Bia Apocalypse demora um pouquinho para fazer as contas at� ter a certeza de que a �ltima apresenta��o de “Cobra Norato”, um dos espet�culos mais festejados do Grupo Giramundo, foi h� exatos 12 anos em um festival na B�lgica. De l� pra c�, os 89 bonecos criados pelo pai dela, �lvaro Apocalypse, pela m�e, Teresa, e por Madu para contar a hist�ria inspirada no poema de Raul Bopp ficaram pendurados entre as centenas de “colegas”, no acervo do Giramundo, em BH.

Se foi dif�cil lembrar a data exata da �ltima apresenta��o, Beatriz sabe com exatid�o detalhes que marcaram o in�cio de “Cobra Norato”, que viu nascer dentro de casa quando tinha 9 para 10 anos. Bia conta que o processo de cria��o levou quase um ano – nos �ltimos meses de trabalho, ela quase n�o se encontrava com os pais.

Para matar a saudade, a garota deixava bilhetes de boa-noite para eles. “Papai guardou todos os bilhetes em uma pasta”, revela Bia, que aponta o espet�culo como o mais dif�cil para os manipuladores. “A trilha, criada por Lindemberg Cardoso, � mais din�mica comparada a outros trabalhos do grupo, pois exige marca��o mais �gil”, explica.


Al�m dos “astros” novinhos ap�s seis meses de restaura��o, h� mais novidades em “Cobra Norato”. Uma das cenas sai do palco para ser apresentada em forma de anima��o, por meio de videoproje��o. Dessa forma, o Giramundo se mostra ligado �s ra�zes e aos novos tempos.

Outra curiosidade da montagem � o Paj�. Enviado para a exposi��o comemorativa dos 80 anos da Uni�o Internacional da Marioneta (Unima), suspensa por causa da pandemia, rodou pa�ses da Europa e da Am�rica do Sul at� se extraviar. Um boneco argentino veio para o Brasil, e Paj� foi para Buenos Aires. Ele s� retornou ao Giramundo depois de Vinicius Campos, gentilmente, lev�-lo da Argentina para o Rio de Janeiro, onde o ator Beto Militani o buscou. “O passaporte do Paj� � o que tem mais carimbos no Giramundo”, brinca Ulisses Tavares.