
De olho nas urnas
“Eu tamb�m quero”, dizem pol�ticos de olho em prefeituras e c�maras de vereadores. Distribuem santinhos, visitam eleitores, pegam criancinhas no colo. E prometem. Prometem mundos e fundos pra conquistar poder neste Brasilz�o sem fim.
Se colar, a criatura vai em frente e recebe a b�n��o das urnas. Se n�o colar, recolhe-se ao anonimato. Ter�o valido os cinco minutos de exposi��o p�blica. E, de quebra, uma dica de portugu�s.
Trata-se da origem da palavra candidato. Ela vem do latim candidatus, que significa vestido de branco. A escolha da cor tem explica��o: vincular a figura do postulante � ideia de pureza e honradez que o branco simboliza.
Pid�o
Candidatos pedem votos. Por isso, pedir � um dos verbos mais conjugados na campanha. Us�-lo como manda a reg�ncia pega bem como agradecer uma gentileza ou dar bom-dia ao entrar no elevador. Olho na preposi��o:
Pedir para age �s escuras. Como quem n�o quer nada, esconde a palavra licen�a. Assim: O filho pediu ao pai (licen�a) para sair � noite. O aluno pedir� ao professor (licen�a) para entregar o trabalho com dois dias de atraso. Pe�amos (licen�a) para sair.
Pedir que gosta de clareza. Ao usar a duplinha, a pessoa solicita (n�o pede licen�a): O diretor pediu que todos colaborassem. O presidente pede que os manifestantes se contenham. O sacerdote pedir� que os fi�is colaborem com a causa.
Sim...mas
Marqueteiros orientam os pol�ticos nas manhas do discurso sim…mas. Ensinam que vale o que vem depois do mas. A conjun��o suaviza o que foi dito e enfatiza o que vem depois: O prefeito fez muito, mas obteve poucos resultados. O candidato tem boas inten��es, mas o programa n�o diz nada. Maria estuda muito, mas tira notas baixas.
Reparou na malandragem? A frase elogia, mas, em seguida, desqualifica. Pega bem ser generoso. Basta mudar a ordem: O prefeito obteve poucos resultados, mas fez muito. O programa n�o diz nada, mas o candidato tem boas inten��es. Maria tira notas baixas, mas estuda muito.
Ascendentes e descendentes
A palavra mais ouvida nos �ltimos dias? � pesquisa. Ibope e Datafolha, PoderData & cia. fazem mais sucesso que novela. Tanta popularidade cobra pre�o alto. Ao escrever a triss�laba e respectiva filharada, muitos trope�am na grafia. D�o a vez ao z em vez do s. Esquecem-se de pormenor pra l� de importante.
Na l�ngua, impera esta regra: a fam�lia acima de tudo. Se o paiz�o se grafa com s, os descendentes conservam a letrinha. � o caso de pesquisa, pesquisar, pesquisador, pesquisado, pesquisinha, pesquisona. � o caso tamb�m de camisa, camisaria, camiseiro, camisinha, camisola. � o caso ainda de pa�s, paisinho, pais�o, paiseco.
Sem exce��o
A regra n�o � privil�gio do s. Vale para as demais letras. Viajar, por exemplo, se escreve com j. Todas as formas do verbo ser�o fi�is a ele: viajo, viaja, viajamos, viajam; viaje, viajes, viajemos, viajem.
Nariz, rapaz, capuz, raiz, juiz e vez exibem z. A lanterninha do alfabeto permanece firme e forte nos derivados: narizinho, rapazinho, rapazote, capuzinho, encapuzar, raizinha, enraizar, enraizado, ju�zo, ajuizar, vezinha, vezeiro, revezar.
Leitor pergunta
Na abertura p�s-pandemia, o esporte voltou ao dia a dia das pessoas. Ganhar, perder e empatar retornaram �s manchetes. Qual a preposi��o que cada um exige?
Jo�o Marcelo, Erechim
1. O time ganha de outro por ou de: O Flamengo (feminino) ganhou do Carioc�o por 59 a 0 (ou de 59 a 0).
2. O time perde para outro por ou de: O Carioc�o perdeu para o Flamengo por 59 a 0 (ou de 59 a 0).
3. O time empata com outro por ou de: O Flamengo empatar� com o Carioc�o por 0 a 0 (ou de 0 a 0).
Recado
“Lutar com palavras/ � a luta mais v�. / Enquanto lutamos / mal rompe a manh�.”
Carlos Drummond de Andrade