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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Mar�lia Mendon�a, minha m�e, Selmo Geber, Ayrton Senna, os Mamonas e eu

Todas as mortes s�o iguais, mas todas as mortes s�o diferentes, exatamente como a vida de todos n�s


06/11/2021 08:21 - atualizado 06/11/2021 11:57

Marília Mendonça em show em Araçatuba (SP)
Mar�lia Mendon�a em show em Ara�atuba (SP) (foto: Wikimedia Commons)


Morre gente todos os dias. E como morre! Nos �ltimos quase dois anos aprendemos a contar diariamente o n�mero de mortos por COVID-19. Nunca contamos a quantidade de mortos por, sei l�, atropelamento. � curiosa a seletividade humana. 

Estatisticamente falando, somos especialistas em �bitos. Sabemos quantas pessoas passam desta para uma melhor, todos anos, por causa de tabaco, acidente de tr�nsito, assassinatos e quaisquer motivos que valham estudos cient�ficos.

N�o acredito no Deus criador da Terra e do Universo. Nem mesmo no Deus criador da vida, e n�o fa�o diferen�a, nesse caso, de vida humana, selvagem, vegetal, marinha, unicelular ou o escambau. Viveu, t� vivo, pode morrer, t� valendo.

MORTE

Por isso n�o atribuo a Deus nem o culpo por nenhuma morte. At� porque, na boa, se h� uma inven��o mais maldita do que essa, eu desconhe�o. A separa��o de corpos - e de cora��es - que se amam, � de uma crueldade insuport�vel.

Toda e qualquer morte nos choca, comove e causa algum tipo de dor, ainda que n�o seja t�o f�cil compreender e aceitar isso. Sim, porque somos todos mortais, e ao nos deparar com a realidade que nos espera, n�o sa�mos ilesos.

Ao nascer, o ser humano, dotado de consci�ncia, inicia sua angustiante contagem regressiva de tempo de vida. E quanto mais racional o bicho-homem, menos cr�dulo em crendices, mais ang�stia a cada volta (ano) do rel�gio biol�gico. 

DOR

Perdi minha m�e faz quase um ano. Apesar da idade avan�ada - dela e minha - n�o consigo passar um dia sem sofrer sua aus�ncia, em alguma medida. Para al�m das rela��es, h� um tro�o chamado proximidade. Quanto mais pr�ximo, mais dor.

E proximidade n�o significa, necessariamente, parentesco ou amizade, por isso escrevi ‘para al�m das rela��es’. Ayrton Senna n�o era meu amigo, mas sofri sua morte miseravelmente, e assim tamb�m ocorreu quando morreram os Mamonas Assassinas.

Selmo Geber, sim, era meu amigo. Muito mais do que isso! Faz quase dois meses que falta um tijolo na minha parede, j� t�o rachada e desgastada por 54 anos de uso intenso. N�o d�i como a minha m�e, claro, mas d�i pra caramba; mais que o suport�vel.

MAR�LIA

Sinto muito pela vida que n�o ter� a jovem cantora. Sinto muito pela dor que sua aus�ncia trar� aos f�s. Sinto muito pela saudade que sentir�o seus parentes e familiares, e tamb�m seus amigos mais pr�ximos e queridos. 

E como sinto muito, meu Deus (olha Ele a�!), pela menino que nem sequer chegou a saber o que � ser filho e ter uma m�e. Putz! Eu tive a melhor m�e que poderia desejar. Pobre dessa criaturinha de dois aninhos, pois n�o ter� a sua.

Pronto. T� a�! Formou-se o v�nculo da tal proximidade, e agora sofro pela morte da mo�a. Em verdade, sofro pela vida da �rf�. Como pai, n�o suporto pensar na dor da minha filha ao, um dia - e espero que muito distante! - me perder.  

Meus sentimentos tamb�m ao caro Rabino Nissim Katri e toda sua fam�lia. N�o t�m sido dias f�ceis para muita gente.

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