
O acesso de pessoas transg�nero a cirurgias pl�sticas e de afirma��o de g�nero est� crescendo no Brasil e no mundo. Esses procedimentos s�o buscados devido ao inc�modo causado pela discord�ncia entre a identidade de g�nero do paciente e o sexo designado ao nascer, o que � chamado de disforia de g�nero.
Entre as cirurgias de afirma��o de g�nero, a mastectomia masculinizadora � uma das mais procuradas, de acordo com o cirurgi�o pl�stico Alexandre Char�o, membro associado da Brazilian Association of Plastic Surgeons (Baps).
“As mamas s�o o maior s�mbolo da feminilidade, e n�o o �rg�o genital, como muitos acreditam. Justamente por esse motivo, muitos dos meus pacientes n�o buscam a cirurgia genital, mas a mastectomia. Quando um homem transg�nero se decide pela transi��o, h� grande inc�modo com a presen�a das mamas, que agridem sua autoimagem e prejudicam sua autoestima. Por isso, esses pacientes buscam o cirurgi�o pl�stico para realizar a mastectomia”, diz o m�dico.
A Baps explica que por ser motivada por uma disforia de g�nero, a mastectomia, quando devidamente indicada pelo m�dico especialista, se enquadra na legisla��o brasileira como cirurgia reparadora. Al�m disso, pode ser realizada no Sistema �nico de Sa�de (SUS).
“O objetivo da mastectomia � a remo��o da gl�ndula mam�ria e tecido adiposo, a retirada do excesso de pele e o reposicionamento da ar�ola e do mamilo”, informa o cirurgi�o pl�stico. A t�cnica utilizada ser� escolhida pelo especialista de acordo com uma s�rie de fatores, como o volume e o grau de ptose da mama e a quantidade de excesso de pele.
“A cirurgia pode ser realizada por meio de incis�es periareolares, isto �, ao redor da ar�ola, ou por incis�es horizontais, acima do mamilo e abaixo da mama, para retirada completa da mama com posterior enxerto livre do mamilo e ar�ola”, detalha Alexandre Char�o.
A mastectomia ainda pode ser associada � lipoaspira��o para reduzir a quantidade de tecido adiposo e melhorar os resultados.
As cicatrizes variam dependendo da t�cnica utilizada, sendo maiores no caso das incis�es horizontais. “Devido � hormonioterapia com uso de testosterona, comumente adotada por esses pacientes, h� maior risco de cicatrizes hipertr�ficas”, alerta o m�dico.
De acordo com ele, a maioria dos pacientes que se submetem � mastectomia masculinizadora n�o est� t�o preocupada com a apar�ncia da cicatriz. “O principal desejo dos transg�neros � conquistar um contorno tor�cico bem definido, sem sobras de pele ou sali�ncia.”
Mas a Baps ressalta que, antes de se submeter ao procedimento, o paciente deve ser avaliado por um profissional experiente e devidamente certificado. “Na d�vida, verifique se o profissional conta com RQE, o registro de qualifica��o de especialidade, e acompanhe outros casos nas redes sociais do m�dico”, aconselha Char�o.
H� requisitos espec�ficos para a realiza��o da mastectomia. A idade m�nima � de 18 anos. “Al�m disso, o paciente deve realizar previamente um ano de acompanhamento interdisciplinar, incluindo um profissional de sa�de mental e um endocrinologista. Aconselha-se que ele apresente �ndice de massa corporal (IMC) menor ou igual a 27, pois o risco de complica��es aumenta no caso de obesos. O uso de horm�nios deve ser interrompido tr�s semanas antes da cirurgia para reduzir o risco de trombose”, detalha o m�dico.
Apesar de a hormonioterapia n�o ser requisito para a realiza��o da cirurgia, � interessante, caso o paciente deseje, inici�-la antes do procedimento, pois horm�nios andr�genos geram atrofia do epit�lio mam�rio, o que facilita a opera��o.
No per�odo p�s-operat�rio, o paciente deve usar dreno e curativos por sete dias, al�m de colete cir�rgico por cerca de um m�s. Sess�es de fisioterapia podem ser indicadas para restabelecer a movimenta��o do bra�o e do ombro.
O c�ncer de mama preocupa homens transg�nero que realizaram a mastectomia. A Baps informa que os dados ainda s�o escassos, mas evid�ncias apontam que pacientes que passaram pelo procedimento e fazem uso de testosterona t�m menor risco de desenvolver a doen�a.
“Ainda assim, a realiza��o anual de exames da parede tor�cica para identifica��o precoce do c�ncer de mama � fundamental, principalmente para pacientes com hist�rico familiar da doen�a”, finaliza o m�dico Alexandre Char�o.
