(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA HIT

Monge MC: 'A pandemia exige priorizar as prioridades'

Rapper e produtor cultural rebate a ideia de que salvar a economia (e n�o as pessoas) � a estrat�gia mais eficaz para este momento de crise


18/09/2021 04:00 - atualizado 18/09/2021 07:53

None
A pergunta que fica como t�tulo n�o se refere � pandemia. Refere-se ao sistema socioecon�mico em que vivemos, fruto das minhas reflex�es durante a pandemia sobre o quanto nosso sistema socioecon�mico parece de efici�ncia extrema ao nos prover bens quase ilimitados, mas falha miseravelmente em manter o bem-estar e a sa�de das pessoas em situa��es como a que estamos enfrentando.

No momento em que a discuss�o passa a ser salvar pessoas ou a economia – e a economia em alguma medida vence a disputa –, me senti parte do enredo de um livro ou filme dist�pico, j� que me parece irreal vidas valerem menos do que a manuten��o do lucro e da riqueza de uma parcela pequena da popula��o. Apesar de j� ter nitidez desta rela��o de poder, n�o consegui n�o me assustar com as afirma��es veementes por parte da popula��o de que a escolha certa, de fato, � salvar a economia.

Por mais que o argumento fosse evitar o aumento da pobreza dos (as) mais pobres, ao manter o com�rcio funcionando e as pessoas trabalhando ficou n�tido que n�o � real essa rela��o ao longo do processo. Afinal, com a escalada das mortes, entre fechamentos e reaberturas, inevitavelmente a economia foi piorando, os mais ricos ficaram ainda mais ricos, enquanto a parcela mais pobre do pa�s voltou ao Mapa da Fome. Segundo estudos da ONG Oxfam, o patrim�nio de 42 super-ricos brasileiros aumentou em US$ 34 bilh�es, enquanto 117 milh�es de pessoas enfrentam a inseguran�a alimentar.

Esses dados me ensinam, mais uma vez, a necessidade de, como diria o mestre B. Neg�o, “priorizar as prioridades”, que, no meu entendimento, s�o as vidas, a sa�de, o bem-estar de toda a po- pula��o. Enquanto bens, propriedades e lucros estiverem acima desses valores, ser� imposs�vel vivermos em equil�brio, tanto entre humanos quanto em nossa rela��o com a natureza.

Nesse sentido, fica como dica de leitura o livro “Solo, alma, sociedade”, do ativista Satish Kumar, que oferece diversas reflex�es e proposi��es nesse campo.  Livro que li nesta pandemia e fez um sentido extremo, me ajudando a organizar pensamentos e sensa��es. Sendo assim, tudo o que produzo como MC, produtor cultural e comunicador tende a ir na dire��o de estudar e propor reflex�es, a��es e constru��es que nos permitam, o quanto antes, desenvolver outra forma de estruturar as nossas sociedades. Que elas n�o tenham como valores principais a propriedade, o lucro, a competi��o e a vit�ria a qualquer custo e bens materiais, mas que valorizem a coletividade, empatia, sa�de, bem-estar e a equidade.

Acredito que algumas pessoas, ap�s a leitura deste texto, dir�o que sou ut�pico. Talvez at� me chamem de ing�nuo, ou de radical, por propor o fim do atual sistema socioecon�mico. Se bem que ir �s ra�zes das coisas, muitas vezes, � importante para evoluirmos individual e coletivamente. Mas � o que penso, sinto e proponho atrav�s da minha experi�ncia com a pandemia.

Ao me contrapor, talvez afirmem que a hist�ria nos mostra que o capitalismo � o melhor sistema j� criado pelo ser humano, mas n�o posso deixar de pensar que s�o as utopias, os desejos de mudar e melhorar que nos trouxeram at� aqui. Sendo assim, podemos ser melhores do que somos agora pra n�s e pro planeta onde vivemos. Para isso, vai ser necess�rio abrirmos m�o do status atual para criar algo novo, por mais inc�modo e dif�cil que possa parecer e ser, principalmente para quem mais se beneficia agora.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)