As crian�as da fam�lia que nunca ouviram ou tiveram ideia do que podia ser um ti�, acham a maior gra�a quando falo que estou surda como um ti�. Tirando um pouco o exagero, minha situa��o � bem essa. Comprei, h� pelo menos uns sete anos, aquele aparelhinho lindo, caro e sob medida que � produzido pela Audium da Savassi. Mas tenho uma pregui�a danada de usar os aparelhos, porque as pilhas precisam ser trocadas – opera��o delicada – e n�o tenho paci�ncia. Mas o pessoal da empresa � bem legal, estava h� tanto tempo sem aparecer por l� que me chamaram para uma revis�o – que n�o custa nada.
Com a idade, a reclus�o provocada pela pandemia, escuto cada vez menos. E noto isso na pergunta��o que fico, principalmente quando amigos e parentes se re�nem em minha casa. Tenho certeza de que nos tempos dif�ceis em que vivemos � preciso, acima de tudo, cultivar a alegria do conv�vio com familiares e amigos, e estar conectados ao mundo. Para quem chegou aos 60 anos, e j� estou longe disso, os desafios s�o ainda maiores: aceitar as limita��es que a idade imp�e e saber envelhecer. Para isso, � fundamental manter uma boa audi��o. S� assim � poss�vel participar das conversas, curtir uma boa m�sica e assistir a um programa na TV. A surdez � uma das mais cru�is dificuldades que afetam o dia a dia do idoso porque pode afast�-lo da vida em sociedade.
Com o passar do tempo, as c�lulas auditivas se degeneram devido ao desgaste natural do corpo. Mas n�o � s�. H�bitos ruins que cultivamos ao longo da vida, como o contato frequente com sons altos e ambientes barulhentos, podem agravar o processo de perda auditiva, que � cont�nuo. Quanto mais essas c�lulas s�o perdidas, maior � a dificuldade auditiva. E pessoas que n�o escutam bem podem ter problemas de relacionamento, preferindo o isolamento, que pode lev�-las � depress�o e at� �dem�ncia.
"Ainda percebemos uma forte resist�ncia dos idosos em admitir a perda auditiva. Muitos relutam durante v�rios anos. Com isso, o conv�vio em fam�lia fica mais dif�cil. E entre casais � um fardo pesado para o marido ou a esposa ter de conviver com algu�m que finge simplesmente que a dificuldade de ouvir n�o existe. Por isso, � importante tentar convencer esses idosos a buscarem tratamento. E para tal, o tratamento � a adapta��o de aparelhos auditivos, que trazem melhorias significativas na comunica��o e na qualidade de vida", afirma a fonoaudi�loga Rafaella Cardoso, especialista em audiologia da Telex Solu��es Auditivas.
O processo de perda auditiva � diferente em cada indiv�duo. Depende de v�rios fatores, inclusive gen�ticos. No entanto, depois dos 65 anos, a perda auditiva, conhecida como presbiacusia, tende a ser mais severa. Por isso, o melhor � procurar um m�dico otorrinolaringologista aos primeiros sinais de dificuldade para ouvir. "O uso di�rio do aparelho auditivo e o apoio da fam�lia s�o essenciais para que o idoso reduza a depend�ncia e resgate a autoestima. Infelizmente, muitas vezes, quando se procura tratamento, o caso j� ficou grave. A perda de audi��o � lenta e progressiva e, com o decorrer dos anos, se n�o for tratada, atinge um est�gio mais avan�ado", explica a fonoaudi�loga.
Rafaella ainda acrescenta: "Cuidar da sa�de auditiva � t�o importante quanto cuidar do resto do corpo. E na �rea auditiva, a tecnologia cada vez mais avan�ada � uma grande aliada. Os modernos aparelhos auditivos digitais, bem pequenos, otimizam a audi��o, sem constrangimentos, e facilitam, inclusive, a intera��o com o mundo virtual, por meio de conex�o sem fios com laptops, celulares e outros eletr�nicos".
Sintomas que podem indicar os primeiros ind�cios de perda auditiva: assistir � TV em volume mais alto do que as outras pessoas da casa, pedindo constantemente para aumentar o som; n�o ouvir quando � chamado por uma pessoa que n�o est� � sua frente ou que se encontra em outro c�modo; comunicar-se com dificuldade quando est� em grupo ou em uma reuni�o; pedir com frequ�ncia que as pessoas repitam o que disseram; ouvir as pessoas falando como se elas estivessem sussurrando; ficar embara�ado ao n�o entender o que outro diz pelo telefone; dificuldade em comunicar-se em ambientes ruidosos, como no carro, no �nibus ou em uma festa; fazer uso de leitura labial durante uma conversa; fam�lia e amigos comentam que voc� n�o est� ouvindo bem; se concentrar muito para entender o que as pessoas falam.