De Cupidos e flechas
Sexta � Dia dos Namorados. Cupido pede passagem. Ningu�m escapa. De venda nos olhos, arco e flecha nas m�os, ele n�o escolhe hora nem lugar. Menino, menina, adulto, adulta, idoso, idosa, todos correm perigo. Queiram ou n�o, podem levar uma flechada. O resultado � sempre o mesmo. O atingido fica apaixonad�ssimo. Por isso chamam o garotinho de deus do amor. A flecha j� feriu voc�?
Para viver um grande amor
O amor � cego, mas n�o � surdo. Para mergulhar em paix�o, cuidado com o vocabul�rio amoroso. No in�cio da rela��o, os verbos t�m uma marca. S�o transitivos diretos. Paquerar, namorar, abra�ar e beijar dispensam intermedi�rios. Todos eles mandam a preposi��o tentar outra freguesia: Maria paquera Lu�s. Lu�s paquera Maria. Maria namora Lu�s. Lu�s a namora. Lu�s abra�a Maria. Maria o abra�a. Maria beija Lu�s. Lu�s a beija.
Sem intermedi�rios
Vela � coisa dos tempos em que Ad�o e Eva usavam fraldas. Irm�o, irm�, primo ou prima ficar no meio dos apaixonados j� era. Seja contempor�neo. N�o diga namorar com. Ou paquerar com. A preposi��o p�e pra correr o grande amor. Valha-nos, Deus!
De Vinicius, o poetinha
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Viu? O poetinha usou “mesmo em face do maior encanto”. Muitos questionam. Dizem que a locu��o deveria ser “face ao”. E da�? Nota 10 pro Vinicius. Face a n�o existe. A forma � em face de: Em face do exposto, determino o arquivamento do processo. Em face da silabada, a garota bateu asas e voou.
Coisas do Olimpo
Hermes e Afrodite se casaram. Tiveram um filho. Que nome lhe dar? Inspiraram-se nos brasileiros. Chamaram-no Afrodito. Um pedacinho vem de Hermes. O outro, de Afrodite. O garotinho era lindo como a m�e, mais conhecida por V�nus. A ninfa Salmaris caiu de amores por ele. A paix�o era tal que comoveu os deuses. Cheia de truques, a mocinha conseguiu que eles fundissem os dois num s� corpo. Da� nasceu a palavra andr�gino. O voc�bulo � composto de andros (homem) e gyn� (mulher). O andr�gino possui, ao mesmo tempo, a natureza masculina e a feminina.
Jogo de sedu��o
Jo�o se separou da mulher. Viveu o luto. O tempo passou. Num s�bado, acordou alegre. Vestiu roupa nova e ganhou a rua. No bar, encontrou amigos. Entre um chopinho e outro, pintou a paquera. L� foi ele. Copo na m�o e dentes � mostra, chegou-se sem pressa. Olhos nos olhos, perguntou sedutor:
– Posso me sentar na sua mesa?
– De jeito nenhum. Pega mal.
– Voc� tem compromisso?
– N�o.
– Ent�o...
– Se voc� se sentar na mesa, vai disputar o espa�o com a cerveja e os pasteizinhos.
Ele se lembrou da li��o da professora Valci. Ela ensinou que, para indicar proximidade ou vizinhan�a, s� a preposi��o a tem vez. Sorridente, disse baixinho:
– Eu quero p�r o copo na mesa e sentar-me � mesa. Posso?
Eles se sentam � mesa at� hoje. Falam ao telefone todos os dias. Ficam um temp�o � porta conversando. No avi�o, disputam lugar � janela. Volta e meia, cochicham ao ouvido um do outro.
At� quando?
Segundo Vinicius, o amor � infinito enquanto dura. Mill�r disse de outro jeitinho: “Eterno no amor tem o mesmo sentido que permanente no cabelo”. Ser�?
"Amor � fogo que arde sem se ver, / � ferida que d�i, e n�o se sente; / � um contentamento descontente, / � dor que desatina sem doer"
Cam�es
Leitor pergunta
Em “gra�as a Deus” ocorre crase?
. Ceres Silveira, Porto Alegre
Deus � nome masculino (o Deus). Como todos os masculinos, agradece, mas dispensa o acentinho.