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Estado de Minas PSICAN�LISE

Antonio Quinet e Colette Soler analisam os impactos da COVID-19

Pandemia provoca pandem�nio pol�tico, com graves consequ�ncias para a democracia. Psicanalistas chamam a aten��o para o profundo trauma enfrentado pelo mundo


postado em 14/06/2020 04:00

O traumatismo é geral, mas as respostassão individuais(foto: Fernando Lopes/CB/D.A Press)
O traumatismo � geral, mas as respostass�o individuais (foto: Fernando Lopes/CB/D.A Press)


Que boa not�cia saber que a Nova Zel�ndia superou a pandemia e j� n�o est� sob a �gide do significante COVID-19, hoje ainda reinando aqui. O problema � que no Brasil esse n�o � o �nico problema. Al�m da pandemia, uma outra crise se instalou. Por isso sofremos dobrado.

As manchetes s�o assustadoras. A rea��o de grande parte dos brasileiros � de assombro. Al�m da pandemia, vivemos num pandem�nio pol�tico. Os psicanalistas t�m trabalhado incansavelmente. N�o apenas por causa da COVID-19, mas tamb�m em defesa da democracia. Antonio Quinet, psicanalista radicado no Rio, tem oferecido aos domingos, �s 18h, 60 minutos de generosidade com A psican�lise em tempos de pandemia. Suas lives est�o dispon�veis no YouTube.

No �ltimo domingo, ele convidou a francesa Colette Soler, figura de grande relevo na psican�lise mundial, com muitas publica��es importantes. Muito foi dito nesse curto tempo. Palavras que trazem orienta��o e recursos a analistas sobre seu papel no que est� acontecendo no mundo. Foi preciosa essa colabora��o. Transcrevo aqui um aperitivo estimulante.

Soler disse que a COVID-19 nos despertou do sono, com estupor, nos retirando do cotidiano. Um acontecimento inesperado em n�vel planet�rio que transtornou todos os h�bitos.

Quanto � pandemia ser um traumatismo mundial, respondeu que sendo um choque mundial, �, portanto, traum�tico. E sobre o depois da pandemia, n�o ousou prever o que ser�, afirmando que cada um lidar� com seus traumas conforme seu temperamento, isto �, seus sintomas e suas fantasias.

O traumatismo � geral, mas as respostas s�o individuais. Uns ter�o uma vis�o catastr�fica do presente e do futuro, outros acreditar�o que haver� progresso e o mundo pode melhorar. H� ainda os que preferem esperar para ver o que acontecer�...

Quinet pergunta a ela como pensa a incid�ncia dos psicanalistas nos EUA e no Brasil com o avan�o do pensamento conservador e de extrema direita, mis�gino, racista, colonial, homof�bico e de �dio �s minorias.

Coller lembra que em meio a um adoecimento, que inclusive provoca muitos problemas respirat�rios, � incr�vel lembrar as palavras de Jacques: a psican�lise � uma compensa��o, o pulm�o artificial de um mundo que se tornou irrespir�vel.

O discurso da psican�lise era o avesso do discurso do mestre, que detinha um saber tomado como verdade �nica a ser imposta a todos; hoje ele n�o tem a mesma consist�ncia no mundo. Havia um tr�nsito entre avesso e direito, havia passagens. Por�m, ao discurso totalit�rio atual j� n�o h� avesso, mas oposto. Assim n�o h� passagens ou tr�nsito entre eles, mas rompimentos.

O governo do Brasil ataca os cientistas e desqualifica a medicina cient�fica quando demite dois ministros que seguem as diretrizes vigentes e adota um pensamento delirante religioso como o terraplanismo, o criacionismo, rejeitando a evolu��o darwiniana.

Na maneira como o presidente denega a crise da COVID-19, a consequente mortalidade e o sofrimento humano, entende-se uma eugenia dissimulada. N�o h� problemas se morrem �ndios, velhos e outros considerados rebotalhos sociais. N�o h� empatia com a dor dos que perderam os seus.

Igualmente significativa, neste momento, � a dor dos que n�o podem enterrar seus mortos, prestar-lhes homenagens p�stumas e realizar os rituais necess�rios e importantes para os humanos. Ant�gona, personagem de uma das trag�dias de S�focles, escolheu morrer a deixar insepulto seu irm�o.

Estas s�o apenas pinceladas que pude trazer da interessante conversa, lembrando ainda que ao psicanalista caber� recolher o que sufoca o mundo. Embora muitas outras terapias utilizem a palavra, muitas delas o fazem para apaziguar, n�o chegando ao objetivo de analisar e retificar posi��es do sujeito.


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