Este s�bado � o principal dia de Natal em Belo Horizonte. Isso porque acontece no Luminis Urban Play o Natal Solid�rio, que re�ne cerca de 700 crian�as atendidas pelas creches mantidas na cidade pelo Estado de Minas, por meio do projeto Jornada Solid�ria. Esta �, de longe, a maior realiza��o de apoio ao menor realizada por uma empresa particular, que cuida o tempo todo para que as creches funcionem dentro de padr�es de qualidade mantidos a ferro e fogo. S� quem atua na �rea sabe o que isso significa, n�o s� em termos de aten��o e trabalho, como tamb�m de gastos.
Imposs�vel relatar aqui o que acontece em um espa�o onde as crian�as encontram brinquedos de todos os tipos para se divertir, personagens de desenhos animados ao vivo para brincar, mesa de doces e salgadinhos que est� sempre aberta, refrigerante � vontade e o grupo de 60 volunt�rios pronto a atender qualquer demanda da meninada. Os adultos n�o conseguem esconder a satisfa��o de assistir a uma festa t�o cercada de informalidade, anima��o e cordialidade. A meninada pinta e borda – mas, frequentadora de todas as edi��es, nunca vi o menor desentendimento. O que se v�, mesmo, � organiza��o – na chegada dos �nibus que trazem as crian�as das creches e as levam de volta, a satisfa��o de todas ao receber na sa�da, das m�os do Papai Noel em pessoa, o presente que, sem d�vida, marca a festan�a.
Tenho um sobrinho-neto que � “penetra” da festa desde os 5 anos. Fica aflito, perguntando quando � que ela vai acontecer. Adora os brinquedos, os escorregadores, aquelas arma��es para subir aqui e ali. Ano passado, conseguiu coragem para enfrentar a tirolesa, aquele brinquedo no qual as crian�as deslizam no ar de um lado para outro, penduradas em uma corda. A coragem � incr�vel, quanto menores elas s�o, mais ficam na fila esperando a vez de aproveitar o voo. Que � realizado com toda seguran�a, nunca vi uma crian�a ficar pendurada ou cair. Por seguran�a, o Mater Dei mant�m no local uma ambul�ncia com enfermeiros, que nunca precisaram atender ningu�m. Mas est�o sempre l�.
Outro lance que as meninas amam � o instituto de beleza. Elas recebem maquilagem, novo penteado, la�os, brincos, pulseiras, enfeitam-se � vontade. Enquanto isso, os meninos se cobrem de tatuagens, todas com figuras conhecidas da imagina��o infantil. A curiosidade extra da manh� � que, apesar de n�o ter regalias aliment�cias em casa, a meninada n�o avan�a nem na mesa de doces nem na de salgadinhos, como era de se esperar e acontece com frequ�ncia em festas de anivers�rio infantis dos mais abonados. As volunt�rias passam boa parte do tempo procurando seduzir a meninada para que aceite um cachorro-quente, um pastelzinho, um p�o de queijo. O preferido � o brigadeiro, que ningu�m rejeita, nem os adultos que acompanham a festa.
Acho impressionante como uma reuni�o t�o grande de crian�as de classes menos favorecidas da cidade possa transcorrer durante tantas horas com um sentimento �nico: o da alegria, da brincadeira. N�o se ouve choro ou pirra�a. N�o h� empurr�o. O esp�rito de Natal e a presen�a de Papai Noel comandam o clima. Se algu�m conhece alguma festa igual, que n�o esconda de mim.