No come�o de fevereiro, na It�lia, 82% da popula��o acreditavam que a imprensa exagerava nas not�cias relacionadas � COVID-19. Agora, em mar�o, o n�mero inverteu e 28% ainda desconfiam do que chamam de m�dia.
No Brasil, Estados Unidos e v�rios outros pa�ses pelo mundo, a imprensa vem sendo sistematicamente atacada por governos e governantes. Por�m, n�o sem raz�o. A ideologiza��o e interesse econ�mico dos principais grupos de comunica��o do planeta tornaram grandes ve�culos esp�cies de panfletos pol�ticos.
O populismo � uma praga que vem se alastrando pelo mundo. Com o aux�lio luxuoso das redes sociais, populistas disseminam suas teorias e teses de f�cil apelo e conquistam adeptos � velocidades supers�nicas. No intuito - muitas vezes meramente pol�tico - de desmentir tais teses, a imprensa acaba inaugurando um torneio de ca�a, fornecendo motivo para rea��es ainda mais… populistas.
Vejamos nosso pr�prio exemplo: o principal telejornal do Pa�s, o JN da Globo, dedicou v�rios minutos de uma de suas recentes edi��es ao que chamo de “guerra das panelas”. Em pleno p�nico generalizado (que ainda vai aumentar muito) pela pandemia do novo coronav�rus, a Globo n�o abriu m�o do seu combate ao governo.
O espectador m�dio, menos atento e menos, digamos, capaz, neste momento faz a liga��o direta entre fatos e guerra pol�tica e acaba misturando tudo que o Jornal noticiou, de forma adequada, sobre o v�rus, no balaio de gato da rinha ideol�gica. Ou por outra: enxerga no notici�rio, como um todo, exageros, mentiras e manipula��es.
Outro exemplo que me ocorreu: recentemente, a Folha de S�o Paulo divulgou a fofoca que a primeira-dama, Michele Bolsonaro, estaria tendo um caso amoroso com um ministro do governo, acho que Osmar Serra. Na mesma p�gina, havia dezenas de not�cias verdadeiras e relevantes. Por�m, como um v�rus, bastou a fofoca para contaminar todo resto.
Demonizar a imprensa � p�ssimo, mas se tornou um esporte. E n�o s� para os governantes populistas, mas para os “jornalistas amadores” da internet, grupo em que me incluo. Mas insisto: a culpa, em grande parte, � dela mesma. H� que ser o agente mais l�cido e preparado, deste embate, o conciliador desta guerra. � imprensa, cabe esse papel.
Em tempos dram�ticos e incertos, como estes em que vivemos -- e viveremos por bons meses -- , confiar na imprensa � o mais acertado. Confiar na imprensa salvar� vidas. Mas para isso ela ter� de reconquistar a confian�a perdida. Basta querer! Tenho certeza (e aqui falo por experi�ncia pr�pria) que estamos todos �vidos por isso. Precisamos todos disso.