Quinta-feira (29/6), Marcelu Dvin recebe amigos e admiradores do seu trabalho para a segunda edi��o do Night Market Rooftop, que vai reunir em torno do bom vinho os DJs Ju Carvalho, White Sheep e Carlos Kroeff. Ser�o oito horas de festa no Estoril. Com o crescimento do evento, Marcelu n�o descarta a possibilidade de que seja transformado em festival a partir do ano que vem.
L� se v�o 10 anos desde sua primeira atividade ligada ao vinho no bar que ainda funciona no embarque internacional do aeroporto de Santiago, no Chile. Qual o balan�o profissional que voc� faz desse per�odo?
Nunca imaginei que eu pudesse ser t�o feliz em uma profiss�o. Descobri o mundo dos vinhos aos 29 anos. At� ent�o, andava muito perdido. J� tinha tentado diversas �reas, mas nunca me sentia completo. Tenho muito carinho e respeito por tudo o que vivi no Chile. A hist�ria do Marcelu Dvin come�ou l�. Morar em Santiago, trabalhar em um restaurante refer�ncia no pa�s, como o Mestizo, e estudar na Escola de Sommelier do Chile foi uma experi�ncia maravilhosa. Sem isso, eu n�o seria o profissional que sou hoje. Hoje, o vinho � a minha vida. Eu vivo do vinho e n�o consigo imaginar como seria a minha vida sem ele.
Como voc� v� a evolu��o do consumo do vinho ao longo desses 10 anos?
O mundo mudou, e mudou tamb�m o perfil do consumidor. Os vinhos pesados, de muita estrutura e madeira, deram vez a vinhos leves, frescos e f�ceis de beber. E a ind�stria entendeu, criando marcas e r�tulos que conversam com esse perfil de consumidor. O vinho foi uma bebida elitizada por muitos anos. Hoje � um produto que pode ser consumido por diversas classes sociais. Parte do meu trabalho � tornar a bebida mais acess�vel. Falando de forma pr�tica e simples, levando em considera��o que o mais importante � que o consumidor se sinta parte e que entenda que pode viver uma experi�ncia linda com um vinho que caiba no seu bolso e gosto. Que est� tudo bem tomar um vinho no copo se ele n�o tem uma ta�a, tomar um vinho suave se ele n�o gosta de seco. Com o tempo, o paladar vai evoluindo e ele vai se atrevendo a experimentar mais, e amanh� pode ser o meu cliente, querendo aprender mais e tomar vinhos diferentes.
Na gastronomia, pelo menos em BH, os chefs de cozinha t�m mais prest�gio do que os sommeliers. Voc� acha que isso � injusto, o sommelier tamb�m merece destaque na gastronomia?
S�o dois profissionais que dependem um do outro. O sommelier depende do trabalho do chef. Ele precisa entender os pratos. Como eles s�o feitos, quais os temperos, sabores e texturas. O chef depende do sommelier para que o cliente viva uma experi�ncia sensorial �nica, valorizando assim o trabalho dos dois atrav�s de uma harmoniza��o de sucesso. Se o sommelier falha na indica��o do vinho ou na harmoniza��o, por mais que o prato esteja impec�vel, a experi�ncia do consumidor pode ser um desastre.
Com quatro pr�mios Melhores do Vinho, concedidos pela revista Prazeres da Mesa, voc� j� conhece os segredos para montar uma carta de vinho excelente?
Montar uma carta n�o � f�cil, mas � um trabalho lindo, que amo fazer. Eu sou muito criativo e, quando o cliente permite, eu ‘viajo’. N�o sei se eu descobri o segredo, a gente nunca sabe quais s�o os crit�rios para as avalia��es. O que fa�o � pensar no perfil de p�blico, ticket m�dio, na gastronomia do local e fa�o um estudo de venda dos �ltimos meses. Com base nesse relat�rio, fa�o uma sele��o de r�tulos junto �s importadoras e come�o a prova dos vinhos. O layout tamb�m � uma parte muito importante do trabalho e precisa ser considerado. Uma carta de vinhos precisa ser atrativa, f�cil de ler e conter informa��es importantes para o entendimento do cliente.
Entre suas preocupa��es, oferecer vinhos mineiros � uma delas. Como voc� v� a produ��o mineira e quais os produtos que merecem destaque � mesa?
Desde 2018, todas as cartas que fiz tinham refer�ncias mineiras. Mesmo em S�o Paulo, sempre achei importante defender o vinho brasileiro e o vinho da minha regi�o. Minas Gerais possui um terroir �nico e vem produzindo vinhos maravilhosos de colheita de inverno. Destaque para Casa Geraldo, localizada em Andradas, no Sul de Minas, que conquistou nove medalhas no Decanter World Wine Awards, em Londres, este ano.
Curioso � que antes do vinho, sua vontade era trabalhar na tripula��o de companhias a�reas. Por que esse setor o fascina?
Sempre amei viajar, descobrir novas culturas e novos sabores. Antes do vinho, estudei para tripulante de cabine e trabalhei em solo na Azul, no Aeroporto Internacional de Confins. No Chile, passei por tr�s meses de processo seletivo e fiquei mais tr�s em curso na academia da Latam. Fui demitido faltando uma semana para o meu primeiro voo, por ter errado na abertura de porta em uma prova pr�tica de seguran�a aeron�utica. O bom � que depois disso o vinho entrou na minha vida. Poder voar para outros lugares e pa�ses, visitar vin�colas e provar o vinho junto com a pessoa que faz esse vinho � uma experi�ncia linda.