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Estado de Minas

Invas�o do Planalto em 8 de janeiro agora tem duas narrativas

Narrativa bolsonarista de que foi arma��o petista o vandalismo volta a ganhar for�a com demiss�o de general


20/04/2023 04:00

Gonçalves Dias era da confiança de Lula até ontem
Gon�alves Dias era da confian�a de Lula at� ontem (foto: EVARISTO S�/AFP - 2/1/23)

“Tabloide americano”, o melhor romance dos EUA de 1996, de James Ellroy, descontr�i o sonho americano ao descrever uma trama pol�tica golpista e mafiosa, cujo desfecho foi o assassinato de John Kennedy, em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963. No g�nero noir, desnuda os bastidores glamourosos da Casa Branca.

Entre os personagens hist�ricos, al�m do presidente assassinado, que � �poca mantinha um romance t�rrido com Marilyn Monroe, est�o o magnata Howard Hughes, um paranoico drogado, e Frank Sinatra, tra�do pela mulher Ava Gardner. O senador Robert Kennedy investiga a M�fia, o poderoso chefe do FBI, J. Edgard Hoover, investiga o presidente da Rep�blica, a CIA investiga todo mundo. O inimigo principal dos EUA era Fidel Castro, o l�der da Revolu��o Cubana.

Cinco anos depois, em “6 mil em esp�cie”, Ellroy retoma o fio da hist�ria, a partir do dia do assassinato de Kennedy, em Dallas e descreve uma conspira��o que vai do crime organizado aos pol�ticos de direita. Wayne Junior, um tira de Las Vegas, chega a Dallas no dia do assassinato de Kennedy, com 6 mil d�lares em esp�cie no bolso, com a fun��o de matar um cafet�o negro.

Encontra dois personagens de “Tabloide Americano”: Ward Littell, ex-agente do FBI, advogado de Howard Hughes, e Pete Bondurant, ex-agente da CIA, anticomunista fervoroso. Os tr�s mergulham no submundo da pol�tica: crime organizado em Dallas e Las Vegas, Howard Hughes, Ku-Klux-Klan, tr�fico de hero�na no Vietn�, extremistas de direita e muitas mortes. Tudo para encobrir as pistas que levavam aos verdadeiros mandantes do assassinato de Kennedy.

Felizmente, at� agora n�o morreu ningu�m desde a posse de Lula. Mas a pol�tica brasileira come�a a ganhar ares de um romance noir, a partir do 8 de janeiro. S�o chocantes as imagens que mostram o ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), general Gon�alves Dias, no Pal�cio do Planalto, nas quais dialogando com os bolsonaristas que haviam invadido e depredado suas depend�ncias. Passam a impress�o de que houve absoluto despreparo ou dissimulada coniv�ncia do militar com o que aconteceu.

Marco Edson Gon�alves Dias tem 73 anos, comandou o 19º batalh�o de Infantaria Motorizado e a 6ª Regi�o Militar (Bahia). Conhecido como G. Dias, foi secret�rio de Seguran�a da Presid�ncia da Rep�blica nos dois governos de Lula e chefe da Coordenadoria de Seguran�a Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na campanha eleitoral, cuidou de seguran�a de Lula, que confiava muito nele. Ontem, pediu demiss�o do cargo, devido � repercuss�o das imagens e � perda de confian�a de Lula, que o considerava um amigo.

O general havia ocultado do presidente da Rep�blica a exist�ncia dos v�deos revelados pela CNN, num grande “furo” de reportagem. Havia decretado sigilo por 5 anos das imagens que, ao mesmo tempo, dizia n�o existirem. Mas eram do conhecimento do Ex�rcito e da Pol�cia Federal, que investigam aqueles acontecimentos. Muitos 81 militares ouvidos no inqu�rito do 8 de janeiro aparecem nas imagens conversando com os invasores, sem impedi-los de quebrar o que encontravam pela frente.

CPMI bolsonarista


O capit�o respons�vel pela guarda do Pal�cio do Planalto no dia do evento foi afastado do cargo somente duas semanas depois. Como ele, todos os integrantes do GSI haviam sido designados pelo seu antigo ministro, o general Augusto Heleno. Ontem, Lula nomeou como chefe interino do GSI o secret�rio-executivo do Minist�rio da Justi�a, Ricardo Cappelli, que fora interventor na seguran�a p�blica de Bras�lia no dia da tentativa de golpe de Estado.

Em sua defesa, G. Dias argumentou que chegou ao pal�cio depois da invas�o e atuou para retirar os v�ndalos bolsonaristas do terceiro e quarto andar, encaminhando-os para o segundo andar, onde seriam presos. Velhas imagens do dia do evento, por�m, mostram um comandante da tropa de choque da PM esculachando o major do Ex�rcito encarregado da Guarda Presidencial, que pretendia deixar os manifestantes sa�rem livremente e tentou impedir as pris�es.

Ontem, o governo passou o dia na defensiva, sem saber muito bem o que fazer, at� que Lula resolveu pedir ao general que se exonerasse. Como o ex-ministro era homem de confian�a do presidente da Rep�blica, a narrativa bolsonarista estapaf�rdia de que os acontecimentos de 8 de janeiro foram uma grande arma��o petista, que circula desde 9 de janeiro, voltou a ser agitada nas redes sociais. Mais do que isso, reverbera muito no Congresso.

A instala��o de uma CPI Mista para investigar o 8 de janeiro, requerida pelo deputado Andr� Fernandes (PL-CE), integrante da tropa de Jair Bolsonaro, tornou-se um fato consumado. O governo tentou retirar as assinaturas do pedido e n�o conseguiu. Agora, corre atr�s do preju�zo, mobiliza parlamentares petistas e aliados para n�o perder o controle da comiss�o.

Fernandes � alvo de inqu�rito no Supremo Tribunal Federal, sob suspeita de incentivar a invas�o. Youtuber, mobilizou seus aliados para o 8 de janeiro. Naquele mesmo dia, � noite, compartilhou imagens da porta do arm�rio do ministro Alexandre de Moraes, que fora arrancada durante a invas�o do Supremo.

O objetivo da CPMI � desviar o foco das investiga��es da Pol�cia Federal e responsabilizar o governo Lula pela invas�o do pal�cio do Planalto, do Congresso e do Supremo. Parece maluquice, mas os bolsonaristas acreditam nessa narrativa.
 




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