
O embaixador Assis Chateaubriand, criador dos Di�rios e Emissora Associados, do incr�vel Museu de Arte de S�o Paulo, que � dotado de telas dos mais renomados artistas internacionais, tinha tamb�m uma vis�o de brasilidade muito profunda. E numa �poca de sua movimentada vida, mandou copiar, integralmente, os 12 profetas criados pelo Aleijadinho, que s�o uma das gl�rias de Congonhas. Dois deles foram resgatados e est�o na portaria deste jornal: s�o os profetas Jonas e Ezaquiel, do mesmo tamanho e peso, feitos tamb�m em pedra sab�o. Vieram de S�o Paulo, cada um deles pesa mais que uma tonelada e para viajarem para c� tiveram que ser divididos em duas partes. Na montagem final, receberam os trabalhos do restaurador Adriano Ramos, o maior profissional em barroco de Minas, que tem curso na It�lia. Est�o perfeitos, como foram esculpidos.
Do meu lado, viajando por Portugal, passei uma tarde inteira em Matosinhos, que fica perto do Porto, visitando a disposi��o dos 12 profetas que s�o colocados em lindas capelinhas na descida da igreja de Bom Jesus de Matosinhos. Fiquei maravilhada como uma ideia possa ter existido antes do outro lado do Atl�ntico – a igreja data de 1559, 50 anos, portanto, depois da descoberta do Brasil. Sem falar na beleza da igreja, que ocupa um adro imenso, no alto do morro. Lembro tudo isso porque Congonhas – conhecida como Cidade dos Profetas – j� est� com um clima diferente, a Ladeira Hist�rica, cheia de vida. Os ip�s floriram para anunciar a chegada de mais uma edi��o do Jubileu do Senhor Bom Jesus: a festa da f�, devo��o e cultura que acontece todos os anos de 7 a 14 deste m�s. S�o mais 200 anos de tradi��o, e o Museu de Congonhas estar� de portas abertas para receber as centenas de milhares de pessoas que v�m para pedir, agradecer e desfrutar de umas das maiores e mais antigas peregrina��es religiosas de Minas Gerais.
Os romeiros e turistas ter�o a oportunidade de conhecer o Museu de Congonhas, gratuitamente, de 7 a 22 de setembro, inclusive aos s�bados, domingos e feriados, das 9h �s 17h. O Santu�rio de Bom Jesus de Matosinhos � o principal palco das celebra��es religiosas, realizadas pela reitoria da Bas�lica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, com apoio da Arquidiocese de Mariana. No dia 7, as missas ser�o celebradas �s 7h, 10h, 11h (Grito dos Exclu�dos), 15h (abertura oficial) e �s 18h. De 8 a 13, as celebra��es ocorrem �s 6h, 8h, 10h, 15h e �s 18h. E no dia 14, encerramento da festa, s�o realizadas missas �s 6h, 8h, 10h e 15h (encerramento). Na quarta-feira, dia 11, o Museu de Congonhas recebe a tradicional Roda de Violeiros, a partir das 20h. O evento re�ne m�sicos e romeiros de Congonhas e regi�o para uma noite agrad�vel no anfiteatro do Museu.
Outra novidade � a exibi��o da exposi��o in�dita Bom Jesus de Matosinhos de Portugal. A mostra, que re�ne imagens do fot�grafo lusitano S�rgio Jacques, celebra a f�, a cultura, a devo��o, e sobretudo, a uni�o e gemina��o entre Congonhas (Brasil) e Matosinhos (Portugal), cidades que cultuam a mesma devo��o ao Senhor Bom Jesus. As fotografias registram o Jubileu portugu�s dedicado ao santo, tradicional festividade realizada l� anualmente no m�s de junho. A exposi��o � uma realiza��o da C�mara Municipal de Matosinhos em parceria com a Prefeitura de Congonhas.
A devo��o ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos chegou a Minas Gerais com o fiel portugu�s Feliciano Mendes, que veio em busca de ouro e, nessa procura, perdeu a sa�de. Fez, ent�o, uma promessa ao Bom Jesus e, quando a gra�a foi alcan�ada, empenhou-se em construir o Santu�rio de Bom Jesus de Matosinhos, em 1757. Toda essa hist�ria � contada no Museu de Congonhas, primeiro museu de s�tio do Brasil, criado justamente para fazer a interpreta��o do Santu�rio, que � patrim�nio mundial.