
O ministro da Justi�a, Fl�vio Dino, ex-governador e senador eleito, que se diz cat�lico apost�lico romano, recorre aos ensinamentos do l�der comunista George Dimitroff para explicar a necessidade de o governo Lula chegar a um acordo com o Congresso para governar. “Estamos na defensiva, houve um avan�o do fascismo no mundo e o bolsonarismo faz parte disso aqui no Brasil”. Mesmo que Jair Bolsonaro venha a ser considerado ineleg�vel, segundo ele, o “bolsonarismo continuar� existindo”.
Seria essa, na sua opini�o, a grande amea�a enfrentada pelo governo Lula, que justifica a “ado��o de um programa m�nimo e n�o um programa m�ximo”, como a esquerda do pr�prio governo gostaria.
Ex-juiz criminal em Bras�lia, Fl�vio Dino derrotou o cl� do ex-presidente Jos� Sarney para ser governador do Maranh�o por dois mandatos, eleito pelo Partido Comunista do Brasil.
Na �ltima elei��o, quando concorreu ao Senado, trocou de legenda e passou a fazer parte do PSB. J� foi convocado uma dezena de vezes para depor em comiss�es do Senado e da C�mara. Seus embates com bolsonaristas viralizaram nas redes sociais, o principal deles com o senador Marcos Do Val (Podemos-ES), seu principal desafeto.
� acusado pela oposi��o de ter se omitido quanto � seguran�a da Esplanada dos Minist�rios no dia 8 de janeiro passado, quando o Pal�cio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados por v�ndalos de extrema-direita.
Na �ltima elei��o, quando concorreu ao Senado, trocou de legenda e passou a fazer parte do PSB. J� foi convocado uma dezena de vezes para depor em comiss�es do Senado e da C�mara. Seus embates com bolsonaristas viralizaram nas redes sociais, o principal deles com o senador Marcos Do Val (Podemos-ES), seu principal desafeto.
� acusado pela oposi��o de ter se omitido quanto � seguran�a da Esplanada dos Minist�rios no dia 8 de janeiro passado, quando o Pal�cio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados por v�ndalos de extrema-direita.
“Houve uma tentativa de golpe de Estado, mas querem transformar a v�tima em r�u”, argumenta. O ministro da Justi�a j� foi alvo de amea�as de morte e tentativas de agress�o, em v�rias situa��es, uma das quais no shopping de Bras�lia, quando estava com a mulher e dois filhos. “Ando com seguran�a 24 horas por dia, porque sempre sou atacado por bolsonaristas, mas n�o tenho medo do fascismo, vou cumprir minha miss�o”, garante. Seus embates com os bolsonaristas est�o tendo o efeito de aumentar sua popularidade, principalmente entre os jovens, o que o torna um potencial candidato � Presid�ncia, o que ele descarta: “Meu candidato em 2026 � o presidente Luiz In�cio Lula da Silva”.
Ao defender um programa m�nimo, “antifascista e nacional-desenvolvimentista”, Fl�vio Dino estabelece um paralelo entre o governo atual e o governo de Juscelino Kubitscheck, que tamb�m enfrentou tentativas de golpes militares, at� para tomar posse, ap�s eleito por um bloco de alian�as no qual predominavam liberais (PSD), trabalhistas (PTB) e comunistas (PCB). Tanto a concep��o de antifascismo da �poca quanto a agenda nacional-desenvolvimentista dos comunistas se baseavam nas teses apresentadas pelo l�der comunista b�lgaro George Dimitroff, no 7º Congresso da Internacional Comunista, em 1935, em Moscou, em resposta � ascens�o do fascismo na It�lia, do nazismo na Alemanha e ao militarismo japon�s.
O centro da pol�tica dos partidos comunista, a partir de ent�o, seria defender a democracia e a unidade da esquerda contra o fascismo. Todas as dissid�ncias comunistas que surgiram ap�s a dissolu��o da Internacional Comunista, em 1947, decorreram de diverg�ncias em rela��o ao informe de Dimitroff, inclusive o pr�prio PCdoB, fundado em 1962, por uma dissid�ncia do antigo PCB que adotou as teses mao�stas. A frustrada guerrilha do Araguaia, na d�cada de 1970, durante o regime militar, foi inspirada na Revolu��o Chinesa. Ex-dirigente dessa legenda, Fl�vio Dino defende a tese de que o governo Lula deve trabalhar com um programa que tenha apoio da maioria do Congresso, n�o apenas da esquerda, e permanecer na defensiva em raz�o da correla��o de for�as pol�ticas existente no pa�s.
Estresse com Lira
“Lula est� fazendo um governo mais ou menos como o de Juscelino, inclusive em rela��o � ind�stria automobil�stica”, exemplifica. Esse � o xis da quest�o, do ponto de vista pol�tico, a ideia de que a defesa da democracia � o que unifica a frente ampla formada para derrotar Bolsonaro, por 1,8% dos votos, apenas, � mais do que justa. Entretanto, n�o se aplica � agenda econ�mica nacional-desenvolvimentista, considerada ultrapassada por esses mesmos setores de centro, devido ao esgotamento do modelo de substitui��o de importa��es. Em econom�s, adensar demais as cadeias produtivas da ind�stria pode ser uma trag�dia em termos de produtividade e competitividade, e restringir a integra��o da economia brasileira �s cadeias de produ��o globalizadas. Trocando em mi�dos, produzir carros populares movidos a gasolina quando mundo est� produzindo carros el�tricos cada vez mais baratos � ficar para tr�s.
Fl�vio Dino se tornou uma estrela do governo Lula, mas est� no epicentro do estresse de relacionamento entre o presidente da Rep�blica e o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), por causa da opera��o da Pol�cia Federal em Alagoas contra corrup��o no MEC, na qual foi detido um assessor do poderoso l�der do Centr�o. Convidado por Lira, Dino foi � resid�ncia oficial do presidente da C�mara e explicou que a investiga��o foi iniciada durante o governo Bolsonaro, o mandado de busca e apreens�o foi expedido por um juiz local e executado por um delegado da Pol�cia Federal que sequer sabe o nome, s� tomou conhecimento da opera��o quando estava ocorrendo.
Segundo a ministro da Justi�a, era sua obriga��o dar os esclarecimentos a Lira, que em nenhum momento pediu que interferisse no caso. “Quem me conhece, jamais faria isso”. Nosso personagem � um potencial candidato a presidente da Rep�blica caso Lula n�o queira ou n�o possa disputar a reelei��o. N�o fala isso com todas as letras, mas deixa no ar. O problema � que a concorr�ncia � grande, inclusive dentro do governo, que tem quatro ex-candidatos a presidente da Rep�blica, um dos quais de seu atual partido: o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Os demais s�o o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).