(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas DI�RIO DA QUARENTENA

Jacques Fux e sua luta conta o 'Mike Tyson das viroses'

Munido de Pinho Sol, �lcool gel, sabonete e �gua sanit�ria, escritor revela como enfrenta o ex�rcito de '300 trilh�es de bastardos invis�veis'


postado em 08/05/2020 04:00

�lcool em gel

Jacques Fux
Escritor

Acordo angustiado e me besunto inteiro de �lcool em gel – parece que esse maldito corona � um superhipermegavirus. N�o me surpreenderia que ele tivesse caminhado sorrateiramente durante a noite, desde a entrada do meu pr�dio, e estivesse na ponta do meu nariz aguardando, com um sorriso em seus grandes l�bios virais, esperando que eu o coce e seja contaminado.

Desta vez eu te peguei, maldito! Respiro fundo (para checar se n�o estou com problemas pulmonares). Mas � preciso ter certeza de que ele n�o se escondeu em nenhuma parte do meu corpo. Entro besuntado no banho e � hora de aplicar a minha supermistura de sabonete, �gua sanit�ria, detergente e sal grosso (quem sabe n�o � corona, � s� olho gordo mesmo). Fa�o, ent�o, uma tripla checagem em todos os meus orif�cios. N�o tem como voc� se esconder de mim, bastardo! Coloco a roupa que usarei durante meu home neur�tico office e nela borrifo �lcool l�quido 70%. A cueca fica molhada, confesso, mas � melhor um friozinho assim que no curona.

Sento para come�ar a trabalhar, n�o sem antes passar Pinho Sol por toda a casa. Escrevo a primeira linha do meu novo livro quando, putaquepariu, correio! Troco de roupa, coloco minha m�scara, o protetor facial, as luvas – uma descart�vel e uma outra que vai at� o ombro –, enfio meu t�nis encapado com pl�stico esterilizado, que fica do lado de fora da casa, e des�o 15 sofridos degraus at� a porta de entrada do pr�dio, acompanhado de dois borrifadores com �lcool e �gua sanit�ria.

Momentos tensos: girar a ma�aneta e manter uma dist�ncia infinita do entregador do correio. E dar uma gorjeta – em homenagem ao Silvio Santos, tenho em meu bolso 30 avi�ezinhos de R$ 2 para arremessar! A cueca molhada come�a a incomodar – que merda, se eu co�ar esse desgra�ado do corona vai me infectar.

Caminho rebolando, usando algumas t�cnicas de pompoarismo e medita��o para que a coceira pare. Pego minhas cartas com ang�stia – ser� que o v�rus pode me penetrar por alguma parte impenetr�vel  da minha vestimenta? Subo as escadas almejando ser o Pai Mei, do filme Kill Bill, que � capaz de levitar, mas a� me lembro de que essa porcaria de v�rus fica pairando no ar.

Deixo de respirar, obviamente – podia ter me dedicado aos mergulhos em apneia. Decis�o p�s-apocalipse! Um pouco sem ar, tiro toda a roupa e coloco de molho, e n�o esque�o de borrifar �lcool em tudo que vejo antes de entrar em casa. Besuntado, vou direto para o banho.

Novo round contra o Mike Tyson/Anderson Silva das viroses. Com certeza estou apanhando, mas n�o desisto. Mais �lcool! Dou aten��o especial �s unhas, parece que o corona gosta de ficar � espreita nesse ambiente – aviso importante, nunca se coce – maldita cueca. Depois de secar todo o meu corpo com secador de cabelos no n�vel mais quente – parece que o corona n�o gosta de calor, bem feito! – coloco outra roupa e me dirijo calmamente para a biblioteca borrifando �lcool como se fosse o Schwarzenegger naquela cena cl�ssica do Vingador do futuro – bem que ele podia ter matado o corona e n�o um monte de rob� besta e burro.

Escrevo mais uma palavra do meu novo livro, mas, putaquepariu! Leio uma not�cia de que os cientistas encontraram o nefasto do v�rus no esgoto! Hora urgente de limpar os banheiros da casa. H� uns dias, lembro em p�nico, tive uma dor de barriga e acho que por ter visitado in�meras vezes o vaso-contaminado posso ter perdido a batalha para o sanguin�rio.

Me besunto, pego meu arsenal de produtos de esteriliza��o para enfrentar mais uma batalha �pica contra um ex�rcito de 300 trilh�es de bastardos invis�veis e, quando acho que exterminei apenas uns 100 desses 300 trilh�es, putaquepariu, o interfone toca: tinha pedido um delivery para o meu almo�o. Vai come�ar tudo de novo.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)