
VIVENDO E APRENDENDO
C�lia Laborne
Jornalista e escritora
N�o h� li��o maior do que a de uma pessoa que passa dos 90 anos. Para mim, chegou a vez de aprender com a inesperada pandemia da COVID-19, nada agrad�vel de se atravessar, mas que, realmente, nos ensina muitas coisas.
Hoje, eu me vejo passar por um tempo desafiador, n�o de todo l�cida, mas sempre assimilando alguma profunda verdade, que provavelmente n�o encontrar�amos de outra forma. Estou vencendo etapas que n�o estavam no meu programa, mas que me trouxeram peda�os da grande sabedoria que s� Deus pode nos dar, quando nos fixamos nos seus ensinamentos mais profundos.
Eu busco sustenta��o nas bases da filosofia oriental, que aprendi a amar e difundir aqui no Ocidente. Li��es de profunda sabedoria milenar, que nos trazem para o centro de n�s mesmos, proporcionando o aprimoramento da nossa espiritualidade. A exemplo disso, a recente pandemia envolve toda a humanidade, sem que para ela estiv�ssemos preparados.
Esse v�rus agressivo veio alertar a humanidade para que nos voltemos mais para aquilo que o universo nos pode dar e nos faz compreender melhor a vida em sua plenitude. Assim tamb�m como a antivida, ou seja, uma forma de viver sem raz�o de ser, sem consci�ncia do prop�sito mais profundo de estar neste planeta.
Uma das li��es aprendidas na pandemia � a necessidade de se criar um novo modo de conviv�ncia, j� que n�o podemos abra�ar, nem mesmo nos aproximar das pessoas que amamos. Estamos recorrendo �s formas virtuais para abastecer a aus�ncia pessoal dos parentes e amigos, que se tornam presen�as constantes na nossa comunica��o.
Confesso que, gra�as � internet, eu me sinto at� mais integrada com todos, apesar do distanciamento f�sico que nos foi imposto. Percebo que t�m brotado sentimentos muito positivos nas manifesta��es que recebo dos amigos. As mensagens s�o sempre calorosas, cheias de empatia, de benevol�ncia e abundantes em poesia. E, assim, seguimos compartilhando afetos, vivendo e aprendendo tamb�m com a pandemia.
Para mim, � uma d�diva atravessar os tempos atuais acompanhando e usufruindo das novas formas de comunica��o que me s�o apresentadas e que me conectam com o mundo, sem sair do espa�o em que vivo.
Quando olho pelo retrovisor da minha vida como um todo, vejo um filme que protagonizei com dignidade e, at� aqui, no alto dos meus 96 anos, eu me sinto vitoriosa e agradecida por participar de tantas cenas significativas e ter muitas hist�rias para contar.