
Durante o isolamento social, a rotina de todos foi alterada. Al�m do sono e da alimenta��o, a quantidade de �gua necess�ria a ser ingerida diariamente tamb�m fugiu do controle. Agora, com as baixas temperaturas, o consumo do l�quido diminui ainda mais, aumentando o �ndice de infec��es urin�rias e problemas renais. “Mesmo no frio e em meio � rotina atribulada, nunca podemos deixar de nos hidratar, principalmente as mulheres, j� que a infec��o do trato urin�rio (ITU) as acomete na propor��o de 8 para cada homem”, explica Fernanda Torras, ginecologista e obstetra, membro da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo).
Segundo a m�dica, estima-se que a ITU ocorra em at� 30% das mulheres em algum momento da vida, com um pico de incid�ncia no in�cio da vida sexual, na gesta��o, em casos de desequil�brios hormonais, diabetes, imunodepress�o e um aumento progressivo ap�s a menopausa. “Isso ocorre devido � varia��o na anatomia feminina, pois a uretra da mulher (�rg�o por onde a urina � escoada da bexiga e tem seu ponto de sa�da na vulva) � mais curta e mais pr�xima do �nus do que a uretra dos homens, possibilitando que bact�rias do trato intestinal ascendam mais facilmente para a bexiga”, afirma Fernanda Torras.
A infec��o do trato urin�rio pode ocorrer em qualquer parte do sistema urin�rio, que engloba a uretra, bexiga, ureteres e os rins. A infec��o da bexiga, que � a mais comum, � chamada de cistite. A escherichia coli � a bact�ria respons�vel por cerca de 80% das ITUs. Trata-se de um micro-organismo normal da flora intestinal. Os sintomas mais frequentes da ITU s�o: poli�ria (aumento do n�mero de mic��es), polaci�ria (aumento do n�mero de mic��es com diminui��o do volume da urina), dor ao urinar, dor p�lvica e altera��es da colora��o e odor da urina. Os sintomas podem aparecer em conjunto ou isoladamente. O diagn�stico � feito por exame cl�nico e laboratorial. J� o diagn�stico de certeza � dado pela urocultura (exame de urina mais indicado para detectar a infec��o).
De acordo com Fernanda Torras, muitas pessoas est�o receosas de buscar ajuda no hospital por conta da pandemia. “No entanto, se n�o tratadas, as infec��es urin�rias da bexiga ou uretra podem evoluir para a pielonefrite (infec��o do rim), para uma doen�a renal cr�nica ou at� sepse e morte”, alerta a ginecologista.
A preven��o da infec��o urin�ria deve ser realizada das seguintes formas: higiene �ntima adequada, principalmente ap�s a evacua��o; ter rela��es sexuais com a bexiga relativamente cheia e urinar logo ap�s o ato; ingest�o abundante de l�quidos; evitar longos per�odos de tempo sem urinar; fazer uso de extratos de cranberry, que reduzem a capacidade da bact�ria em aderir ao tecido do trato urin�rio; evitar contraceptivos como diafragma, capuz cervical e espermicidas, pois esses podem alterar a flora vaginal, aumentando o risco de infec��o recorrente; fazer uso de estrog�nio t�pico na p�s-menopausa, principalmente se houver infec��o recorrente.
O �nico tratamento para as infec��es urin�rias s�o os antibi�ticos, que matam as bact�rias causadoras da doen�a. H� outros tipos de medicamentos que podem ser utilizados para dor ou preven��o, mas n�o para o tratamento. Em caso de infec��es de repeti��o, o ideal � procurar um especialista para avaliar se h� algum fator predisponente e indicar qual o melhor m�todo de preven��o que dever� ser utilizado. “Vale refor�ar que a quarentena n�o � desculpa para n�o se cuidar. Ao contr�rio. Da mesma forma que a pandemia nos exige higiene e cuidados constantes, devemos estender as regras para a sa�de f�sica como um todo”, finaliza Fernanda Torras.