
� uma daquelas situa��es em que os pol�ticos costumam dizer que a vaca estranha o bezerro. O presidente Jair Bolsonaro abriu uma crise com o seu pr�prio partido, o PSL, que tem 52 deputados e tr�s senadores, e vem sendo o principal esteio do Pal�cio do Planalto nas vota��es do Congresso. Ap�s um militante do PSL se apresentar como pr�-candidato da legenda no Recife (PE) e aliado do presidente do partido, deputado federal Luciano Bivar (PE), ao sair do Pal�cio do Alvorada, Bolsonaro disse ao jovem correligion�rio que Bivar est� muito queimado e que o jovem pol�tico deveria esquecer o PSL. O v�deo da conversa viralizou nas redes sociais.
Foi um banho de �gua fria nas lideran�as do partido, que teme perder a condi��o de aliado principal de Bolsonaro. O l�der do PSL no Senado, major Ol�mpio (PSL-SP), saiu em defesa de Bivar e disse que estava perplexo com as declara��es. Enfatizou que o PSL era o partido mais fiel ao governo no Congresso. De pronto, a rea��o de Ol�mpio provocou uma resposta do vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do presidente da Rep�blica, que costuma comprar todas as brigas do pai: “Com todo respeito ao @majorolimpio. Lembro exatamente como foi sua campanha para senador e dos detalhes no hospital, mas que fazem parte da vida p�blica. Fico estarrecido da maneira como este senhor trata o presidente hoje! Ningu�m � imune � cr�ticas, mas meu Deus! � surreal!”, escreveu no Twitter.
Nesta semana, foi a segunda vez que Major Ol�mpio se envolveu em disputas com a fam�lia Bolsonaro. Na segunda-feira, ao criticar a postura do senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) sobre a CPI da Lava-Toga, o l�der do partido disse que o filho mais velho do presidente “acabou, n�o existe mais”, numa alus�o ao caso Queiroz. Entre os pol�ticos, por�m, Fl�vio � apontado como o mais conciliador e equilibrado dos filhos do presidente da Rep�blica. Ex-deputado estadual no Rio de Janeiro, � investigado no esquema de "rachadinhas” da Assembleia Legislativa fluminense, no qual o seu maior problema � o ex-assessor Fabr�cio Queiroz. Uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, sustou a investiga��o.
O epis�dio reflete as dificuldades da rela��o de Bolsonaro com a legenda, tendo por pano de fundo o caso das candidatas-laranja nas elei��es passadas, que amea�a derrubar o �nico ministro da legenda, o deputado Marcelo �lvaro Ant�nio (MG), recentemente indiciado pela Pol�cia Federal por suspeita de comandar o esquema, e a distribui��o de recursos dos fundos partid�rio e eleitoral, controlada por Bivar, que envolve o financiamento das candidaturas nas elei��es municipais. Muitos dos deputados e senadores eleitos pela legenda t�m interesses eleitorais que n�o coincidem com os de Bolsonaro. Todos querem ter o apoio do presidente da Rep�blica, mas Bolsonaro teme ser derrotado nas elei��es municipais, principalmente nas capitais, e colocar em risco a sua pr�pria reelei��o em 2022, se n�o fizer alian�as competitivas.
Troca de camisas
H� muita expectativa de que a onda que elegeu Bolsonaro e transformou o PSL de um partido nanico numa das mais fortes bancadas no Congresso, elegendo 53 deputados e quatro senadores, se reproduza nas pr�ximas elei��es municipais. Entretanto, j� h� desentendimentos e defec��es na legenda. O deputado Alexandre Frota (SP) migrou ao PSDB; a senadora Selma Arruda (MT), para o Podemos. Entre 15 e 20 parlamentares podem deixar a legenda nos pr�ximos meses, a maioria por causa das elei��es municipais.
No Senado, sem d�vida, Major Ol�mpio polariza as diverg�ncias por causa da CPI da Lava-Toga, que apoia, enquanto Fl�vio Bolsonaro trabalha para que n�o seja instalada. Outra queda de bra�os do l�der do PSL � com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), que o pai quer nomear embaixador nos Estados Unidos, mas precisa de aprova��o do Senado. Major Ol�mpio presidia o diret�rio regional do partido em S�o Paulo. Ap�s press�es, cedeu a vaga a Eduardo, que chegou no diret�rio reclamando de seu antecessor. A s�rie de discuss�es entre ambos tem amea�ado a prepara��o da legenda para as elei��es municipais, nas quais a deputada Joice Hasselman, l�der do governo no Congresso, pleiteia a vaga de candidata � Prefeitura de S�o Paulo.
Bolsonaro nunca foi um homem de partido, ao longo de sua trajet�ria pol�tica trocou de legenda v�rias vezes. Se elegeu vereador na cidade do Rio de Janeiro, em 1988, pelo PDC, partido pelo qual foi eleito em 1990 para deputado federal, cargo que ocupa at� hoje. Concorreu por PRP nas elei��es de 1994, passou pelo PP duas vezes entre 1995 e 2003, e 2005 e 2016. Tamb�m esteve filiado ao PTB entre 2003 e 2005, e ao PFL, em 2005. Nos �ltimos tr�s anos, Bolsonaro passou por tr�s partidos oficialmente e quase foi parar no PEN, em 2017, mas permaneceu no PSC at� o per�odo de abertura da janela partid�ria de 2018. Foi s� ent�o que optou pelo PSL.