Voltados exclusivamente para adultos, estes locais conhecidos como childfree atendem  a uma demanda crescente por tranquilidade, romantismo e experiências personalizadas. No entanto, a prática divide opiniões e levanta questões legais e sociais.

Embora não existam estatísticas nacionais consolidadas sobre o número exato de hotéis que proíbem crianças no Brasil, a tendência é observável em destinos turísticos populares, especialmente em regiões como o Sul, Nordeste e Sudeste. Segundo um levantamento da Gazeta do Povo, em 2018, pelo menos cinco hotéis brasileiros já haviam adotado a política "childfree" e o número tem crescido desde então. Hoje são mais de 15.

Alguns exemplos de hotéis só para adultos:

  • Ponta dos Ganchos Exclusive Resort (Governador Celso Ramos, SC): Um resort de luxo com 25 bangalôs que só aceita hóspedes acima de 14 anos. As diárias começam em R$ 2.200 por casal, com exigência mínima de três noites.
  • Unique Garden Hotel & Spa (Mairiporã, SP): Localizado em uma reserva florestal, este spa resort com 26 chalés é exclusivo para adultos, com foco em relaxamento e bem-estar. Aceitam pets.

  • Casa Caiada (Maceió, AL): Situada na reserva ecológica do Pratagy, proíbe a entrada de crianças e animais, oferecendo suítes com vista para o mar a partir de R$ 444 por dia.

  • Pousada Varshana (Morretes, PR): Aceita jovens acima de 13 anos, mas suas atividades são voltadas para adultos.

  • Zank by Toque Hotel (Salvador, BA): Um hotel boutique no Rio Vermelho que não permite crianças, com foco em casais e pacotes românticos.

Recentemente, em janeiro de 2025, um hotel em Gramado (RS) anunciou a restrição de hóspedes a maiores de 14 anos, reacendendo o debate sobre a prática. Conforme o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da Serra Gaúcha (SindTur), essa decisão é considerada legítima e reflete a segmentação do mercado hoteleiro.

Números e tendências

  • Crescimento do mercado "childfree": Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a segmentação de hotéis é uma tendência mundial, com o Brasil acompanhando o movimento. Hotéis "childfree" representam uma pequena, mas crescente, fatia do setor hoteleiro, especialmente em destinos românticos como Gramado, Fernando de Noronha e Penedo (RJ).

  • Demanda de mercado: Uma pesquisa da Booking.com (2023) revelou que 32% dos viajantes brasileiros buscam destinos ou hospedagens voltados para relaxamento e privacidade, o que impulsiona a procura por hotéis exclusivos para adultos.

  • Impacto econômico: Em regiões como a Serra Gaúcha, onde o turismo familiar é forte, a adoção de políticas "childfree" pode reduzir o faturamento, já que famílias representam até 60% dos hóspedes em destinos como Gramado, segundo o Sindicato da Hotelaria do Estado do RS (Sindihotel).

  • Casos polêmicos: Um incidente em 2019 na Pousada Terra (Juquehy, SP) ganhou destaque quando uma mãe com uma bebê de um ano foi impedida de se hospedar, apesar de ter feito reserva pelo Booking.com. A pousada justificou que sua política proíbe crianças menores de 12 anos, mas a falta de clareza na comunicação gerou críticas.

Motivos para a proibição de crianças

Os hotéis que adotam a política "childfree" justificam suas decisões com base em estratégias de negócio e características estruturais. Os principais motivos incluem:

  • Foco em um público-alvo específico: Muitos estabelecimentos buscam atender casais em lua de mel, grupos de amigos ou viajantes solos que priorizam tranquilidade. Por exemplo, a Pousada Casa Caiada em Maceió é voltada exclusivamente para casais, com atividades como tratamentos estéticos e jantares românticos.

  • Estrutura inadequada para crianças: Hotéis boutique e pousadas menores, como a unidade do Nannai em Fernando de Noronha, alegam não possuir infraestrutura para crianças, como áreas de lazer, recreação ou equipes especializadas. A coordenadora de marketing do Nannai, Liana Gonçalves, explicou que a pousada mantém a restrição a menores de 12 anos devido à ausência de estrutura para os pequenos.

  • Preservação da experiência do hóspede: Hotéis como o Ponta dos Ganchos destacam que a presença de crianças pode interferir na atmosfera de relaxamento, com barulho ou atividades que desagradam hóspedes em busca de sossego.

  • Demanda por nichos de mercado: O movimento "childfree", surgido nos anos 1980 nos Estados Unidos e Canadá, defende espaços exclusivos para adultos. No Brasil, essa filosofia tem ganhado adeptos, com agências de viagem, como a ABAV-RS, apoiando a segmentação como uma forma de atender diferentes perfis de turistas.

Aspectos legais e controvérsias

A legalidade de hotéis proibirem crianças é um ponto de debate. Segundo a Constituição Federal (artigos 3º e 5º), qualquer forma de discriminação é vedada, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura o direito das crianças à convivência familiar e comunitária. Advogados, como Lúcia Helena Fernandes de Barros, do escritório Fialdini Advogados, argumentam que a proibição pode ser considerada discriminatória, especialmente se não for claramente comunicada.

Por outro lado, a ABIH e o Turismo de Portugal (em contexto semelhante) defendem que hotéis podem limitar seu público desde que respeitem as normas legais e informem os clientes com antecedência. No Brasil, a ausência de uma lei específica sobre o tema deixa espaço para interpretações.

Críticas também surgem do ponto de vista social. O psicólogo Caio Pereira, especializado em atendimento infantil, alerta que segregar crianças de ambientes adultos pode prejudicar seu desenvolvimento, já que elas precisam interagir com diferentes grupos para se socializar.

O outro lado: a perspectiva dos hóspedes

A opinião pública está dividida. Uma discussão no Grupo de Mães do Donna (2018) mostrou que algumas mães apoiam hotéis "childfree", especialmente quando buscam momentos a dois, enquanto outras consideram a prática excludente e desumanizadora.

  • A favor: Hóspedes valorizam a tranquilidade e a possibilidade de desfrutar de ambientes sem interrupções. Casais sem filhos ou em busca de privacidade são os principais defensores.

  • Contra: Famílias argumentam que a restrição limita suas opções de viagem e reforça estigmas contra crianças, tratando-as como "incômodo".

 

Por dentro do Origem Patacho Design Hotel 

No Origem Pataxo, refúgio exclusivo para adultos, cada detalhe foi pensado para proporcionar descanso, conexão e experiências personalizadas à beira-mar

Origem Pataxo/Divulgação

Um hotel intimista, atemporal e profundamente conectado à natureza é a nova promessa da paradisíaca Praia do Patacho, em Alagoas. O Origem Patacho Design Hotel abre as portas em outubro deste ano com uma proposta singular: ser um refúgio exclusivo para adultos, onde cada detalhe foi pensado para proporcionar descanso, conexão e experiências personalizadas à beira-mar.

A Praia do Patacho, escolhida a dedo para abrigar o empreendimento, é um dos destinos mais preservados do litoral alagoano. Conhecida por suas águas cristalinas, piscinas naturais e por um ritmo de vida desacelerado, o local oferece o cenário ideal para quem busca fugir da rotina e vivenciar o essencial com tranquilidade, conforto e autenticidade.

O Origem Patacho tem direção criativa assinada por Juliana Pippi, que imprimiu sua visão em cada detalhe do empreendimento. É o primeiro hotel concebido em parceria pelos renomados arquitetos Juliana Pippi e Rodrigo Fagá, que desenvolveram um projeto singular, conectando a influência do Sul à essência do Nordeste brasileiro sob um olhar integrado e sensível. O resultado é um espaço marcado por uma curadoria cuidadosa de obras de arte, texturas e materiais naturais, que exaltam o design afetivo e a beleza da simplicidade autêntica.

O hotel conta com dez cabanas privativas, cuidadosamente projetadas para oferecer conforto, exclusividade e integração com a natureza. Todas as acomodações possuem piscina reservada aquecida com hidromassagem, varanda espaçosa e ambientes que combinam o design minimalista com texturas naturais e elementos artesanais brasileiros, criando uma atmosfera acolhedora. 

Os hóspedes podem escolher entre duas categorias. A Cabana Mar é uma espaçosa suíte de 90m², com piscina privativa de frente para o mar, varanda com vista panorâmica, banheira vitoriana e outros itens. O destaque é a experiência única de dormir ao som das ondas e acordar com a vista deslumbrante do oceano. Já a Cabana Vila possui 70m², pensada para quem busca privacidade e descanso absoluto, totalmente cercada pela vegetação local. 

Além disso, o Origem Patacho valoriza a autenticidade em cada detalhe e traz para seus espaços coleções exclusivas desenvolvidas especialmente para o hotel. Desde as luminárias artesanais até os ladrilhos personalizados, cada peça foi cuidadosamente criada para dialogar com a essência do lugar. O mobiliário autoral e as obras de arte presentes nas cabanas e nas áreas comuns são assinados por artistas e designers brasileiros, refletindo a riqueza das tramas, texturas e sabores brasileiros. Essas criações únicas reforçam a proposta de ambientes onde arquitetura, arte e cultura local se encontram para oferecer uma experiência sensorial e afetiva, encontrada somente no hotel. 

Experiências que respeitam o tempo de cada um

O Origem Patacho propõe uma estada sem pressa. O café da manhã, por exemplo, pode ser servido no horário que o hóspede desejar – de manhã, à tarde ou até à noite. O atendimento é 100% personalizado, e as experiências foram desenhadas para promover o bem-estar e a conexão consigo mesmo: sessões particulares no spa, passeios de jangada, caminhadas na praia, banhos nas piscinas naturais e momentos de contemplação na estrutura pé na areia do hotel.

A gastronomia também é um capítulo à parte. Comandado pelo chef Wellington Olímpio e Milena Suassuna, da consultoria Saber Cuidar, o Restaurante Origem propõe uma cozinha que conecta a culinária local a influências internacionais, sempre com foco na autenticidade, nos ingredientes frescos e no respeito ao tempo e à cultura da região. O restaurante contará com rooftop e um bar intimista, além de um deck com acesso à piscina do hotel e a belíssima Praia do Patacho. 

Sustentabilidade com propósito

O Origem Patacho adota práticas de sustentabilidade alinhadas ao conceito de hospedagem consciente. O projeto arquitetônico foi desenvolvido para integrar-se de forma harmônica à paisagem local, com respeito ao meio ambiente, uso de materiais naturais e incentivo à valorização da cultura e da mão de obra regional. 

Política “Adults Only”

Com o compromisso de oferecer uma experiência de hospedagem diferenciada, o hotel adota a política “Adults Only” (apenas para adultos). A decisão está diretamente conectada à proposta do empreendimento, cuja estrutura e atmosfera foram cuidadosamente planejadas para proporcionar um ambiente de tranquilidade e privacidade.

O espaço é ideal para casais que buscam momentos românticos, viajantes que priorizam o descanso absoluto e hóspedes que desejam vivenciar experiências exclusivas voltadas ao público adulto. A política reforça o posicionamento do hotel como um refúgio perfeito para quem valoriza conforto, silêncio e uma estada verdadeiramente personalizada.

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