Uma raz�o
Todos sabemos que a vida � feita de ciclos que se alternam, nos obrigando a novos rumos. Outros caminhos nos encontram e algumas escolhas s�o dif�ceis. Tentamos evit�-las, adiamos, estendemos nosso prazo, mas logo chega o instante de concluir depois da convic��o de um saber do qual j� n�o podemos mais fugir. Depois disso, nada nos resta sen�o fazer nossa aposta. E como toda aposta � sem garantia, esperemos o resultado e logo veremos se ele nos favoreceu ou n�o.
Deixamos para tr�s outros mundos que j� n�o nos pertencem mais. Nos separamos, nos dividimos, ficando apenas o indispens�vel. Assim � a vida, cheia de curvas, eros�es e tamb�m lindos campos que nos convidam a um futuro promissor em outras cercanias.
Amigos antigos que h� muito n�o vemos, sen�o nas redes sociais, lembran�as de bons tempos e dos ruins cruzam nosso pensamento como um filme j� com emo��es antigas. Mas a certeza da boa escolha nos acalma, nos fazendo ter a certeza de que tudo que se vai � toler�vel e ben�fico. Lembran�as agrad�veis e outras tristes que doem menos quando cicatrizadas.
Cortes s�o necess�rios, perdas inevit�veis e, al�m disto, nos ensinam e fazem lembrar a obriga��o de sermos fortes para super�-las. Como estar� o que passou? O que fazem aqueles que passaram e para onde v�o quando n�o estamos mais presentes em suas vidas cheias como as nossas.
Seguimos adiante, colhendo o novo, mas n�o deixando de amar o que passou. Guardamos boas lembran�as de tudo que o tempo nos deu no cora��o e a certeza de que a alegria de novas conquistas sempre vir�. A vida � de despedidas e tamb�m reencontros.
Assim �. A vida ora nos parece curta, ora longa. Quantos anos se passaram! Pensamos em nossas lembran�as da inf�ncia e adolesc�ncia e quando j� s�o tantas primaveras que nem as contamos mais nos dedos h� d�cadas. E ainda nos assustamos com a discrep�ncia entre os anos vividos como um flash. Quase nunca nos sentimos com idade bastante ou igual a que realmente nos alcan�ou.
Se pare�o melanc�lica, prezado leitor, � por saber que amanh� ser� outro dia e n�o hoje. E o que nos reserva o futuro? N�o sabemos. E ainda assim apostamos que haja. Que seja como o poeta Rimbaud escreveu em Uma raz�o:
Um toque de teu dedo no tambor desencadeia todos/Os sons e d� in�cio � nova harmonia./ Um passo teu recruta os novos homens, e os p�e em marcha./ Tua cabe�a avan�a: o novo amor! Tua cabe�a recua – o novo amor! Muda nossos destinos, passa ao crivo as calamidades, a come�ar pelo tempo, cantam estas crian�as, diante de ti. Semeia n�o importa onde a subst�ncia de nossas fortunas e desejos, pedem-te. Chegada de sempre, que ir�s por toda parte.
Precisamos de coragem para viver e seguir sempre nosso desejo, mesmo que momentos de medo venham nos assaltar a alma. Ainda assim passos devem ser dados rumo �quilo que acreditamos. Tudo come�a e termina. Ganhamos e perdemos. Continuamos contentes com o que constru�mos no caminho. � muito bom olhar para tr�s e ver erros e acertos. Por�m, melhor ser� com um saldo positivo. E isso se constr�i fazendo de hoje o que ser� o amanh�. Avante!!
Convite aos leitores: em 19 de junho, �s 19h30, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1.466, Lourdes), terei a honra de proferir palestra hom�nima ao artigo J�lio Verne me salvou. Entrada franca.
REGINA TEIXEIRA DA COSTA