Chique como p�rola negra �...
H� quem diga que eleg�ncia tem a ver com o vestir. Deve ter. H� quem diga que tem a ver com o comportar-se � mesa. Deve ter. H� quem diga que tem a ver com o sentar, andar, dirigir-se aos outros. Deve ter. H� quem diga que tem a ver com a empatia. Deve ter. H� quem diga que tem a ver com tudo isso. Mas n�o s�. H� itens que sobressaem porque se relacionam com a l�ngua. Somados aos citados, tornam a pessoa chique como p�rola negra. Quais s�o?
Ser generoso. Leia muitas hist�rias para as crian�as. D� emo��o � voz. Deixe-as tocar as ilustra��es. D�-lhes tempo para sonhar, viver outras vidas, soltar a imagina��o. Assim nasce um leitor.
Ser coerente. Harmonize a linguagem do corpo com as palavras. Ao falar, a gente se comunica por inteiro. A express�o do rosto, os gestos, o olhar, a respira��o, a voz, a maneira de vestir-se, tudo conta. Segundo pesquisa da Universidade de Stanford, o corpo responde por 45% da mensagem; o tom da voz, 20%; as palavras, 30%.
Ser natural. Imagine que o leitor esteja � sua frente ou ao telefone conversando com voc�. Fique � vontade. Espaceje suas frases com pausas. Sempre que couber, introduza uma pergunta direta. Confira a seu texto um toque humano. Voc� est� escrevendo para pessoas. Pascal explica: “Quando descobrimos um estilo natural, ficamos espantados e satisfeitos porque esper�vamos um autor e encontramos um ser humano”.
Ser simples. Siga o exemplo de Franklin Delano Roosevelt. Um assessor queria fazer bonito. Apresentou-lhe esta frase num discurso: “Esfor�ar-nos-emos para criar uma sociedade mais inclusiva”. O presidente americano leu-a em voz alta. Achou-a pretensiosa e oca. Substituiu-a por: “Vamos construir um pa�s em que ningu�m fique de fora”.
Ser positivo. Diga o que �, nunca o que n�o �. Em vez de dizer que “ele n�o � honesto”, diga que “ele � desonesto”. Em vez de “ele n�o assiste regularmente �s aulas”, prefira “ele falta com frequ�ncia �s aulas”. Em vez de “ele n�o passou no teste”, escreva “ele foi reprovado no teste”.

Ser consistente. Siga a dica de Georges Simenon: “Corto adjetivos, adv�rbios e todo tipo de palavra que est� l� s� para fazer efeito”. Eis um exemplo: (Geralmente) procuro fazer meu (inadi�vel) trabalho com o aux�lio de (dedicados) funcion�rios da reparti��o.
Ser breve. Os voc�bulos longos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor. X�! Em vez de unicamente, use s�. Em lugar de falecer, morrer. Substitua f�retro por caix�o, obviamente por � claro, morosidade por lentid�o. E siga o exemplo de Carlos Lacerda: “M�e � m�e. Genitora � a tua. Progenitora � a v�”.
Ser persistente. Escreva todos os dias uma p�gina. Pode ser sobre qualquer assunto: a receita do bolo, o coment�rio da novela, o sonho da noite, a conversa com o amigo, o artigo lido, o encontro inesperado, a rotina do dia a dia. Depois, jogue no lixo. Em um m�s, a cabe�a e as m�os estar�o desinibidas. O medo? Far� companhia aos pap�is descartados. J� vai tarde.
Ser organizado. Planeje o texto. Siga o conselho do uruguaio Horacio Quiroga: “N�o comece a escrever sem saber aonde ir. Em um bom texto, as tr�s primeiras linhas t�m quase a mesma import�ncia que as tr�s �ltimas.” Em Alice no pa�s das maravilhas, o Coelho Branco, quando lhe perguntaram por onde come�ar o texto, respondeu: “Comece pelo come�o e v� at� o fim. Ent�o, pare”.
Leitor pergunta
Qual o limite no WhatsApp?
Jenifer Lacerda, Olinda
S� encaminhe v�deos, fotos e mensagens que interessem � pessoa. Entupir o celular do outro de inutilidades tem pre�o – a irrelev�ncia. A pessoa deixa o post pra l�.