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Estado de Minas Entre Linhas

Reforma ministerial vira jogo de intrigas na Esplanada dos Minist�rios

O caminho cr�tico das negocia��es � a escolha dos ministros que ser�o defenestrados no novo desenho pol�tico da Esplanada


27/07/2023 04:00
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Arthur Lira faz indicações de aliados para integrar o governo Lula
Arthur Lira faz indica��es de aliados para integrar o governo Lula (foto: SERGIO LIMA/AFP)

� certa a entrada do Centr�o no governo Lula, n�o se sabe ainda em quais minist�rios. As conversas de bastidor com os caciques do PP e do PR est�o praticamente conclu�das, de maneira a garantir uma maioria governista segura na C�mara, onde a governabilidade do pa�s tem seu ponto mais vulner�vel. As press�es para acelerar a mudan�a refletem as contradi��es entre o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), e os caciques do MDB e do Uni�o Brasil no Senado, principalmente Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (Uni�o-AP).

As indica��es de Lira est�o consolidadas, fazem parte de seu acordo com os presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Cotados para a Esplanada, os deputados S�lvio Costa Filho (Republicanos-PE) e Andr� Fufuca (PP-MA) t�m como caracter�sticas boas rela��es com o PT nos seus estados. O aval de Lira e suas bancadas, por�m, n�o garantem que os 49 votos do PP e os 41 do Republicanos sejam carreados automaticamente para as propostas do governo. Os dois ministros s�o pol�ticos muito jovens e ter�o que exercer uma lideran�a compartilhada.

O caminho cr�tico das negocia��es � a escolha dos minist�rios a serem ocupados, ou seja, dos ministros que ser�o defenestrados no novo desenho pol�tico da Esplanada. A entrada de 90 deputados de centro-direita na base do governo muda o perfil pol�tico do governo e o peso relativo de todos os partidos na sua composi��o, principalmente os de esquerda. Essa realidade faz com que um partido da base queira fazer cortesia com o chap�u do outro. Nem o ministro das Rela��es Institucionais, Alexandre Padilha, que conduz as negocia��es, sabe o que o presidente Lula pretende fazer na recomposi��o do governo e quando.

A pressa de Lira decorre do fato de que a vota��o da reforma tribut�ria no Senado aumenta o poder de barganha de Renan Calheiros e Davi Alcolumbre, mas dificilmente Lula decidir� essa mudan�a antes de agosto. Entretanto, com viagem marcada para o exterior, por causa da reuni�o dos Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul), nos pr�ximos dias 20 ou 21, em Johanesburgo, ou Lula decide nesse interregno ou joga a mudan�a para setembro. Porque no dia 27 comparecer� � reuni�o da Comunidade dos Pa�ses de L�ngua Portuguesa (CPLP) em S�o Tom� e Pr�ncipe. Tudo isso com uma dificuldade extra: as dores da artrose no quadril e as frequentes idas ao Hospital S�rio Liban�s, em Bras�lia, para infiltra��es de corticoide.

Enquanto isso, as intrigas prosperam. As tentativas de deslocar o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, considerado da cota do PT, e a ministra do Esporte, Ana Moser, escolha pessoal de Lula, at� agora fracassaram, mas continuam. As especula��es agora se voltam tamb�m para os minist�rios dos Portos e Aeroportos, ocupado por M�rcio Fran�a, e do Desenvolvimento Econ�mico, acumulado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ambos do PSB. Fala-se em deslocar Fran�a para a pasta de Alckmin, que ficaria como a responsabilidade coordenar o Plano de Acelera��o da Economia (PAC).

Dan�a das cadeiras


Ambos, por�m, s�o ex-governadores que ajudam o governo a se articular com o empresariado paulista e mitigar a for�a de Tarc�sio de Freitas (PR), principalmente �s v�speras de elei��es municipais. O atual governador de S�o Paulo � contra a entrada do PR no governo e pode at� deixar o partido, pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De todas as mexidas poss�veis no governo, provavelmente essa seria a mais delicada e com maior repercuss�o eleitoral. A primeira consequ�ncia seria refor�ar a candidatura � reelei��o do prefeito de S�o Paulo, Ricardo Nunes, e isolar de vez o candidato de Lula, Guilherme Boulos (Psol).

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), tamb�m est� sendo objeto de fritura. A entrada do economista petista M�rcio Pochmann no Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), depois de intenso bombardeio na m�dia por sua atua��o � frente do Instituto de Pesquisas Econ�micas Aplicadas (Ipea), foi tratada como um enfraquecimento da ex-candidata a presidente da Rep�blica. A ministra j� administra uma rela��o complexa com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Acontece que Tebet est� afinad�ssima com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assim como Geraldo Alckmin. Ou seja, s�o mudan�as que mexeriam no time que mais est� ganhando no governo, a equipe econ�mica.

Nova alternativa na bolsa de apostas seria a ministra Luciana Santos (PCdoB), de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o (MCTI), ser remanejada para a pasta das Mulheres, que ganharia o Bolsa Fam�lia. Nesse caso, a ministra Cida Gon�alves seria defenestrada. N�o por caso, num parlamento com baix�ssima representa��o feminina, os minist�rios comandados por mulheres s�o os mais cobi�ados pelo Centr�o. Acontece que isso dificulta ainda mais a troca, porque a tend�ncia de Lula � n�o diminuir o n�mero de mulheres do primeiro escal�o.

Al�m disso, se considerarmos o ritmo da mudan�a no Turismo, pasta na qual a deputada Daniela Carneiro (Uni�o-RJ) foi substitu�da pelo deputado Celso Sabino (Uni�o-PA), � poss�vel uma decanta��o mais longa desse processo de substitui��o, at� para evitar ressentimentos. Deve-se tamb�m levar em conta que tanto o arcabou�o fiscal quanto a reforma tribut�ria, al�m de outras medidas do governo, ainda n�o foram aprovadas pelo Congresso. Pode ser que Lula queira deixar a vota��o depois de testar a for�a dos dois indicados nas suas bancadas.
 

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