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Estado de Minas HIT

O ator Luiz Arthur � o convidado do Di�rio da quarentena

Al�m da vers�o publicada na Coluna Hit, textos ganham v�deo no Instagram do Estado de Minas (@estadodeminas)


postado em 30/03/2020 04:00


40 dias! 40 dias, eu sei. Mas aqui, na frente do computador, pensando sobre o que escrever, eu voltei no tempo. Ent�o... “Era uma vez” 40... anos. Quando chegaram os 40, me bateu uma crise, pensando que depois que a gente entra no enta, n�o sai mais. A� vieram os 40 anos pra eu come�ar a pensar de uma forma diferente. N�o que fosse uma outra pessoa, mas houve uma mudan�a, uma transforma��o que foi s� aumentando. Isso de priorizar coisas que at� ent�o n�o tinham
tanta import�ncia. Que muitas vezes
 passavam batido.

N�o � isso que a maioria das pessoas tem feito agora? Neste momento? Reparar com olho cl�nico tudo � sua volta? Ca�ando de forma quase microsc�pica cada detalhe que faz parte do dia a dia de cada um?

Preciso confessar: pelo menos um TOC novo deve ter surgido desde o in�cio da quarentena. Sabe-se l�. N�o existe �lcool gel suficiente pra agir no peso das consci�ncias. Deixa pra l�. Mas agora, aqui no home office, me reinventando com as aulas de teatro, coordena��o de escola, e-mail, WhatsApp, Facebook, tentando enxergar as gotinhas de suor, o brilho no olho de cada aluno que manda v�deo caseiro com o seu exerc�cio, com a sua cria��o solit�ria... Porque aquilo gravado pelo celular, definitivamente, n�o pega tudo.

N�o contagia. E j� pe�o desculpas por usar uma palavra t�o em voga. N�o � como se fosse ao vivo. Mas a� entra o tal do imagin�rio. Que � uma coisa maravilhosa. O que a gente, artista, transforma aqui dentro da cachola... Como diz um querido amigo meu: “O catupiri que t� aqui dentro tamb�m precisa de gin�stica”. Embarcar na imagina��o tem sido um conforto e tanto. Um alento. OK, a pessoa tem de querer essa viagem. Nunca, nunca desde que me entendo por gente, escutar as palavras, ver o movimento das pessoas, escutar a respira��o delas, o sorriso, fez tanto sentido. Exigiu tanto da minha imagina��o.

Aqui, no isolamento, ainda mais enclausurado dentro do meu escrit�rio, que � apertadinho, mas tem tudo do jeito que gosto, cercado pelos cartazes dos espet�culos que eu e Cynthia fizemos, pela minha cafeteira, porque com ela a vida fica muito mais f�cil. � ou n�o �? Pelo bonequinho do JohnMcClane, pela bombinha de asma, olhando o quadro com minhas miniaturas de carros antigos, com a biografia da Elza Soares ainda pra terminar, com as fotos das mulheres da minha vida, um monte de mimos da minha cerveja predileta – todo o mundo sabe qual �.

Enfim. T� com saudade, sim, dos amigos. T� com saudade da fam�lia que a vida me deu. Como faz falta, como diz a pe�a do Naum, “um beijo, um abra�o, um aperto de m�o”. Olha s�, mesmo assim, mais uma confiss�o: tenho tudo, tudo na minha casa. Meus quatro filhos felinos, minha filha, minha esposa e at� as tarefas do lar, como o fog�o que acabei de deixar brilhando, me deixam realmente, profundamente, sinceramente feliz. E todos os detalhes que cada um deles me d� nessa imers�o, que no primeiro momento parece sem fim, mas vai passar. Simples assim. Esses 40 dias me fazem pensar nos 40 anos, nos 45, quando parei de comer carne. E em todas as min�sculas e enormes mudan�as que, agora, depois dos 50, me deixam a deliciosa sensa��o de que, na quarentena, me vejo maior. Mesmo depois de tirar a barba e de ainda estar procurando pelos cantos da casa o queixo desaparecido.

Aos 51, acredito que, na quarentena, tenho a chance de realmente me reinventar e ser ainda melhor para os outros. Melhor comigo mesmo. Porque “o caminho... � pra dentro!”.

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