''O pre�o do petr�leo ficou mais barato''. Bobearam na gram�tica

A economia mundial engatou a marcha lenta. O pre�o do petr�leo foi atr�s. Pra evitar quedas maiores, a Organiza��o dos Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep) quis fazer um acordo com a R�ssia. Fracassou. Em repres�lia, a Ar�bia Saudita, maior produtor da commodity, aumentou a produ��o. Resultado: o pre�o despencou mais de 30%. O fato virou not�cia. Ganhou manchetes em Europa, Fran�a e Bahia. A�, aconteceu. Rep�rteres anunciaram que “o pre�o do petr�leo ficou mais barato”. Bobearam. Barato e caro est�o inclu�dos na palavra pre�o. � redund�ncia dizer pre�o barato ou pre�o caro. O pre�o pode ser alto, baixo, m�dico, razo�vel, convidativo, exorbitante. E por a� vai.

Produtos ou servi�os s�o caros ou baratos: A gasolina � cara no Brasil. O diesel tamb�m � caro, mas um pouco mais barato. Paguei barato pelo quadro no leil�o. Com a safra generosa, a cesta b�sica fica mais barata. No Nordeste, a lagosta � mais barata que no Sudeste.

A origem de barato? A palavra vem da l�ngua do povo que mais sabe negociar no mundo. � o �rabe. Na l�ngua de Maom� e na de Cam�es, mant�m o significado: baixo pre�o. Ora, o bolso � a parte mais sens�vel do corpo. Da� por que nasceu a express�o verde-amarela “o maior barato”. Eta coisa boa!

Apareceu no v�deo de Bolsonaro: “mal gosto”. O Valor publicou o trope�o entre aspas. Leitores n�o entenderam. Atribu�ram o erro ao jornal. N�o deu outra. Postaram no Twitter. Houve ataques e defesas. Na confus�o, a diquinha do troca-troca tentou apaziguar os �nimos. � esta:

O contr�rio de mal � bem: mal-humorado, bem-humorado.

O contr�rio de bom � mau: mau gosto, bom gosto.

Ser generoso com o leitor �...

Escrever com simplicidade. Pascal explica: “Quando descobrimos um estilo natural, ficamos espantados e satisfeitos, pois esper�vamos um autor e encontramos um ser humano”.

“A redu��o do crescimento chin�s implica em forte desacelera��o geral”, escreveu o colunista. Ele se esqueceu de pormenor pra l� de importante. Implicar implica e complica. Tem tr�s reg�ncias:

1. No sentido de produzir como consequ�ncia, � transitivo direto. N�o pede preposi��o: Guerra implica aumento da corrida armamentista. A mudan�a do ministro implicou altera��o da equipe. A redu��o do crescimento chin�s implica forte desacelera��o geral.

2. Na acep��o de envolver, comprometer, � transitivo direto e indireto: O delator implicou o deputado no esc�ndalo. A empres�ria paraguaia implicou Ronaldinho na falsifica��o do passaporte.

3. No sentido de ter implic�ncia, � transitivo indireto. Pede a preposi��o com: O professor implicou com o novato no primeiro encontro. O estagi�rio implica com os colegas. � natural que irm�os impliquem um com o outro.

Vejo o jornal grafar o plural de corrim�o como corrim�es. Sou filho e neto de professores, que me propiciaram excelentes livros para uma leitura sadia e construtiva. Essa forma de plural me causa espanto. Em Portugal � aceita, n�o sei o motivo. Consultei o Aur�lio. Ele frisa que o plural de corrim�o � corrim�os. Qual a sua opini�o?  

O Houaiss registra os dois plurais – corrim�o e corrim�es. Portanto, ambas as formas est�o corretas. Mas... a l�ngua � como a mulher de C�sar. N�o era suficiente a primeira-dama de Roma ser honesta. Ela tinha de parecer honesta. Mudando o que deve ser mudado, dizemos que a l�ngua n�o s� tem de ser correta. Tem de parecer correta. Neste pa�s tropical, corrim�es est� certo, mas parece errado.

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Abro o jornal e me deparo com “p�ssego em caldas”. Esquisito, n�o?

A forma � p�ssego em calda ou p�ssegos em calda. O mesmo vale para as demais del�cias: figo em calda ou figos em calda, goiaba em calda ou goiabas em calda, pera em calda ou peras em calda.