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Estado de Minas

Onde d�i sua dor de cabe�a?

Nem toda dor � tratada com dipirona. Tem dor que precisa de rel�gio


03/09/2021 06:00 - atualizado 02/09/2021 20:24

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(foto: Tumisu/Pixabay)

A consulta m�dica � inicialmente guiada pelos sinais e sintomas . Sinal � tudo que pode ser percebido por outra pessoa e o sintoma � tudo aquilo que a pessoa relata estar sentindo. Em um dos meus �ltimos plant�es, vivenciei a seguinte hist�ria (os nomes s�o fict�cios)

Sr. Enzo.


Chamo o pr�ximo paciente. Como de costume, observo o caminho dele da sala de espera at� o consult�rio, em que ser� atendido. Rapaz novo, com andar curto, levando a m�o � cabe�a, com rosto de quem estava sentindo dor.

- Como posso ajudar o senhor?

- Muita dor de cabe�a, doutor.

- Onde d�i?

- D�i tudo, lateja, aperta, parece que � uma doidera na cabe�a.

- Voc� j� fez uso de algum analg�sico? Dipirona, paracetamol?

- N�o, dipirona n�o passa essa dor n�o.

- Alguma coisa que voc� faz piora ou melhora essa dor?

- N�o. Vem doendo, doendo, doendo sempre.

- Entendi, podemos tentar um medicamento na veia para ver se alivia um pouco?

- Doutor, s� quero que essa dor pare.

Realizo a evolu��o do paciente, e encaminho ao setor de medica��es. Ap�s o prazo de efeito das medica��es, ele j� estava na porta do meu consult�rio, aparentava estar um pouco melhor, mas notei que ainda estava inquieto.

- E a�, Enzo tudo bem!? Melhorou?

- Doutor, aliviou, mas n�o melhorou.

[...]

- Doutor, eu melhorei, consigo ir embora.

- Enzo, eu estou percebendo que posso tentar te ajudar mais.

- Doutor, essa dor n�o vai melhorar.

- Mas o que aconteceu?

- Olha, eu namoro, quer dizer, namorava, a� descobri que a menina que eu namorava estava gr�vida, agora n�o est� mais.

- Um pouco confuso n�? Mas, me fala mais sobre essa hist�ria.

- A gente estava terminado, a� descobri que ela estava gr�vida, ela nem me contou. Eu soube, ela j� tinha feito.

- O que ela fez?

- Foi um aborto provocado, agora j� n�o est� mais gr�vida. Eu tinha o direito de saber, n�o tinha?

- Enzo, situa��o bem complexa, e inclusive s� sei de um dos lados, mas sim, acredito que o pai deveria saber sim.

- Doutor, meu maior sonho � ser pai. Eu n�o tive pai, tenho certeza que consigo ser um bom pai, mesmo n�o sabendo como � ter pai.

- Enzo, bonitas palavras viu, mas � um desafio e tanto!

- Eu t� preparado.

- A perda � forte, n�? Voc� est� com um desafio nas m�os. Essa dor n�o vai passar com dipirona, mas vai amenizar com o sossego. Essa dor precisa � de rel�gio.

[...]

- Voc� precisa de atestado?

- N�o, eu estou desempregado.

- Olha, olha... Precisando estamos aqui, o hospital t� sempre aberto, meu plant�o s�o esses dias aqui, vou anotar neste papel.

- � doutor, n�o � f�cil n�o, mas parece que a dor j� est� at� passando...

- � assim mesmo, olha para voc� ver: at� outro dia, Enzo era s� filho, n�o tinha Enzo pai ainda... o tempo passa, as coisas mudam e a dor melhora. Pode ir, vai com Deus, e se precisar volte.

- Brigad�o!

Nem toda dor � tratada com dipirona. Tem dor que precisa de rel�gio.

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