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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Crise em Manaus, caso para investiga��o e processos criminais

Trag�dia no Amazonas reflete descaso em rela��o � necessidade de distanciamento social para desacelerar propaga��o da doen�a, e atraso na vacina��o em massa


17/01/2021 04:00 - atualizado 17/01/2021 07:28

Movimentação em hospital de Manaus para entrega de cilindros de oxigênio: situação mostra erro grave quanto à essência das políticas públicas de saúde voltadas à prevenção (foto: Sandro Pereira/Foto Arena/Estadão Conteúdo)
Movimenta��o em hospital de Manaus para entrega de cilindros de oxig�nio: situa��o mostra erro grave quanto � ess�ncia das pol�ticas p�blicas de sa�de voltadas � preven��o (foto: Sandro Pereira/Foto Arena/Estad�o Conte�do)

O colapso do sistema de sa�de p�blica em Manaus, por falta de oxig�nio, indignou a sociedade, al�m de traumatizar os profissionais de sa�de do pa�s inteiro, porque o epis�dio provocou a morte de pacientes que estavam estabilizados por asfixia e chegou a obrigar a transfer�ncia de crian�as rec�m-nascidas para outros estados, ou seja, pacientes que n�o tinham nada a ver com a pandemia de COVID-19. Dois dias antes do colapso, o ministro da Sa�de, general Eduardo Pazuello, esteve em Manaus, com o prop�sito de convencer as autoridades locais a prescreverem em massa o “tratamento precoce” da COVID-19, que vem sendo a op��o preferencial dos militares � frente da pasta para combater a pandemia.

Trata-se de um coquetel utilizado em larga escala por m�dicos cl�nicos, como tratamento alternativo: hidroxicloroquina, azitromicina, zinco e vitamina D, al�m da ivermectina, j� usada preventivamente, a cada 15 dias, de forma generalizada, por parte da popula��o de baixa renda, como santo rem�dio contra o novo coronav�rus. Rejeitada pelos infectologistas, por falta de comprova��o cient�fica, na surdina, essa f�rmula virou o eixo da pol�tica sanit�ria do Minist�rio da Sa�de. Na cabe�a do presidente Jair Bolsonaro, o coquetel � mais eficiente e mais barato do que as vacinas, al�m de dispensar as pol�ticas de distanciamento social, ao supostamente transformar a COVID-19 numa “gripezinha”.

Apesar de criticado por infectologistas e sanitaristas, o  “tratamento precoce” � uma prerrogativa da cl�nica m�dica, ao qual muitos recorreram e acham que, por isso, foram salvos da morte. Entretanto, a ess�ncia da pol�tica de sa�de p�blica � preventiva. Por essa raz�o, o descaso em rela��o � necessidade de distanciamento social, para desacelerar a propaga��o da pandemia, e o atraso na vacina��o em massa, para imunizar a popula��o, mais cedo ou mais tarde, resultar�o em investiga��es e processos criminais na Justi�a.

Vacinas


O general Pazuello est� no cargo por ter fama de especialista em log�stica e para levar adiante “tratamento precoce”. Mas esse � clamoroso erro de conceito, tanto assim que os dois ministros que o antecederam se recusaram a cumprir essa orienta��o do presidente Bolsonaro. Erros de conceitos, geralmente, provocam fracassos estrat�gicos, e transformam eventuais qualidades de seus executantes em grandes defeitos. O sujeito vira o “burro operante”. � o caso, por exemplo, do secret�rio-executivo do Minist�rio da Sa�de, o coronel do Ex�rcito reformado Ant�nio Elcio Franco Filho, cuja experi�ncia como secret�rio de Sa�de de Roraima o guindou ao cargo operacional mais importante de todo o Sistema �nico de Sa�de (SUS). Nas entrevistas, exibe na lapela um uma faca ensang�entada, broche de ex-integrante de equipe de opera��es especiais, cujo lema � “O ideal como motiva��o/ A abnega��o como rotina/ O perigo como irm�o e/ A morte como companheira”. Sem d�vida, o Brasil precisa de soldados treinados para “causar o m�ximo de confus�o, morte e destrui��o na retaguarda do inimigo”, mas o lugar deles n�o � o Minist�rio da Sa�de.

Na quarta-feira, em entrevista coletiva, o “faca manchada de sangue” se jactava da opera��o que estava sendo montada para buscar 2 milh�es de doses da vacina de Oxford produzidas na �ndia. O governo federal pretendia realizar uma grande jogada de marketing, iniciando a campanha nacional de imuniza��o com a vacina que tamb�m ser� produzida pela Fiocruz,  antes de autorizar o uso da vacina do Instituto Butantan, cuja efic�cia o presidente Bolsonaro n�o perde uma oportunidade de colocar em d�vida. O avi�o da Azul adesivado para transportar as vacinas n�o pode decolar, porque as autoridades da �ndia n�o haviam liberado as vacinas.

O Brasil, por�m, � um grande pa�s, mas n�o � para principiantes. Come�amos a produzir 8 milh�es de doses/m�s da vacina russa Sputnik V, em Santa Maria, no Distrito Federal, e em Valpara�so de Goi�s, no Entorno de Bras�lia. Os russos contrataram a Uni�o Qu�mica, que possui mais 7 f�bricas no Brasil,  para produzir a vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia e financiada pelo Fundo de Investimentos Diretos da R�ssia. Todas as doses da vacina russa produzidas no Brasil ser�o exportadas para pa�ses da Am�rica Latina que j� registraram o imunizante, como Argentina e Bol�via, enquanto aguarda autoriza��o da Anvisa para realiza��o de testes cl�nicos no Brasil. Ou seja, em breve teremos 3 vacinas produzidas no Brasil: a CoronaVac, do Instituto Butantan; a Oxford, da Fiocruz; e a Sputnik V, da Uni�o Qu�mica (privada), um “business” russo. Apesar de tanta incompet�ncia, a esperan�a n�o morreu.


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