(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

A op��o preferencial de Lula pelos mais pobres

O petista deve sua elei��o aos eleitores de baixa renda e �s mulheres. Avalia que a prioridade do governo deve ser garantir esse apoio


16/12/2022 04:00 - atualizado 16/12/2022 09:07

O presidente eleito Lula durante encontro com catadores na capital paulista
O presidente eleito Lula durante encontro com catadores na capital paulista (foto: Nelson Almeida/AFP)

Ele se aniquilou...” e “todas as vezes que fizestes ao mais pequenino dos meus irm�os, a mim o fizestes” s�o dois textos b�blicos, respectivamente, Filipenses 2, 7 e Mateus 25, 40, muito citados pelos te�logos da “Teoria da liberta��o”, para os quais a divindade de Jesus se manifesta na sua radical humanidade. O encontro com o Senhor presente no pobre seria a g�nese de uma nova pr�xis religiosa e pol�tica. Nas d�cadas de 1960 e 1970, essa nova doutrina social da Igreja Cat�lica, resultante de uma interpreta��o do Concilio Vaticano II, principalmente na Am�rica Latina, resultou na forma��o das comunidades eclesiais de base, principalmente nas zonas rurais, e no crescente envolvimento dos padres com movimentos populares e de esquerda, inclusive armados, at� o Vaticano puxar o freio de m�o, sob comando do papa Jo�o Paulo II e, principalmente, Bento XVI.

Ontem, o presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT), no "Natal dos Catadores", organizado pela Associa��o Nacional dos Catadores em S�o Paulo, do qual participa h� 19 anos, prometeu ao Padre J�lio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua de S�o Paulo, que ir� se encontrar com os moradores em situa��o de rua na capital paulista assim que tomar posse na Presid�ncia. “Faltando 15 dias para assumir a presid�ncia, � um compromisso meu que vamos dar uma vida decente para o morador de rua”, afirmou.

“Agora, est�o colocando paralelep�pedos embaixo da ponte, criando obst�culos embaixo da ponte, colocando coisa de ferro para n�o ter espa�o para voc�s dormirem. N�o � que eles n�o cuidam. � que eles n�o querem nem que voc�s tenham direito de deitar embaixo da ponte. N�o tem nenhum significado, nenhum sentido humanista, n�o tem nenhum sentido de paix�o, de amor, n�o tem nenhum sentido de compreens�o s� porque voc�s vivem nesse pa�s", discursou. Era uma resposta ao veto de Bolsonaro � lei do Congresso que proibe esse tipo de pr�tica.

O discurso de Lula criou mais confus�o no mercado, porque nele tamb�m falou que colocaria os pobres no or�amento e os ricos no Imposto de Renda. � uma s�ntese do que vem falando aos colaboradores mais pr�ximos, mas provoca urtic�ria no mercado financeiro. O petista deve sua elei��o aos pobres e �s mulheres. Avalia que a prioridade do governo deve ser garantir esse apoio; depois, resolver o problema fiscal. Ou seja, Lula vai contrariar a elite pol�tica e econ�mica do pa�s. � mais ou menos a mesma postura do presidente Get�lio Vargas na d�cada de 1950, quando voltou ao poder nos bra�os do povo. Como se sabe, em agosto de 1954, o ent�o presidente da Rep�blica preferiu o suic�dio � ren�ncia, deixando uma carta testamento que viria a nortear o movimento sindical e a esquerda brasileira at&e acute; o golpe militar de 1964.

Narrativa moral


Mas o discurso de Lula para os catadores de lixo, ao lado do padre J�lio Lancelotti, tem outro significado. Pode ser a chave para voltar a disputar a lideran�a moral da sociedade, perdida nos esc�ndalos do governo petista, com uma narrativa humanista impregnada de religiosidade cat�lica, que perdoa e promove a caridade. N�o ser� um movimento fortuito e isolado. A Igreja Cat�lica perdeu terreno nas periferias e favelas das cidades brasileiras para os pentecostais e n�o tem a menor chance de recuper�-lo, a n�o ser defendendo os preceitos do papa Jo�o XXIII (1958-1963), que provocou uma revolu��o na Igreja ao convocar o chamado Conc�lio Vaticano II (1962-1965). A palavra de ordem do papa octogen�rio, para surpresa geral, era “aggiornamento”, ou seja, a atualiza��o da Igreja, o que deveria ser feito pelo PT e seus aliados hist�ricos, em alian�a t�cita com o clero cat�lico. O Papa Francisco pode dar uma for�a.

Fernando Meirelles, no filme “Dois Papas”, reproduz o di�logo entre o Papa Bento XVI (Anthony Hopkins) e o ent�o cardeal Jorge Mario Bergoglio (interpretado por Jonathan Pryce) em 2012, num encontro em Roma:

– Acha que a Igreja est� falhando? – pergunta Bento XVI.

–  Estamos perdendo fi�is – responde Bergoglio preocupado.

(...)

E continuou: – Parece que sua Igreja…

– Minha Igreja!? – retrucou Bento XVI.

– Nossa Igreja… est� indo por um caminho com o qual n�o consigo compactuar. Ou n�o est� indo para lugar algum… num momento que pede mudan�as. Parece que n�o fazemos parte desse mundo, n�o pertencemos a ele, n�o estamos conectados – insistiu Bergoglio.

Irritado, Bento XVI encerrou a conversa logo a seguir.

Como diria o compositor Ant�nio Carlos Jobim, o Brasil n�o � para principiantes. Ontem, enquanto conversava com os catadores, o tempo fechou em Bras�lia: choveu e o Congresso mostrou que n�o � apenas Bolsonaro que n�o digeriu a vit�ria de Lula. Enquanto empacava no Senado a mudan�a na Lei das Estatais, que permitiria aos dirigentes petistas ocuparem cargos nas estatais – principalmente Aloizio Mercadante na presid�ncia do BNDES –, a aprova��o da PEC da Transi��o, que garante o Bolsa Fam�lia de R$ 600 reais, era adiada para a pr�xima semana.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)