
Ainda sou do tempo de admira��o completa e absoluta por Guignard, que era meu amigo e que evitei explorar como ele o foi, com sua simplicidade, por tantos o que acolheram. Eu gostava tanto dele, e ele de mim, e foi em minha companhia que ele ficou conhecendo o Retiro dos Pedras, para onde o levei para passar uma manh� de domingo. Gostou tanto, e ficou t�o agradecido, que, na volta, quando o deixei na Pra�a da Liberdade, queria que eu ficasse para ele pintar meu retrato. N�o quis e perdi essa raridade.
Foi por causa dessa admira��o e amizade que sugeri a Cyro Siqueira, na �poca presidente do BDMG Cultural, que comemorasse os 50 anos de cria��o de sua Escola do Parque, celeiro de alguns bons nomes que ficaram na arte mineira. Sem meios para manter uma escola formal, ele se reunia com os alunos a c�u aberto, sem custos. Para participar dessa homenagem, que tamb�m marcaria o anivers�rio da capital, os artistas convidados deviam contribuir com uma obra sobre Belo Horizonte, para posteriormente ser doada para o Museu de Arte da Pampulha. A curadoria foi entregue a Sara �vila, ex-aluna de Guignard e tamb� m uma artista representativa no setor. Curiosidade: as obras foram entregues, mas delas nunca mais se ouviu falar.
Em sua apresenta��o, Sara relata que “identificaram-se seus alunos, das diferentes gera��es, n�o s� os que permanecerem ao longo destes anos, no circuito das artes, como aqueles que, por raz�es particulares, mantiveram-se afastados, mas produzindo, mesmo eventualmente”. A exposi��o fez tanto sucesso na cidade, porque em 1996 a arte por aqui j� n�o estava essas coisas, que foi levada para S�o Paulo. A coletiva, que contou com ampla cobertura da imprensa paulista, principalmente por causa de sua novidade, aconteceu na Casa de Minas, que funcionava na capital paulista e que n�o sei se atualmente continua existindo.
Entre os participantes, �lvaro Apocalypse, Am�lcar de Cas tro, Chanina, Haroldo Matos, Heitor Coutinho, Ione Fonseca, Jarbas Juarez, Leda Gontijo, Lizete Meinberg, Maria Helena Andr�s, Santa, Sara �vila, Wilma Martins, Wilde Lacerda e muitos outros. A exposi��o e a valoriza��o dos artistas mineiros n�o foi em v�o. Muitos chegaram ao mercado paulista atrav�s dessa mostra e n�o s�o poucos os que ganharam representatividade e mercado at� hoje.
Tenho conhecida que mant�m, a duras penas, uma galeria de arte na cidade. Como tem meios, vai levando o sonho como pode, com poucas novidades boas para apresentar e atrair compradores e sem muita perspectiva para o futuro. Tem tentado o que pode, lan�ar um artista novo no meio � um sonho e um pesadelo que poucos conseguem enfrentar e levar adiante. Outra dificuldade s�o os leil�es, que n�o est�o faturando de acordo com seus sonhos. E como a divulga��o est� a cada dia mais dif�cil, s� os nomes mais antigos realmente atraem os colecionadores.
Quanto a Guignard, que morreu pobre, uma de suas maiores colecionadoras � sem d�vida a empres�ria Angela Gutierrez, cujo conjunto de pe�as oferece a quem tem acesso �s telas uma vis�o coletiva do trabalho do artista. Outro ponto a seu favor � que na �poca em que foi secret�ria de Cultura conseguiu reabrir o Museu Guignard, que existia em Ouro Preto, promovendo v�rias mostras de artistas no local. Atualmente, n�o sei se o museu est� aberto ou foi fechado por causa da pen�ria das artes em Minas.