
No in�cio da pandemia, o tempo se tornou meu grandess�ssimo inimigo. Estava livre para lidar com ele da forma que eu desejasse, e isso foi muito assustador. N�o podia mais us�-lo como desculpa para justificar tudo o que adiei, que deixei de lado e que n�o resolvi... Era eu comigo mesmo.
Essa liberdade temporal de fazer o que eu quisesse me levou a ter crises de ansiedade. Tens�o, n�useas, taquicardias e at� falta de ar. Noites maldormidas e preocupa��es com todas as incertezas geradas pela situa��o pand�mica me derrubaram. Eu estava doente e n�o era COVID-19, era medo.
Percebi, ent�o, que precisava usar a pausa for�ada para me reencontrar.
Respirei, refleti, e aos poucos fui preenchendo as lacunas que me angustiavam. Esse per�odo de reclus�o me fez repensar e aprimorar diversos aspectos da minha vida. Aos poucos, as coisas come�aram a entrar nos eixos e, enfim, o tempo se tornou meu aliado.
"Estava livre para criar meu carnaval de novo! Fotos antigas de minha m�e, Concei��o, e de meu av�, Zez�, foram algumas das minhas refer�ncias"
Fortaleci amizades verdadeiras, terminei relacionamentos t�xicos e ajustei arestas profissionais.
Pronto, estava livre para me inspirar e criar meu carnaval de novo!
Fotos antigas de minha m�e, Concei��o, e de meu av�, Zez�, j� falecidos, foram algumas das minhas refer�ncias. Ela, sisuda e muito s�ria, se transformava na �poca da folia, ouvindo e dan�ando colet�neas de enredos de escolas de samba. Muitos deles canto at� hoje. J� meu av� constru�a
"Luto por um carnaval inclusivo, pelo direito do trabalhador da �rea cultural � subsist�ncia e para que as manifesta��es culturais populares sejam livres"
Em paz com o tempo e fortalecido pela minha fam�lia, revivo, com orgulho, o in�cio do projeto de reflorescimento do carnaval de rua Belo Horizonte. Uma pra�a, 10 amigos e uma causa. Percebo ent�o que, num cen�rio p�s-pand�mico, minha luta continuar� sendo a mesma de 11 anos atr�s.
Luto por um carnaval inclusivo, pelo direito do trabalhador da �rea cultural � subsist�ncia e para que as manifesta��es culturais populares sejam livres e vistas de forma leg�tima. Essa � a minha cura!
Em 2022, n�o vamos esmorecer, nosso bloco � da rua.