
Minha amiga Tet� sempre me lembra disso: ningu�m � ilha!
Nas �ltimas semanas, tenho visto uma movimenta��o diferente, a��es solid�rias de pessoas preocupadas com o outro. Preocupa��o com o social que vai muito al�m do dilema entre salvar vidas ou salvar a economia. Afinal, sem vidas n�o h� economia, mas � preciso manter a economia para evitar a fome. E para isso s�o importantes a��es do governo, e uma delas � o aux�lio emergencial. Algumas pessoas j� come�aram a receber, outras ainda est�o em an�lise. E enquanto esses processos n�o s�o analisados elas n�o t�m dinheiro para o b�sico.
Ontem, uma pessoa me pediu ajuda, ela e o marido est�o usando os �ltimos recursos que t�m para comprar comida, mas j� est�o com contas atrasadas e n�o t�m de onde tirar. Ambos s�o trabalhadores informais, ele � motorista de aplicativo, ela trabalha com eventos, duas �reas que foram muito afetadas nesse momentos. Est�o se reinventando, criaram a Maria Macarr�o e est�o fazendo comida para entregar na casa das pessoas na regi�o do Barreiro. Mas os pedidos n�o est�o chegando na quantidade que eles precisavam para equilibrar as contas.
N�o s�o s� os aut�nomos que est�o passando por dificuldades, os pequenos empres�rios t�m sofrido para manter as contas em dia, al�m da folha de pagamento. Eles tamb�m precisam de ajuda do governo. Reabrir o com�rcio em meio a uma pandemia n�o vai fazer as pessoas voltarem a consumir como antes.
Essa situa��o se repete em muitas casas do pa�s e n�o se d� por causa do isolamento, e sim por causa do medo do v�rus. Mesmo quem n�o perdeu renda n�o quer, neste momento, gastar com itens que n�o sejam de primeira necessidade. A forma de consumo mudou. Quem pode gastar n�o est� comprando roupas, sapatos, sal�o de beleza, est� gastando com produtos que facilitam a vida e as tarefas dentro de casa. Sonho de consumo hoje � rob� que limpa o ch�o e lava-lou�a.
Ficar em casa para achatar a curva � f�cil para um percentual pequeno da popula��o, sabemos disso. Esse � o pre�o da enorme desigualdade social que existe no Brasil.
Em meio ao caos, pessoas se unem para ajudar os mais vulner�veis. Um grupo de mulheres (Ruas sem Fome) cozinha e leva marmitas para moradores de rua que n�o t�m a quem recorrer. Outro grupo cria o Mercado Solid�rio para divulgar os produtos e servi�os de pequenos empreendedores. Mulheres dedicam seu tempo para fazer m�scaras de tecido para doa��o. Terapeutas abrem hor�rios gratuitos para profissionais da sa�de.
Uma for�a-tarefa, Periferia Viva, � criada para conectar iniciativas, campanhas e demandas da sociedade civil a quem pode contribuir e fortalecer essa rede de solidariedade.
Minha amiga, a psic�loga Daniela Salum criou a campanha Pano Rosa na Janela, para identificar quem precisa de ajuda com alimentos. Muitas pessoas querem e podem doar, mas n�o sabem a quem doar. A a��o vale para a periferia, onde as condi��es s�o mais prec�rias e as pessoas mais vulner�veis, mas vale tamb�m para aquele profissional liberal que mora em um apartamento, mas que perdeu sua renda e n�o est� conseguindo comprar comida. Na Col�mbia, bandeiras vermelhas nas janelas sinalizam necessidade de ajuda. Essa campanha n�o tem o objetivo de centralizar as doa��es, mas de espalhar o amor mostrando o que podemos fazer uns pelos outros.
Esses s�o apenas alguns exemplos de a��es que v�m acontecendo e podem se multiplicar.
Al�m de iniciativas da sociedade civil, precisamos agradecer por ter um Sistema �nico de Sa�de, que n�o � perfeito, mas possibilita que grande parte da popula��o tenha acesso a tratamentos de sa�de.
Ningu�m � uma ilha, estamos todos conectados. Ainda h� muita gente negando a pandemia, essas pessoas n�o querem di�logo, n�o acreditam na ci�ncia. A �nica forma de manter nossa sa�de mental � focar no que podemos fazer pelos outros e ignorar o que n�o pode ser feito.
Tem um meme que cabe muito bem nesse momento:
“– Mestre, qual o segredo da felicidade?
– N�o discutir com idiotas.
– N�o concordo que esse seja o segredo.
– Voc� tem raz�o.”
Se voc� conhece mais alguma iniciativa pelo bem comum, conte para a gente, vamos compartilhar o que � bom. Vamos ajudar as pessoas a manter o isolamento. N�o somos ilha.
#oamor�oquenosune