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Estado de Minas PADECENDO

Lidando com a morte durante o isolamento

'N�o pudemos nos despedir nem nos abra�ar. � assim que tem sido cada vez que algu�m querido se vai neste momento de isolamento social'


postado em 17/05/2020 04:00 / atualizado em 13/05/2020 17:32

(foto: Depositphotos/divulgação)
(foto: Depositphotos/divulga��o)

 

 Em 12 de maio, perdemos uma amiga, Patr�cia Gonz�les, m�e de duas menininhas lindas, participante ativa do nosso grupo, membro da Charanga das Pad�s e autora do nosso samba-enredo O amor � o que nos une.

 

Pat n�o foi levada pela COVID-19, mas por um c�ncer contra o qual lutou bravamente por meses e meses. N�o pudemos nos despedir nem nos abra�ar. � assim que tem sido cada vez que algu�m querido se vai neste momento de isolamento social. Partidas sem abra�os. Despedidas sem presen�a.

 

Se para n�s, adultos, j� � dif�cil, imagine para as crian�as. Precisamos estar preparadas para conversar com elas sobre isso.

 

Compartilho com voc�s uma passagem do meu livro Sem para�so e sem ma��, que teve o lan�amento adiado por causa do coronav�rus, mas que ser� lan�ado agora em junho. Um momento que vivi com meu filho no ano passado, mas que vale para todas as despedidas.

 

“A morte

 

O menino reclamou de dor na barriga.

 

Diagnostiquei a ansiedade.

 

Estava com dificuldade para pegar no sono.

 

Estava impressionado com a lama e as mortes em Brumadinho.

 

Mais uma vez tive que lidar com o medo da morte.

 

Explicar que todo mundo morre.

 

Que morrer n�o d�i, que � s� uma passagem.

 

Para ele entender, hoje eu falei sobre quando ele nasceu:

 

Voc� estava quentinho dentro da minha barriga.

 

Dentro de um l�quido.

 

No escurinho gostoso.

 

O dia chegou e voc� precisou sair.

 

Passar por um canal.

 

Chegar do lado de fora, no seco.

 

Voc� n�o sabia o que tinha do outro lado, o que te esperava.

 

N�o foi ruim.

 

Eu e seu pai te esper�vamos.

 

N�s tamb�m est�vamos com medo, a gente n�o te conhecia.

 

A gente esperava por voc� sem saber como voc� seria.

 

E n�s ficamos felizes.

 

Voc� foi para o meu colo e ficou tudo bem.

 

N�o dava para ficar mais tempo na minha barriga.

 

Chegou a sua hora.

 

Assim tamb�m � a vida.

 

N�o d� para ficar aqui eternamente,

 

Nossa hora chega e a gente tem que passar.

 

Cada um tem seu tempo, sua hora.

 

A hora chega, a gente passa.

 

Quem fica sente saudade, sofre.

 

Mas um dia passa tamb�m.

 

O que tem do outro lado eu n�o sei te dizer, mas n�o pode ser ruim.”

 

Meu abra�o virtual a todos que perderam algu�m querido e n�o puderam receber abra�os e carinhos presenciais. Sejamos resilientes, pois n�o temos outra alternativa.

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