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Estado de Minas

Duas maiorias muito diferentes emergiram das urnas nestas elei��es

Conquistar o Parlamento brasileiro � uma coisa. Outra, muito diferente, � conquistar uma ampla e clara maioria na sociedade brasileira


21/11/2022 04:00

cvcv
Se Lula quiser apenas repetir o passado vai fracassar. Se ousar e come�ar a construir um pa�s novo e que nunca existiu, vai merecer um lugar na hist�ria (foto: Ahmad Gharabli/AFP)
Todos no Brasil estamos acostumados com Presidentes que se elegem sem maioria no Congresso e gastam a melhor parte de seu capital pol�tico num esfor�o pat�tico para formar uma maioria improvisada, mesmo que sem alma nem convic��es, para assegurar um m�nimo de governabilidade. Nosso sistema eleitoral, em sua ex�tica originalidade, praticamente impede que o voto majorit�rio para presidente da Rep�blica tenha a necess�ria correla��o com a vota��o para a C�mara dos Deputados. Est� a� a principal fonte da corrup��o na pol�tica e da in�pcia de muitos governos.
 
Governos sem maioria n�o governam e, no limite, n�o sobrevivem todo o mandato. Por esta raz�o o primeiro dever de um governante � construir esta maioria. Governantes que n�o a buscam, negligenciam seu dever de governar e passam seu mandato fingindo que governam e reclamando da vida.
 
O presidente Lula ganhou uma elei��o nitidamente plebiscit�ria, mas elegeu pouco mais de 25% dos deputados. Acontece que ele domina muito bem as habilidades necess�rias para conquistar os advers�rios no Congresso, embora no passado isto lhe tenha causado contratempos. Com sua experi�ncia est�, aos poucos, se assegurando de um amplo espectro de apoios na C�mara e no Senado. No reino da pol�tica a paz j� � uma realidade.
 
No reino da vida real as coisas s�o muito diferentes, pois o nosso Parlamento � uma representa��o muito imperfeita da nossa popula��o. Maioria no Congresso n�o � necessariamente maioria na sociedade. Nunca em nossa vida democr�tica uma elei��o presidencial foi vencida por uma margem t�o estreita. Nunca tamb�m em nossa hist�ria uma elei��o presidencial foi marcada por tanta confronta��o e tanto acirramento de �nimos. Parecia uma decis�o existencial e n�o uma rotineira sucess�o eleitoral democr�tica. Nunca antes hav�amos sequer imaginado que num mesmo territ�rio conviviam dois Brasis, t�o separados e t�o irreconcili�veis.
 
Embora apenas tr�s semanas tenham se passado, os fluxos de mensagens nas redes sociais e o �nimo das pessoas na sua vida cotidiana nos advertem que a amargura pol�tica e o inconformismo dos que n�o venceram n�o s�o sentimentos superficiais, destinados a desaparecer a qualquer momento. O esp�rito de confronta��o e at� de desespero est� resistindo at� �s conveni�ncias.
 
� imposs�vel governar um pa�s neste estado de divis�o, pelo menos com os meios da democracia. E nosso pa�s n�o suportar� mais um governo paralisado e sem for�as para realizar mudan�as muito profundos. A falta de crescimento do Brasil, que dura mais de 40 anos, e o alto grau de pobreza da popula��o pedem um governo forte, amparado por amplos consensos e para o qual todos possam torcer. Mais um governo fracassado e focado em agendas irrelevantes e est�reis � tudo o que n�o podemos voltar a ter.
 
Conquistar o Parlamento brasileiro � uma coisa. Outra, muito diferente, � conquistar uma ampla e clara maioria na sociedade brasileira. As moedas que servem para seduzir os pol�ticos n�o tem valor no mundo das pessoas comuns e dos cidad�os. Aqui n�o servem de nada as emendas e os cargos. Aqui � preciso oferecer gestos, atitudes, comportamentos e resultados.
 
O presidente Lula recebeu este desafio do destino: ser um governo de transi��o entre a guerra e a paz. Precisa governar para os seus e para os outros. Se n�o fizer isto n�o governar� para ningu�m, porque o pa�s pode tornar-se um campo de batalha permanente.
 
O povo brasileiro deu ao PT e �s esquerdas uma presen�a muito minorit�ria no Congresso, embora tenha escolhido Lula para presidente. N�o h� contradi��o nisto. O povo confiou a Lula, pelo seu passado e pelo ponto em que est� na vida, o papel de isolar os extremos e reconfigurar um centro pol�tico progressista. Certamente n�o deu a ele um mandato para implantar as pol�ticas e a vis�o do mundo do PT e das vanguardas culturais do pa�s.
 
Se Lula quiser apenas repetir o passado, com seus velhos companheiros, vai fracassar. Se ousar e, como disse um velho professor paulista, come�ar a construir um pa�s novo e que nunca existiu, vai merecer um lugar na hist�ria.

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