A primavera transforma Minas Gerais em um espetáculo de cores, com ipês-rosas, amarelos e roxos pintando a paisagem das cidades e das serras. A estação mais vibrante do ano é o convite perfeito para explorar a riqueza natural das flores sazonais, alcançando as raízes profundas da história e da cultura do estado.
Essa beleza, em muitos casos, é protegida por lei. Minas Gerais abriga monumentos vivos, árvores centenárias que são tombadas como patrimônio e contam a história de comunidades inteiras. Conhecê-las é uma forma de se conectar com a identidade mineira. Prepare um roteiro por cinco destinos que oferecem uma imersão botânica memorável.
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1. Belo Horizonte
A capital mineira, embora seja uma metrópole movimentada, foi planejada com amplas áreas verdes. O ponto de partida para um roteiro botânico é o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, inaugurado junto com a cidade em 1897. Localizado no hipercentro, o parque é um oásis com mais de 280 espécies de árvores.
Ali, é possível encontrar figueiras, jacarandás, sapucaias e paineiras que testemunharam o crescimento de Belo Horizonte. Muitas dessas árvores são protegidas e catalogadas, funcionando como um museu a céu aberto. O parque oferece um contraste fascinante entre a natureza preservada e os arranha-céus ao redor.
Além das árvores históricas, o local abriga um orquidário e o Teatro Francisco Nunes. É um programa completo que une natureza, cultura e história, mostrando que a preservação ambiental pode e deve coexistir com o desenvolvimento urbano.
2. Brumadinho
A apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte, Brumadinho é o lar do Instituto Inhotim, um dos maiores museus a céu aberto do mundo. O local é uma referência internacional por integrar arte contemporânea e um acervo botânico de relevância global. A experiência de visitar Inhotim é única, pois cada galeria de arte está conectada por jardins temáticos.
O acervo botânico conta com cerca de 4.300 espécies em cultivo, muitas delas raras ou ameaçadas de extinção. Destacam-se a coleção de palmeiras, com mais de 1.400 espécies, e a de aráceas, considerada a maior do mundo.
Na primavera, os jardins explodem em cores, tornando a caminhada ainda mais especial. O Viveiro Eduucador, com suas estufas equatoriais, permite conhecer espécies de diferentes biomas. É um destino que educa e mostra o poder da conservação e a harmonia possível entre a criação humana e a natureza.
3. Poços de Caldas
Famosa por suas águas termais, Poços de Caldas também encanta por seu paisagismo cuidadosamente planejado. A cidade no sul de Minas é um convite a longas caminhadas por parques e praças que remetem aos jardins europeus. O roteiro botânico aqui é marcado pela organização e pela diversidade de flores.
O Parque José Affonso Junqueira é o cartão-postal da cidade. Seus canteiros floridos, fontes e árvores frondosas criam um ambiente de tranquilidade. Ali perto, o Calendário Floral é uma atração à parte, um grande calendário feito de flores que tem suas plantas trocadas a cada estação, garantindo um visual sempre renovado.
Outro ponto de interesse é o Recanto Japonês, um jardim temático que transporta o visitante para o outro lado do mundo. Com construções típicas, um lago com carpas e vegetação oriental, como azaleias e bambus, o local é ideal para contemplação.
4. Tiradentes
Tiradentes é conhecida por seu casario colonial preservado, mas sua riqueza natural é igualmente impressionante. A cidade histórica está aos pés da Serra de São José, uma área de proteção ambiental que guarda um tesouro da flora do Cerrado e da Mata Atlântica. A primavera realça a vegetação local, com quaresmeiras e manacás-da-serra colorindo as encostas.
O roteiro botânico em Tiradentes acontece nos quintais das casas coloniais, repletos de árvores frutíferas e flores, e nas trilhas da serra. Fazer uma caminhada pela região é a melhor forma de observar espécies nativas como candeias, ipês e orquídeas em seu habitat natural.
A própria cidade é um exemplo de integração com a paisagem. As ruas de pedra são emolduradas por uma vegetação que parece brotar de cada fresta. Essa fusão entre arquitetura histórica e natureza confere a Tiradentes um charme e uma atmosfera que conecta o visitante diretamente com o passado e o meio ambiente.
5. Cordisburgo
Para um roteiro botânico que mistura natureza e literatura, Cordisburgo é o destino ideal. Terra natal do escritor Guimarães Rosa, a cidade está no coração do cerrado mineiro, cenário de muitas de suas obras. A paisagem aqui é a do sertão, com suas árvores retorcidas, campos e veredas.
A principal atração natural é a Gruta do Maquiné, uma formação calcária com salões impressionantes. O entorno da gruta é uma amostra da vegetação local, adaptada ao clima seco. Na primavera, o cerrado se renova, e espécies como o pau-santo e o ipê-amarelo florescem, quebrando a aridez da paisagem.
Conhecer Cordisburgo é entender o ambiente que inspirou "Grande Sertão: Veredas". As caminhadas pela região revelam os buritis que marcam as nascentes de água e a flora resistente que define o bioma. É uma experiência botânica que se aprofunda na cultura sertaneja e na alma da literatura brasileira.