
Uma nuvem de gafanhotos ronda a fronteira do Brasil com a Argentina, amea�ando as lavouras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, depois de atacar planta��es no Paraguai, onde os insetos destru�ram planta��es de milho. As principais regi�es atingidas na Argentina s�o as prov�ncias de Santa F�, Formosa e Chaco, onde existe produ��o de cana-de-a��car e mandioca e a condi��o clim�tica � favor�vel. Uma nuvem de gafanhotos, em um quil�metro quadrado, pode ter at� 40 milh�es de insetos, que consomem em um dia pastagens equivalentes ao que 2 mil vacas ou 350 mil pessoas consumiriam.
Na B�blia, nuvens de gafanhotos s�o uma das 10 pragas do Egito (�xodus), lan�adas por Deus para obrigar o fara� a libertar os hebreus. Mois�s foi o portador da mensagem divina: “Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: ‘At� quando voc� se recusar� a humilhar-se perante mim? Deixe ir o meu povo, para que me preste culto. Se voc� n�o quiser deix�-lo ir, farei vir gafanhotos sobre o seu territ�rio amanh�. Eles cobrir�o a face da terra at� n�o se poder enxergar o solo. Devorar�o o pouco que ainda lhes restou da tempestade de granizo e todas as �rvores que estiverem brotando nos campos. Encher�o os seus pal�cios e as casas de todos os seus conselheiros e de todos os eg�pcios: algo que os seus pais e os seus antepassados jamais viram (...)”
Mas o Senhor disse a Mois�s: “Estenda a m�o sobre o Egito para que os gafanhotos venham sobre a terra e devorem toda a vegeta��o, tudo o que foi deixado pelo granizo”. Mois�s estendeu a vara sobre o Egito, e o Senhor fez soprar sobre a terra um vento oriental durante todo aquele dia e toda aquela noite. Pela manh�, o vento havia trazido os gafanhotos, os quais invadiram todo o Egito e desceram em grande n�mero sobre toda a sua extens�o. Nunca antes houve tantos gafanhotos, nem jamais haver�. Eles cobriram toda a face da terra de tal forma que ela escureceu. Devoraram tudo o que o granizo tinha deixado: toda a vegeta��o e todos os frutos das �rvores. N�o restou nada verde nas �rvores nem nas plantas do campo, em toda a terra do Egito.
Em julho do ano passado, uma nuvem de gafanhotos invadiu Las Vegas, nos Estados Unidos. Simultaneamente, no I�men, devastado pela fome e pela guerra civil, outra nuvem de gafanhotos destruiu-a e as planta��es. Os gafanhotos circularam por mais de 60 pa�ses, principalmente na �frica, no Oriente M�dio e na �sia Central. Os cientistas acreditam que as mudan�as clim�ticas est�o fazendo os insetos agirem de maneira mais destrutiva e imprevis�vel. Estudo publicado por cientistas americanos na revista Science mostrou que o clima mais quente torna os gafanhotos mais ativos e reprodutivos.
Um gafanhoto adulto � capaz de comer o equivalente ao seu peso corporal por dia. Planta��es de trigo, arroz e milho s�o um banquete para os gafanhotos. Um ataque de gafanhotos � nossa agricultura em plena pandemia pode ser um desastre. O agroneg�cio � o setor mais din�mico da nossa economia. Em 2004, na �frica, gafanhotos causaram danos no valor de US$ 2,5 bilh�es para as lavouras. O historiador romano Pl�nio, o Velho, registrou a morte de 800 mil pessoas na regi�o que atualmente engloba L�bia, Arg�lia e Tun�sia por causa da devasta��o das lavouras por essa praga b�blica.
A pandemia
J� nos basta a peste. Aqui no Brasil, a pandemia de COVID-19, ontem, atingiu a marca de 57 mortes por hora, ou seja, quase uma por minuto. O relaxamento precoce do isolamento social e a pol�tica de imuniza��o de rebanho n�o-declarada caminham de m�os dadas, estamos longe do pico. Ontem, em audi�ncia no Congresso, o ministro interino da Sa�de, general Eduardo Pozuello, garantiu que o governo dar� “transpar�ncia infinita” �s informa��es e anunciou que o Minist�rio da Sa�de passar� a considerar o diagn�stico dos m�dicos, e n�o apenas os testes, para contabilizar os casos confirmados. Ou seja, jogou a toalha em rela��o � pol�tica de testagem em massa para monitoramento dos infectados.
Os n�meros oficiais de ontem s�o 52.645 mortes e 1.145.906 casos confirmados, sendo 1.374 mortes e 39.436 novos casos nas �ltimas 24 horas. Segundo o Minist�rio da Sa�de, h� 479.916 pacientes em acompanhamento, enquanto 613.345 foram recuperados, o que n�o deixa de ser uma boa not�cia. A not�cia pior � a queda de anticorpos em pacientes assintom�ticos dois meses ap�s a infec��o por COVID-19. Em artigo publicado pela “Nature Medicine”, o cientista Ai-Long Hua, da Universidade M�dica de Chongqing, na China, constatou em 37 pacientes assintom�ticos com o Sars CoV-2 que, oito semanas depois, os n�veis de anticorpos neutralizantes diminu�ram 81,1%. O estudo n�o � conclusivo, mas acendeu uma luz amarela para a possibilidade de as pessoas contra�rem a doen�a mais de uma vez.