É a primeira vez desde 1991, início da série histórica, que o IBGE registra perda de habitantes no saldo migratório em dois dos três estados mais populosos do Brasil.
Minas Gerais, o segundo estado mais populoso do país, foi o único do trio que teve saldo migratório positivo - 106,5 mil pessoas. Do total, 19,1% vieram de São Paulo e 17,7%, do Rio de Janeiro, justamente os dois vizinhos que “encolheram”.
Essa inflexão inédita aponta para uma importante alteração no mapa migratório do Brasil, com os centros urbanos mais pujantes perdendo atratividade.
No saldo migratório interno do período, o estado de São Paulo registrou perda de 89,5 mil habitantes. O estado mais populoso do Brasil soma 44,4 milhões de residentes, de acordo com o censo.
São Paulo, um polo histórico de chegada de migrantes de várias regiões do Brasil, registrou a saída de 825.958 pessoas e a chegada de outras 736.380 entre 2017 e 2022.
Já no caso do estado do Rio de Janeiro, a perda de habitantes no saldo migratório dentro do país foi de 165,3 mil pessoas.
Ou seja, a média da perda diária de moradores do estado de São Paulo entre 2017 e 2022 foi de 49 pessoas e, do Rio de Janeiro, de 91.
De acordo com o último censo, a população fluminense é de 16 milhões de habitantes.
No censo anterior, de 2010, São Paulo aparecia como destino número um de migração brasileira.
Curiosamente, São Paulo registrou esse saldo negativo muito em função da saída de pessoas que haviam migrado para o estado em anos anteriores.
Entre os principais destinos de emigrantes de São Paulo no período estão Minas Gerais, com 19,1%, e Bahia, com 15,4%. Uma parcela deles representa pessoas que optaram por retornar à sua terra de origem.
Em relação ao Rio de Janeiro, o principal destino dos moradores que deixaram o estado foram São Paulo, com 21,4%, e Minas Gerais, com 17.7%. Ou seja, o movimento migratório predominante nesse caso foi dentro da região sudeste.
O IBGE calculou esse saldo a partir das respostas dadas à pergunta sobre onde a pessoa residia em 31 de julho de 2017.
O estado que registrou maior saldo positivo de migração interna no período foi Santa Catarina. Ao todo, 503.580 moradores chegaram ao estado do Sul e 149.230 saíram no fluxo interno do país, um saldo de 354,3 mil habitantes. Isso representou 4,66% de aumento populacional.
Os números do IBGE mostram que Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo somam mais de 50% dos estados de origem das novas entradas em Santa Catarina.
Após Santa Catarina, os outros quatro estados com maior incremento populacional por fluxo migratório foram Goiás, com 186.827, Minas Gerais, com 106.499, Mato Grosso, com 103.938, e Paraná, com 85.045.
No top 5 de estados com maior fluxo negativo de migrantes internos, Rio de Janeiro e São Paulo vêm acompanhados de Maranhão, com menos 129.228, Distrito Federal, com menos 99.228, e Pará, com menos 94.097 pessoas.
O estrato populacional que maior número de pessoas que fizeram migração interestadual no período aferido pelo censo foi o de jovens entre 25 e 34 anos. Um em cada cinco migrantes tinha entre 25 e 29 anos - mais de 3,5 milhões de pessoas nessa faixa etária.
Em relação ao Nordeste, a região seguiu perdendo população para outros lugares do Brasil. Entre os estados nordestinos, somente a Paraíba teve saldo positivo no quesito, com 30.952 pessoas.