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Estado de Minas

A pandemia abalou nossas certezas, nos fez encolher a onipot�ncia

Tivemos, n�o todos, de aprender a levar em considera��o o outro. Nos ensinou que, na vida, acatar a realidade ainda � a melhor sa�da


13/09/2020 04:00

Dois discursos paralelos concorrem entre si durante a pandemia. N�o � de agora, vem desde o in�cio. Muda e silenciosa, a COVID-19 devora impass�vel suas v�timas. Para alguns, uma gripezinha, quase nada; para outros, o fim.

A pandemia continua e ainda devemos ficar em casa enquanto pudermos. A flexibiliza��o, no entanto, com a passagem do isolamento para o distanciamento social, deu-nos a ilus�ria e t�o desejada impress�o de perigo acabado e isto n�o � bem verdade. S� teremos vencido esta batalha com a vacina.

Fica sob a responsabilidade de cada um decidir seus pr�ximos passos e esta decis�o n�o � sem certa ang�stia. N�o existe uma palavra �nica que possamos seguir. H� um por�m: as pessoas preferem obedecer a algu�m que tem certezas, um l�der forte. Ficariam, assim, isentas da responsabilidade.

Mas l� no fundo sabem que n�o h� verdade �nica e ficam angustiadas, pois toda escolha tem consequ�ncias. Ainda h� perigo. H� tamb�m nega��o. Muitos t�m voltado ao trabalho, sa�do para bares, restaurantes, praias do Rio de Janeiro lotadas no feriado, e quem ainda est� respeitando o perigo parece ser alarmista. Mas n�o � bem assim.

� fato que est� dif�cil o t�o prolongado per�odo de priva��es e cortes, nos oprimindo e, por isso, muita gente rompeu com as restri��es. Justo a� mora o perigo. Quem tem dificuldades com os limites concretos impostos diante de um real irrespir�vel, que hoje � nossa realidade, nosso mundo, coloca outros em risco. E al�m disso, os n�meros de cont�gio podem subir rompendo a t�mida estabiliza��o.

Aqueles que dependem do trabalho para sobreviver – isto �, a grande maioria – certamente correr�o riscos inevit�veis. Que sejam m�nimos. Estamos diante de um paradoxo: queremos nos proteger e ao mesmo tempo precisamos continuar a vida, ganhar o p�o de cada dia. Nos perguntamos, ent�o, o que seria a boa decis�o? A seguran�a e, ao mesmo tempo, as necessidades que falam mais alto que o medo.

� o que faz as pessoas cometerem atos desesperados em casos de grande priva��o. Cada um em suas pr�prias preocupa��es se d� o direito de escolher por si, pensar apenas no seu mundo individual. Mas pensar sem nega��es, racionaliza��es e justificativas.

A pandemia abalou nossas certezas, nos fez encolher a onipot�ncia, entender que menos � mais, conter a independ�ncia de viver conforme o que queremos, acreditando na liberdade plena. Tivemos, n�o todos, de aprender a levar em considera��o o outro. Usando m�scaras, tamb�m n�o todos, mudando costumes.

Obrigou-nos a perceber que, no mundo global, aquilo que acontece do outro lado do planeta nos afeta. Que n�o h� como negar a import�ncia da ecologia. Nos educamos para lidar com a crise e isso pode ter um saldo positivo.

A pandemia nos educa e ensina que, na vida, acatar a realidade ainda � a melhor sa�da. Quando teimamos, murros na ponta da faca, certamente teremos problemas maiores pela frente. � preciso aceitar que as coisas s�o como s�o. � preciso aceitar a vida como ela �, mesmo sob protesto.

A situa��o trouxe grande preju�zo, paralisa��o, fechamento, desemprego e mortes, uma trag�dia global. E toda crise traz tamb�m reposicionamentos. Estamos todos muito fora do nosso lugar habitual. Restri��es � liberdade, ao contato. A vida comum foi alterada e o tempo n�o passa, a sucess�o dos dias iguais parece intermin�vel.

A pandemia continua, a vacina n�o chegou, continuam morrendo pessoas e o cont�gio � perigoso. A nega��o � a pior coisa agora porque tem consequ�ncias. Por pior que nos pare�a, � preciso cair na real para que este sofrimento n�o se prolongue nem aumente.

Vale lembrar o que escreveu John Donne, na Medita��o 17, na apropriada e feliz lembran�a de uma amiga com palavras que nos abra�am:

“Nenhum homem � uma ilha, completa em si mesma. Todo homem � um peda�o do continente, uma parte da terra firme. Se um peda�o de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido uma montanha ou a casa de um amigo, ou a tua pr�pria. A morte de qualquer homem me diminui porque fa�o parte da humanidade. Por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”









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