
Ato falho, entrelinhas, mensagem subliminar, chame como voc� quiser, leitor amigo. Eu prefiro chamar de “sinceridade” o que disse o presidente da C�mara dos Deputados sobre o ministro da Justi�a, Sergio Moro, e o pacote anticrime enviado ao Congresso:
"No passado, o ministro n�o aceitava as vota��es da C�mara. Ele tentou atropelar o processo legislativo. O governo sinalizava que a prioridade era a aprova��o da reforma da Previd�ncia. Mas, no momento, ele est� aberto ao di�logo. Moro est� mais pr�ximo da gente e vai construir um texto que atenda aos anseios da sociedade e do Parlamento", afirmou Rodrigo Maia.
Esque�a o bl�-bl�-bl� e concentre-se na �ltima frase, que � o que importa: "vai construir um texto que atenda aos anseios da sociedade e do Parlamento".
Eis a�! De forma clara, com todas as letras, aquilo que todos sabiam mas que ningu�m tinha coragem de dizer: o Parlamento n�o � a sociedade. O Parlamento n�o representa a sociedade. Os anseios do Parlamento n�o s�o os da sociedade.
Quando congressistas criam leis que facilitam a corrup��o, caixa dois, impunidade etc, certamente o fazem apenas em benef�cio pr�prio. Quando os mesmos congressistas recha�am ou desfiguram propostas moralizadoras e punitivas, novamente legislam para si mesmos.
Maia assume, sem vergonha ou medo de ser feliz, que Parlamento e sociedade s�o excludentes quando o assunto � criminalidade. Resta ao Botafogo confessar tamb�m a incompatibilidade de interesses relativa a outros temas, como celeridade, austeridade e produtividade do Congresso Nacional, j� que quem paga a conta pouco recebe, e quem (muito!) recebe quer sempre mais.
Em tempo
O Senado, em primeiro turno, tungou quase 80 bilh�es de reais da reforma da Previd�ncia aprovada pela C�mara. No segundo turno, poder� elevar a fatura para mais de 100 bilh�es de reais.
Paulo Guedes avisou que o dinheiro para recuperar essas perdas ser� descontado dos repasses aos estados e munic�pios, ou seja, os senadores - sobretudo os dos partidos de esquerda - brincam de guerrinha pol�tica e os cidad�os, como sempre, pagar�o o pato.
Senadores s�o eleitos por quem mora nos munic�pios e estados, e n�o na Uni�o. � bom guardarmos os nomes daqueles que, pensando apenas em fazer oposi��o ao governo, est�o nos prejudicando. Em 2022 e 2026 lhes mostraremos nossa gratid�o.