
Sampaoli ainda n�o sabe, mas sua vida jamais ser� de novo do jeito que j� foi um dia. Talvez, em sua inoc�ncia de atleticano novo, ele tenha imaginado um relacionamento fugaz – um compromisso pand�mico, pra ajudar a passar esses tempos bicudos, uma rapidinha. Acontece por�m que as coisas muitas vezes acabam por tomar um rumo inesperado quando um maluco encontra um outro doido. Salve, Jorge! Bem-vindo ao hosp�cio! Sinta-se em casa com a nossa Galoucura!
� poss�vel que Sampaoli tenha imaginado um encontro fortuito. Mas, cabr�n!, nosotros e usted somos feitos um pro outro, pode crer. E o encontro t�rrido de nossas l�nguas ir�o para sempre sussurrar o mais belo portunhol selvagem. Carajo, v�io, eu vejo nosso casamento como Bonnie e Clyde, Zelda e Fitzgerald, Sid e Nancy. Para que n�o se arrefe�a as n�pcias de fogo, sugiro apenas que pare de falar “Mineiro” e aceite a dica do nosso ex – aqui � Galo, puerra!
N�o ache que estou a stalke�-lo – tenha certeza disso. Voc� nunca mais se livrar� de n�s. Explico: assim como voc�, somos viciados em ataque, desde Said, Jairo e M�rio de Castro, o Trio Maldito do 9 a 2 eterno. Desde Guar�, N�vio e Lucas Miranda. Dario, �der e Reinaldo. Tardelli e Lucas Pratto. Retranqueiro aqui n�o se cria, perdido por um, perdido por 10. At� os nossos zagueiros s�o artilheiros – e quando o V�ctor pegou aquele p�nalti, o Pequetito � que tava certo, foi gol do Galo.
Um amigo santista me fez a ressalva: “O Sampa � t�o tarado por atacar que �s vezes toma tr�s e nem percebe”. � assim que a gente gosta: retroceder nunca, render-se jamais. Usted se faz de rogado, bota o cargo � disposi��o, mas est� careca de saber: achou o par perfeito para os seus devaneios de Napole�o. S� n�o diga mais “Mineiro”, ou contaremos pra todo mundo seu apodo argentino, Pelado, fruto de sua pouca telha – no caso, ninguna.
Jorge, querido, voc� achou que a vida fosse Santos e Sevillas, esse conjunto de emo��es comedidas, a exist�ncia em tons de bege, ao fundo tocando uma bossa-nova, o barquinho vai, o barquinho vem. Mas o diabo � o pai do rock, e Sette Peles gra�as a Deus veio salv�-lo dessa chatice. Agora voc� se encontra no olho do furac�o, cavalgando o Galo Doido ao som dos Galos de Por�o, da IronGalo, da GaloStones e da G�loMetal. Danou-se tudo: voc� nunca mais vai embora, aqui � a sua casa, o seu cativeiro. Voc� comer� p�o de queijo como se n�o houvesse amanh�, aprender� que se pode usar o uai como exclama��o e pergunta e as grada��es que se consegue na aglutina��o do S�. Voc� saber� at� onde vai o Trem.
Pouco a pouco, os segredos lhe ser�o revelados. Fique atento aos sinais. 2 a 0, voc� viu, � a nossa senha pra falar com Deus (2a0contra, em caixa baixa e sem espa�o). J� deveria ter alertado os companheiros sobre esse nosso acesso privilegiado ao homem l� em cima, o s�sia de Karl Marx. Mas o craque n�o resistiu �quele calcanhar maroto. Deus no que Deus. E voc� ent�o p�de conhecer esta importante enc�clica da Igreja Universal do Reino do Galo, composta de cap�tulos diversos e intitulada “N�o � milagre, � Atl�tico Mineiro”.
Espero que voc� esteja vestido com as roupas e as armas de Jorge, para que nossos inimigos tenham p�s e n�o nos alcance. Para que tenham m�os, mas n�o nos pegue. Porque esse povo gosta de roubar a gente, na m�o grande, � um cl�ssico do futebol, voc� vai ver. Por ora, foram abandonados pelo Jesus – e conforme o para-choque do caminh�o, “Sem Jesus eu sou nada”. Isso por�m abre um novo arco de possibilidades: v�o querer roubar voc� da gente. N�o caia nesse canto da sereia. Voc� ainda n�o sabe, mas uma vez bicado pelo Galo Doido, voc� nunca mais ser� feliz com outro. E lembre-se: Mineiro � o carajo. Gaaaaloo!!!
