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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

COVID-19: minha breve hist�ria diante (e durante) essa maldita pandemia

O novo coronav�rus est� com seus dias contados, e agora conto para voc�s os meus, para que os ajude de alguma forma


04/01/2022 15:09 - atualizado 04/01/2022 16:34

ilustração do globo terrestre de máscara anti-covid e figuras do coronavírus ao redor
(foto: Pixabay)
Em fevereiro de 2020, eu assistia a um jogo da NFL em NY, ao lado de sei l� quantos pingu�os, enchendo a cara de cerveja e a pan�a de asinhas de frango. Na TV, no intervalo, cenas de Londres, Paris, Roma e outras capitais europeias desertas, ap�s o desembarque do maldito novo coronav�rus, descoberto em janeiro, na China, nas ruas daqueles pa�ses.

Incrivelmente, todos assistiam �quelas imagens e continuavam bebendo, rindo e comendo, como se tudo n�o passasse de um filme ruim de fic��o, e n�o da mais pura e assustadora realidade, voando a jato em dire��o aos Estados Unidos da Am�rica. Eu, em particular, olhava ao redor e pensava: isso n�o chegar� aqui. Afinal, s�o os EUA, p�!

De volta ao Brasil, continuei minha profiss�o de f� negacionista. Donald Trump j� havia fechado todas as fronteiras americanas; Nova York congelava seus mortos em caminh�es frigor�ficos nas ruas; a Europa j� n�o conseguia contar as v�timas fatais, e eu ia a anivers�rios e a shows lotados, como se o Brasil ficasse em Marte, e n�o na Terra.

LOCKDOWN


Somente em 13 de mar�o � que fui finalmente nocauteado pela realidade. Alexandre Kalil, prefeito de BH, decretou lockdown; meus neg�cios pararam; minha filha foi colocada em f�rias escolares e minha casa se transformou num abrigo anti-covid, por causa da minha m�e que morava comigo (tinha 80 anos e uma sa�de muito fr�gil).

Dali em diante perdi parte do ju�zo. Entrei em p�nico, chorei, praguejei, lamentei, fantasiei e me tornei o Gandhi em pessoa. Participei de todas as campanhas de ajuda, acolhi quem eu podia e n�o podia, e tratei de planejar e de cuidar de cada detalhe da minha fam�lia e da minha empresa. O importante era sobreviver e manter todos vivos ao meu redor.

Durante meses eu venci a batalha contra o maldito corona. Meu neg�cio continuava de p�; todos os meus estavam seguros e relativamente bem, financeiramente falando; a ci�ncia e a medicina me enchiam de esperan�a, com not�cias alvissareiras; minha filha estava se saindo bem na escola e em suas emo��es. Eu n�o tinha, enfim, do que reclamar.

MINHA M�E


Infelizmente, por um descuido meu - ou do hospital, v� saber -, minha m�e, ap�s tr�s interna��es sucessivas, acabou contraindo a doen�a, que terminou de exaurir o restinho de for�a que lhe restava. Na boa, hoje, acho que devo um ‘obrigado’ ao v�rus. O maldito acabou cumprindo um bom papel e abreviou o sofrimento que estava por vir.

A morte da minha m�e acabou por me fazer ignorar completamente a pandemia, afinal, o que mais eu tinha a perder? Eu pr�prio, e minha esposa, hav�amos ficado doentes e nos recuperamos muito bem. Dali em diante, a partir de 2021, com a chegada das vacinas, tudo seria muito mais f�cil e leve. E de fato, assim o foi. Felizmente.

Livre, leve e solto, com minha filha estudando remotamente e o Brasil sem vacinas, gra�as ao negacionismo deste desgoverno homicida, me mandei para Nova York outra vez, e por l� fiquei at� o final deste ano passado. Compromissos de campe�o - os atleticanos sabem do que estou falando - me fizeram retornar ainda em 2021 (e que seja breve, hehe).

ESPERAN�A


Hoje, um ano ap�s a morte da minha m�e; dois anos ap�s o in�cio da pandemia no mundo; cerca de 20 meses desde o lockdown em BH; triplamente vacinado - rumando para a quarta dose, daqui a dois meses, se recomendado pela Pfizer -, me sinto muito mais forte e confiante para enfrentar essa nova onda, causada pela variante �micron.

Os imunizantes, a despeito dos malditos anti-vacinas, est�o segurando a barra da humanidade. Enquanto explode o n�mero de casos, desaba o n�mero de hospitaliza��es e de mortes dentre os vacinados. Medicamentos via-oral come�am a ser ministrados com algum sucesso, e novas drogas est�o a caminho, ainda mais eficazes.

Acredito, sinceramente, que falta pouco para essa trag�dia terminar. Na minha opini�o, n�o emplaca em 2023. O momento �, portanto, de se cuidar por mais algum tempo e de cuidar de quem amamos - e de quem nem sequer conhecemos. Em nome da vida e em homenagem a quem se foi. A humanidade ir� prevalecer, e somos parte dessa hist�ria.

ENCERRO


Encerro com duas mensagens: uma de otimismo e outra de solidariedade. Sejam fortes e resilientes. Sobretudo, sejam racionais! N�o se desesperem sem motivo, pois o mundo n�o ir� acabar. Ao mesmo tempo, informem-se adequadamente, ou seja, jamais pelo WhatsApp ou a tia da vizinha. Mandem os terraplanistas �s favas. Vacinem-se todos.

Por fim, por mais que a saudade rasgue o cora��o, lembrem-se do tempo em que estiveram ao lado de seus queridos. Sim, eles se foram, � verdade. Mas as lembran�as, n�o. Vivam com elas e tentem ser felizes. Comigo, juro!, tem dado certo. Minha m�e est� comigo todos os dias, em cada pequeno detalhe. Como diria o grande Spock: vida longa e pr�spera! Boa sorte a todos.

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