
N�o ignoramos os ideais da cultura, por�m, realizar algo pelo menos pr�ximo a eles � que s�o elas. Os ideais s�o elevados, a realidade pouco complacente em realiz�-los, o real � osso duro. Precisamos mesmo assim mant�-los em foco, pelo menos partes deles. E insistimos neles. Por que � t�o dif�cil realizar o que � desej�vel? Por que nunca se investe efetivamente naquilo que � obviamente importante? Dif�cil responder aos porqu�s, os homens nem sempre fazem o que � melhor, em n�vel individual e coletivo.
� um mist�rio, parcialmente solucionado pelo pai da psican�lise, Sigmund Freud, quando descobriu que vivemos entre puls�es de vida e de morte, e a exist�ncia do inconsciente nos retira de um autocontrole pleno. O fato de sermos divididos entre consciente e inconsciente e sem saber de fato que desejo nos determina faz de n�s errantes.
Portanto, existe em n�s uma dificuldade de sair de nosso pequeno mundinho particular no qual nos defendemos e protegemos, acumulamos garantias e pouco nos importamos com o outro. Nem mesmo olhamos muito para o que falta ao outro. S�rio problema.
Quer�amos que o �bvio fosse feito. Quer�amos entender, j� que � t�o clara a import�ncia da educa��o, por que nenhum governo se debru�a de fato sobre a quest�o, ficando ela sempre muito aqu�m do mediano.
Semana passada fomos agraciados com a exonera��o do ministro da Educa��o, Abraham Weintraub. Achei muito bom, pois ele de fato n�o contribuiu com nada de relevante em sua passagem pelo minist�rio. Suas opini�es antidemocr�ticas e mal-educadas confirmavam as evid�ncias de que n�o estava � altura de ocupar tal cargo.
Tanto � que tratou de fugir do pa�s depois de ofender os ministros do Supremo, fazer declara��es racistas contra o povo chin�s e muita falta de planejamento e propostas para a Educa��o sob seu comando. Triste passagem. Feia sa�da. T�o deselegante e antidemocr�tico quanto se mostrou no seu mandato, desde a entrada, quando fez declara��es bem autorit�rias sobre dispensar quem n�o aderisse ou concordasse. Saiu ele pr�prio.
O que se v� – por incr�vel e �bvia que seja a necessidade do pa�s – � que ningu�m faz o que deve, o correto, o certo pelo pa�s. Ser� t�o dif�cil botar gente que sabe o que fazer no lugar certo? Parece um objetivo inalcan��vel que nos trar� um desalento terr�vel, diante do qual ficamos assistindo ano ap�s anos o fracasso continuado.
N�o nos enganemos: como disse Freud, governar, educar e psicanalisar s�o tarefas imposs�veis. Estamos, ent�o, frente a tr�s situa��es de grande dificuldade, embora n�o possamos recuar diante delas por serem imprescind�veis. Enfrentar imposs�veis � um desafio que nos obriga a insistir e apostar neles mesmo que toda aposta seja sem garantias.
Mais uma vez, volto a Freud na abertura do seu grande livro O mal-estar na cultura, no qual comenta ser imposs�vel fugir � impress�o de que as pessoas comumente empregam falsos padr�es de avalia��o – isto �, buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo o que verdadeiramente tem valor na vida.