
Voc� est� preocupado com as superlota��es dos hospitais? Todos n�s estamos, e alguns est�o na frente das decis�es de quem ocupar� o pr�ximo leito hospitalar. Com ocupa��o na capital mineira de 2.217 leitos de enfermaria e 1.126 leitos de UTI, a COVID-19 n�o d� tr�gua e os n�meros, quando comparados a outras cidades, por incr�vel que pare�a, n�o s�o dos piores. O Brasil bateu novo recorde e j� registrou mais de 4 mil mortes por COVID-19 em um �nico dia.
O isolamento social e a higieniza��o correta continuam sendo a��es necess�rias e podem ser adotadas por cada um de n�s. A vacina��o vem caminhando, n�o na velocidade que gostar�amos, mas est� caminhando. Al�m delas, h� uma outra estrat�gia que j� comentamos aqui e que est� sendo cada vez mais necess�ria e utilizada para aumentar os leitos: a Assist�ncia Domiciliar (AD).
H� dois anos atr�s, no texto Aten��o domiciliar - a evolu��o do home care e uma solu��o humanizada para cuidar da sa�de, falei sobre essa modalidade continuada de presta��o de servi�os na �rea da sa�de, realizada nas moradias dos pacientes, e como ela pode trazer bons resultados.
Diante do cen�rio delicado que estamos vivendo e do risco de um colapso no sistema de sa�de - p�blico e privado -, a Assist�ncia Domiciliar traz uma possibilidade real de aumento dos leitos comuns e de UTI. Atrav�s de equipes treinadas, transformamos cada domic�lio em um ponto de cuidado estrat�gico para o paciente e para a fam�lia - � a m�gica de transformar o isolamento social em um isolamento assistencial.
Um dos objetivos da Assist�ncia Domiciliar � realizar e apoiar a desospitaliza��o precoce, oferecendo ao paciente a estrutura necess�ria - equipamentos e profissionais - para que receba os cuidados em casa, de forma humanizada e individualizada.
Para atender as necessidades de cada indiv�duo, a AD oferece um atendimento multiprofissional, realiza terapias medicamentosas, ventilat�rias e atende pacientes com dispositivos complexos como gastrostomia, traqueostomia e respiradores, garantindo, assim, maior inclus�o, humanidade e conforto para o paciente e a fam�lia.
Esta modalidade � capaz de manejar pacientes de maneira segura e respons�vel, sem comprometer o desempenho do paciente fora do ambiente hospitalar. Os cuidados realizados por meio da Assist�ncia Domiciliar podem ser paliativos, preventivos, atendimentos pontuais, hospitaliza��o domiciliar, aten��o na fase pr� e p�s �bito.
O ambiente hospitalar dever� ser reservado para os pacientes que mais necessitarem de cuidados intensivos. Pacientes previamente internados em hospitais poder�o continuar recebendo o mesmo cuidado em suas resid�ncias, via Assist�ncia Domiciliar - movimento que permitir� a libera��o de leitos hospitalares para receber os casos mais graves da COVID-19.
Assim como todas as situa��es da medicina, a AD deve ser avaliada caso a caso com a equipe m�dica respons�vel pelo cuidado do paciente internado.
A AD est� dispon�vel no sistema p�blico e privado. No SUS, ela est� em expans�o por meio do Programa Melhor em Casa e EMAD (Equipe Multidisciplinar de Aten��o Domiciliar). Em Belo Horizonte, al�m dos programas Melhor em Casa e EMAD, a prefeitura possui o Programa Mais Vida em Casa, realizado em parceria com o Hospital das Cl�nicas da UFMG.
J� no sistema privado, as operadoras e planos de sa�de realizam a assist�ncia domiciliar por meio de equipes pr�prias ou por empresas parceiras e especializadas neste cuidar - mais conhecidas como Home Care.
H� cinco anos, atuo na Assist�ncia Domiciliar fazendo o cuidado dos pacientes e a gest�o dos servi�os e equipes assistenciais e o que descrevo aqui n�o � um projeto, � uma realidade que leva dignidade e assist�ncia de qualidade.
Por isso, � t�o importante avaliar a AD como uma estrat�gia real e plaus�vel diante do desconhecido que nos espera. As estat�sticas mudam de um dia para o outro, as curvas de crescimento e cura n�o s�o confi�veis.
Eu acredito na ci�ncia e na medicina. Como m�dico e cientista, me propus a estudar diariamente, e sei que a certeza de ontem pode n�o ser a de amanh�, por isso se apegar a promessas, vontades e opini�es n�o � uma boa sa�da. Todas as pessoas do mundo desejariam uma resposta pr�tica, l�gica e segura para combater o coronav�rus, mas isso n�o � justificativa para mudar a rota das descobertas.
Decis�es her�icas podem ser fatais e, sinceramente, gostaria de relembrar a todos meus colegas da sa�de, aqueles que s�o respons�veis pela vida das pessoas: Primum non nocere - Primeiro, n�o prejudicar. O princ�pio da n�o-malefic�ncia deve guiar nossos passos e nossa consci�ncia.
De maneira bem objetiva, a Dra. Ho Yeh LI, coordenadora da UTI de mol�stias infecciosas do HC da USP em sua espectacular aula, dispon�vel na internet pelo CREMESP, diz: n�o inventa. Faz o que voc� j� sabe.
Tem alguma d�vida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim [email protected]