sendo um símbolo de resistência e celebração, moldando a cultura paulistana com valores de inclusão e igualdade.

Expectativa para 2025



A consolidação de destinos como São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, com eventos como a Parada do Orgulho e festivais culturais. A expansão de eventos como a LGBT+ Turismo Expo, que fortalece o mercado B2B e atrai mais investimentos. A Parada de São Paulo deve continuar sendo o principal motor econômico, com potencial para atingir R$ 600 milhões em 2026, caso mantenha o crescimento de 16% ao ano. A demanda por destinos seguros e inclusivos, reforçada por certificações como o selo Travel Proud da Booking.com, pode atrair mais turistas internacionais. E o aumento da visibilidade da comunidade LGBTQIA+ e eventos culturais (ex.: Festival Mix Brasil, Carnaval de rua no Rio) deve estimular o turismo doméstico e internacional.

Desafios

A violência contra a comunidade LGBTQIA+ continua sendo um obstáculo, com 300 mortes violentas por LGBTfobia em 2024. Isso afeta a percepção de segurança do Brasil como destino. A falta de políticas públicas específicas, como capacitação de profissionais do turismo e campanhas nacionais de sensibilização, limita o potencial do segmento. E a subnotificação de dados sobre a população LGBTQIA+ (ex.: ausência de perguntas sobre identidade de gênero no Censo do IBGE) dificulta a formulação de políticas direcionadas.

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