
Em meados dos anos 1990, era f�cil encontrar Rodrigo Ferraz no Clube Serra da Moeda. Nos fins de semana, ele praticava ski, uma forma de descansar dos dias agitados no mercado financeiro. Formado em direito e administra��o de empresas, trabalhou por algum tempo na bolsa de valores, no Rio de Janeiro.
Por�m, ele n�o sabia que o ski seria respons�vel por muito mais que divers�o. O esporte levou o empres�rio a uma disputa em Ribeir�o Preto, onde amigos o apresentaram ao Albano's. Ele se encantou pela choperia, conheceu o dono e, de l� para c�, fez hist�ria em BH com seu pr�prio empreendimento.
Quem viveu o in�cio da hist�ria se lembra das filas do Albanos no Sion, literalmente de virar quarteir�o. Antenado, Ferraz evoluiu, abriu novas casas. O Haus M�nchen foi o primeiro restaurante de BH a ter carta com 45 r�tulos. Na �poca, ningu�m falava muito de cerveja artesanal. Hoje, Ferraz tem sua f�brica de cerveja e chopes especiais. Tamb�m est� � frente de dois grandes festivais de gastronomia – o de Tiradentes e o Fartura.
Os 25 anos dessa trajet�ria ser�o marcados pela reabertura do Hub Cervejeiro Albanos Sion, com o andar de baixo totalmente dedicado � produ��o cervejeira, al�m de aulas para iniciantes e profissionais. Entre os novos r�tulos est� a Uai Minas 300 anos. Detalhe: a cerveja tem doce de leite como ingrediente.
Na pandemia, foi mantida a a��o em que a venda de chopes por um dia � revertida para institui��es sociais. Foram produzidos 1 mil litros da Albanos Pilsen, dispon�veis para venda no Hub Cervejeiro e em canais de delivery. A renda ser� totalmente revertida para o Instituto Querubins.
Se n�o fosse o campeonato de ski em Ribeir�o Preto, onde amigos o levaram at� o seu Albanos, como seria sua trajet�ria? Voc� estaria no mercado financeiro ou nos esportes aqu�ticos?
O mercado financeiro n�o combinaria muito com a minha personalidade e seria dif�cil sobreviver no Brasil de hoje trabalhando com esportes aqu�ticos. Penso que, pela bagagem dos meus pais, estaria de alguma forma na �rea cultural e de entretenimento. Mas posso dizer que uma das coisas que mais me motivam – e tamb�m os colaboradores nas empresas – � a dedica��o. Ent�o, onde quer que eu estivesse, estaria buscando fazer bem-feito.
O que o estimulou a encarar desafios como criar o Albanos e, mais recentemente, produzir festivais de gastronomia?
Quando abri a choperia, foi como uma op��o de neg�cio. Deu t�o certo que v�rias pessoas se aproximaram alertando para tirar o m�ximo de lucro poss�vel, pois neste setor a vida de bares e restaurantes era curta. Desde ent�o, coloquei isso como desafio e encarei como empresa mesmo, com todas as ferramentas de gest�o dispon�veis para que ela se perpetuasse. Conforme fui trabalhando, fui me apaixonando pela gastronomia, importante ferramenta de transforma��o econ�mica e social. Desde a juventude, sou adepto do capitalismo consciente. Empresas t�m que gerar lucro, mas tamb�m benef�cios para a sociedade.
O grande empreendedor, acho, n�o � aquele que senta e chora, mas quem vai � luta. Como voc� enfrenta a pandemia?
Sempre fui otimista e trabalho muito a criatividade. A situa��o que vivemos hoje aflorou mais ainda a quest�o da inova��o. No Albanos, expandimos o e-commerce, agora nacional. O Fartura fez o primeiro festival digital de gastronomia do Brasil. Mas entendo que � dif�cil para um pequeno empreendedor, seja pela parte financeira ou por uma estrutura de empresa e marca. Al�m disso, essa � uma resposta que depende muito do tipo de neg�cio. Criatividade e diversifica��o podem ser as sa�das. Mas tudo depende da perseveran�a, que n�o pode ser confundida com teimosia. Perseverar � ver a luz no fim do t�nel. Teimosia � insistir quando ela n�o existe mais.
De todas as hist�rias do Albanos, qual delas � a mais significativa?
Como neg�cio, a nossa transforma��o de choperia para f�brica de cerveja artesanal. Expandimos os nossos horizontes. Na parte pessoal, al�m das a��es sociais que fazemos frequentemente, foi ver o crescimento de alguns de nossos colaboradores, que evolu�ram em suas carreiras, tornando-se empres�rios ou gerentes. Vejo o Albanos como uma verdadeira escola, n�o de profissionais, mas de seres humanos.
Quando a pandemia foi declarada, qual foi a sua rea��o?
No fim das contas, n�o fabricamos cerveja e nem produzimos eventos, lidamos com pessoas. Sempre considerei o RH a parte principal das empresas, talvez seja esse um dos motivos de termos chegado at� aqui. Por isso, demos toda a aten��o necess�ria a nossos colaboradores, tomamos medidas preventivas, apoio m�dico e psicol�gico, entre outras provid�ncias. Depois partimos para a sobreviv�ncia do neg�cio, que, por sua vez, ajudou a manter empregos e girar a economia de BH e de Minas.
Qual foi o maior perrengue que voc� enfrentou?
Se fosse contar todos eles, acho que n�o caberiam nesta edi��o do jornal. Mas, com certeza, passar pelo momento atual tem exigido gigantesca dedica��o profissional, que j� era muita. Al�m de maturidade emocional para suportar todas as press�es.