Desde que foi feita uma denúncia no dia 26 de maio, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) investiga o caso.
Em todos os casos, os animais consumiram rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.
Diante disso, o ministério determinou a suspensão da produção e venda de rações para equinos e, posteriormente, para todas as espécies.
“Esse é um caso único. Nunca, em toda a história do ministério, havíamos identificado a presença dessa substância em ração para equinos', destacou o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.
As análises laboratoriais detectaram a presença de uma substância tóxica proveniente de plantas do gênero crotalaria, que pode causar sérios danos neurológicos e hepáticos, mesmo em pequenas quantidades.
Segundo o Mapa, a contaminação teria ocorrido por uma falha no controle da matéria-prima.
A crotalaria é uma planta usada no Brasil como 'adubo verde' por sua capacidade de fixar nitrogênio no solo.
Entretanto, quando suas favas e sementes se desenvolvem, elas podem acumular monocrotalina, uma substância altamente tóxica para animais e humanos.
Em cavalos, a toxina causa necrose hepática grave, sobrecarregando o fígado e afetando músculos e ossos.
Os sintomas incluem prostração, perda de apetite e hemorragias, levando à morte em poucas horas após a piora.
Apesar de uma decisão judicial permitir que a empresa retome parte da produção (excluindo rações equinas), o Mapa recorreu, alegando riscos sanitários.
Um dos cavalos que morreram devido à contaminação era um garanhão premiado avaliado em R$ 12 milhões.
Quantum de Alcatéia era considerado um dos cavalos mais valiosos e promissores do Brasil. Ele morreu em Atalaia, Alagoas, no dia 25 de junho.
O cavalo era uma referência da raça Mangalarga Marchador, com títulos nacionais e uma produção de descendentes considerada extraordinária.
Além dele, 69 cavalos morreram no mesmo haras, todos com sintomas semelhantes, após a substituição da ração.
Quantum fazia parte de um consórcio de investidores, modelo comum no mercado de cavalos de elite, e sua morte gerou comoção entre os sócios.
'Você é tão grande que fez eu me sentir grande. Um criador comum, até falarem que eu era seu dono [...] Todas as decisões, todos os rumos, todas as escolhas... tudo era definidos em função de você', lamentou Luciano Conceição, um dos sócios do animal.
A Nutratta emitiu uma nota lamentando as mortes e afirmou que reforçou controles de segurança. Ainda assim, criadores criticam a falta de apoio direto.