O texto do livro, sem ilustrações, foi encontrado em janeiro durante revisão de arquivos do autor por parte da editora. O material datilografado nos anos 1990 tem anotações e a instrução para que não fosse publicado na época.
O livro é um conto de fadas rimado em que um príncipe é guiado por 7 tias mágicas. Cada personagem simboliza um dia da semana, um planeta, uma cor, um pecado capital e uma nota musical.
Recentemente o nome de Ziraldo foi envolvido em polêmica. O livro 'O Menino Marrom' foi suspenso das atividades escolares no município de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais.
A secretaria de educação afirmou que atendeu a pedido de pais de alunos que não gostam da obra e acham que ela pode criar atritos entre as crianças. A prefeitura discordou e disse que o livro causa reflexão sobre igualdade. Mas o pedido dos pais foi aceito.
O livro de 1986 mostra a amizade entre um menino marrom e um cor-de-rosa. Em certo trecho, por exemplo, o marrom diz que quer ver uma velha sendo atropelada. Outro ponto criticado pelos pais é quando as crianças dizem que farão um pacto de sangue, algo que eles consideraram ruim.
Ziraldo morreu em 6/4/2024 no Rio de Janeiro aos 91 anos. O escritor e cartunista já vinha sofrendo com problemas de saúde há algum tempo. Em 2013, ele teve um ataque cardíaco leve enquanto estava na Alemanha e precisou passar por um cateterismo.
De 2018 a 2022, ele sofreu três derrames e ficou com a saúde bastante debilitada. Até por conta disso, o cartunista estava fora dos holofotes nos últimos anos e precisou ficar em casa, recebendo cuidados médicos.
Duas semanas após a morte de Ziraldo, houve homenagens em rodas gigantes iluminadas em referência ao Menino Maluquinho, principal obra do artista. Os brinquedos acenderam no Balneário Comboriú (SC- foto), em Canela (RS) e no Parque Cândido Portinari, na Zona Oeste de São Paulo.
Chargista, caricaturista e jornalista brasileiro, Ziraldo nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932.
Seu primeiro desenho foi publicado quando ele tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
No entanto, a carreira artística de Ziraldo teve início mesmo no fim da década de 1940, quando ele começou a publicar frequentemente cartoons e charges em jornais e revistas.
Seu humor ácido e perspicaz retratava a realidade social e política do Brasil, conquistando reconhecimento nacional e internacional.
Em 1954, Ziraldo retornou para o 'A Folha de Minas' e passou a publicar em uma página de humor. Três anos depois, ele se formou em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Nos anos 1960, Ziraldo realizou trabalhos para o 'Jornal do Brasil' e 'O Cruzeiro', publicando charges políticas e cartoons. Foi nessa época que ele criou os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
Nesse período, Ziraldo conseguiu realizar um sonho de criança que era se tornar autor de histórias em quadrinhos. Foi dele a primeira revista brasileira do gênero feita por um único autor: a 'Turma do Pererê'.
Ziraldo também se destacou na luta contra a Ditadura no Brasil. Ele foi um dos criadores do jornal 'O Pasquim', que reunia personagens como o Graúna, os Fradins e o Ubaldo em charges irônicas e textos ácidos.
'Ele é uma das pessoas que salvaram o Brasil da ditadura. Ele ficou no Brasil para lutar com a pena. Com papel, com ideias pequenas e pérolas. Uma pessoa como essa não vai embora', disse Fabrizia Pinto, filha de Ziraldo.
O cartunista chegou a ser detido e levado para o Forte de Copacabana um dia depois do decreto do AI-5, em 13 de dezembro de 1968.
Ao longo dos anos 1970, Ziraldo passou a se dedicar somente às histórias infantis. Seu primeiro livro infantil, 'FLICTS', foi publicado em 1969.
A primeira história com seu personagem mais famoso, o 'Menino Maluquinho', foi publicada em 1980 e até hoje é considerado um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil.
Em 1997, o autor e sua maior obra foram homenageados pela Escola Unidos da Porto da Pedra no Carnaval carioca, com o enredo 'No Reino da Folia, Cada Louco com a Sua Mania'.
Ziraldo também recebeu diversos prêmios pelas suas obras, como o Prêmio Jabuti, o Prêmio Hans Christian Andersen e o Prêmio Merghantaller.
Seus livros foram traduzidos para mais de 10 idiomas e sua obra 'O Menino Maluquinho' chegou a ser adaptada para o cinema, teatro e televisão.
Na vida pessoal, Ziraldo foi casado com Vilma Gontijo Alves Pinto de 1958 até 2000, quando ela morreu de infarto, aos 66 anos. Em 2002, o cartunista casou-se com Márcia Martins da Silva, com quem viveu até seus últimos dias.